Capítulo 15

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Por Alessandro Begot

Eu espero, para o bem de todos, que Emília só tenha ido conversar com aquele cara. Acelero os passos e acabo esbarrando em algumas pessoas que dançam animadamente, uma mulher para na minha frente e me beija tirando o meu foco da Emília. Levanto o olhar e não os vejo mas, afasto grosseiramente a mulher seguindo em direção as escadas, subo e não vejo nada. Droga! Eles sumiram. De repente escuto a junção de gemidos femininos com grunhidos masculinos. O som me leva a uma imagem perturbadora, Emília está virada de costas com o vestido dobrado até a cintura, lábios inchados e sua bunda empinada para um inglês escroto. Alguma coisa maligna tomou conta de mim, vou pra cima daquele homem como se ele fosse o pior dos criminosos.

— O que você pensa que está fazendo, seu merdinha? — Rosno sacudindo-o pelo colarinho da camisa.

— Mas o que você tá fazendo, cara? Me solta! — O sujeito tenta se soltar em vão. Seguro-o com toda a minha raiva.

— Eu vou quebrar a tua cara, pra você aprender a não mexer com a mulher dos outros.

Eu não sei como, mas quando percebi eu já estava agredindo aquele bosta. Emília grita pedindo para eu não fazer isso, contudo, eu não ligo, a adrenalina brinca em minhas veias, sobressaindo os últimos vestígios de sensatez que ainda restam em mim. Sigo esmurrando o sujeito com furor, estou completamente vendado pela ira, a pele dos meus dedos queimam em resposta aos meus ataques, e a cada novo soco que eu executo a sensação se intensifica, me levando a querer mais e mais...
Subitamente sinto uma dor latente se expandindo muito rápido, não demorou muito para eu descobrir a fonte da minha tormenta, Emília tinha chutado o meu saco.

— Puta que pariu, Emília! Tá doida, porra! — Me curvo pressionando um pouco os meus testículos na tentativa cesar a minha agonia.

— Me desculpa... eu tinha de fazer isso. Você não ia parar de bater nele.

— Vamos embora, agora! Em casa a gente conversa. — A raiva que estava sentido daquele sujeito foi toda transferida para Emília. Como ela pode chutar o meu culhão, porra? Dou alguns passos para longe (mancando, aquela merda tava doendo pra caralho) não estou afim de me precipitar com a minha secretária. Olho para trás e vejo Emília me seguindo, a maluca ainda estava com o vestido dobrado, deixando tudo a mostra.

— Não está esquecendo algo?

Ela me olha como se eu fosse um retardado.

— Seu vestido ainda está levantado. — Falo ruidosamente. Estou puto com essa mulher pelo o que ela fez, e não estou falando só do chute.
Chegamos na saída da boate, Renan já estava a nossa espera um tanto impaciente. Ao que parece Larissa não está se sentindo muito bem.

— Cara, se você não se importa eu vou na frente. — Não penso duas vezes e dou a chave de casa para ele. Emília e eu entramos na caminhonete e ficamos em silêncio, aquilo estava me deixando impaciente.

— Você se incomoda se eu fumar?

Ela lança-me um olhar pasmo, como se eu tivesse três olhos.

— Não me olhe assim. Eu não fumo toda hora, só quando estou com raiva ou frustrado.

Pego o isqueiro no porta luvas e acendo o meu cigarro. Dou a primeira tragada... uma onda de alívio me atinge. Encosto a cabeça no banco e dou outra tragada mais longa. Enquanto expulso a fumaça da minha boca eu penso no quão medíocre fora a minha atitude para com a minha secretária. Eu pareci um maldito adolescente enciumado e imaturo, que merda eu estava pensando? Refaço a cena na minha cabeça varias vezes e ainda não conseguira entender as minhas atitudes. Nunca pensei que Emília fosse capaz de tamanha ousadia, talvez eu tenha ficado um pouco impactado com a situação, devo reconhecer a audácia da minha falsa namoradinha, visto que poucas pessoas conseguem essa proeza.
Assim que termino de fumar ligo o carro e dou partida, essa noite está apenas começando. No caminho penso em um jeito sagaz em dar o troco em Emília, ela não pode simplesmente bater na minha propriedade e sair empunhe. Ela tem que pagar...
Chegamos em casa e eu ainda não tinha pensado em nada para fazer com Emília. Adentramos no quarto ainda sem nos comunicar. Fecho a porta em seguida tranco-a. Emília me olha um tanto receosa.

Foi VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora