CAPÍTULO 33- A BATALHA

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PERCY

       Eu estaria mentindo se dissesse que não fiquei feliz ao ver Annabeth. Caraca, eu quase tive um enfarte! Ela estava tão linda. Aqueles olhos cinzentos semelhantes a nuvens de tempestade e seus cabelos loiros presos de qualquer jeito. Dizem que amar é ver beleza nas coisas mais simples, e era por esse motivo que eu achava Annabeth simplesmente perfeita. Se eu não me engano( o que claramente pode estar acontecendo, já que naquela noite aconteceu de tudo naquela câmara subterrânea) eu cheguei a babar com a visão de minha namorada, e eu não estava nem dormindo.

       Mas, voltando ao que interessa, dava para ver na cara de Theodoro que ele estava, no mínimo, surpreso.

- Olá, irmãzinha- Disse Theodoro- Veio se juntar à festa?

- Não festejo com porcos, irmãozinho. Especialmente quando o porco é você- Respondeu Annabeth.

- Assim você me ofende profundamente- Disse Theodoro, fazendo teatro.

- Trágico, não é?- Respondeu Annabeth, erguendo a sobrancelha.

       Talvez eu realmente tenha me perdido nos acontecimentos, porque apenas mais tarde, naquele dia, eu percebi o motivo de a minha invasão com Draco e Harry ter dado errado: Aquela era uma luta de filhos de Atena. De estrategistas natos. Theodoro contava com nossa aproximação por terra, mas não contava com o que a mente de Annabeth pudesse tramar. Não era uma luta de força: Era mais lógica envolvida. Tanta lógica que quase senti saudades de Cronos. Quase.

- Vejo que trouxe o traidor com você- Comentou Theodoro, como que faz uma observação óbvia- Terei o maior prazer em sentir seu sangue escorrer por minhas mãos, Oscar.

- Fazer o que?- Disse Oscar, dando de ombros debochadamente.

      Então Oscar fez algo que até hoje me surpreende. Ele riu e deu língua a Theodoro, que ficou vermelho de raiva. Num movimento rápido, ele alcançou uma flecha e disparou na direção de Oscar, que não se moveu nem vendo a flecha partir diretamente na direção de seu rosto. Eu tinha certeza que já era tarde, mas a bendita flecha parou a centímetros do rosto de Oscar e virou em direção a Theodoro. O mesmo se abaixou e a flecha não o atingiu por pouco.

- Eu não estudei muito nas aulas de ciências, mas teve um assunto que eu sempre me interessei muito- Disse Oscar, monotonamente- As propriedades do ar. Elas são três. Alguém pode me dizer quais são?

      Aquilo era hora para o moleque estar dando uma de professor de ciências do ensino fundamental? Onde ele queria chegar com tudo aquilo?

- Ninguém? Que pena- Respondeu ele, sorrindo largamente- A primeira é a seguinte: O ar tem peso.

       De repente, todos os guardas que estavam perto de mim e dos outros começou a se dobrar, caindo de joelhos no chão. Seus rostos, cheios de agonia. Todos estavam perplexos demais para fazer algo, até mesmo nós.

- Segunda propriedade: o ar pode ser cumprimido.

       Vários outros guardas, sem ser aqueles que ainda agonizavam no chão, começaram a segurar as próprias gargantas, de olhos arregalados.

- Terceira propriedade: O ar pode ser expandido.

        Uma onda de vento vindo de Oscar fez com que vários soldados fossem arremessados contra as paredes, mas passou por nós sem causar dano nenhum. Theodoro parecia completamente fora de si,  percebendo a merda que tinha feito ao ser um filho de uma deusa menor da agricultura com o Oscar, que apenas olhou para ele e deu língua novamente, dessa vez seguido por um "bobão!". Então os soldados ainda conscientes se levantaram, pegaram as armas e nos atacaram. Então se você me perguntar o motivo da batalha nos túneis, a resposta é apenas e somente uma: A língua do Oscar. Literalmente.

       Feitiços ricocheteavam pelas paredes da câmara. Berros altos eram ouvidos. Choque entre armas, flechas sendo atiradas. Em algum momento um fogo brotou ao meu lado e eu mal percebi, já que eu estava completamente envolvido em uma luta corporal com três dos soldados de Theodoro. Sempre que uma das flechas do infeliz partiam para atingir um de nossos amigos, um tipo de escudo de energia aparecia e as despedaçava. Aquela luta era completamente surreal. Em alguns momentos, era Annabeth que estava atrás de mim, lutando com sua adaga, em outras era Harry, lançando feitiços por todos os lados e atacando inimigos. Em certo momento, atéesmo Nico estava por perto, convocando mortos que surgiam do chão.

- Oi, Nico- Falei para ele enquanto desarmava um rapaz loiro e chutava seu peito, fazendo ele se desequilibrar e cair.

- Hey, Percy- Disse ele, empunhando sua espada de ferro estígio.

       Estávamos vencendo a batalha. Katrina e os seus amigos lutavam muito bem. Os amigos de Harry que haviam chegado com Annabeth também. E, apesar de o exército de Theodoro ser grande, ele não era infinito. Nós tínhamos atacado de forma implacável. Theodoro deve ter percebido que a batalha estava perdida, já que o círculo de soldados que se formou em volta dele já estava diminuindo cada vez mais. Já havia algum tempo que mais soldados não brotavam dos túneis, então surgiu uma moça segurando um menino pelo braço. O menino não podia ter mais de três anos. Ela olhou para o pandemônio que estava na câmara, depois para Theodoro, que também olhava para ela, é saiu correndo. Não entendi o que estava acontecendo, mas senti um calafrio na espinha quando vi o garotinho olhando para mim, olhos grandes e negros cheios de medo, antes de a moça puxá-lo novamente e desaparecer.

      Nesse momento eu vi uma fúria surgir nos olhos de Theodoro, quando ele pôs mais uma flecha diferente no arco e disparou. A flecha acelerou e foi se multiplicando cada vez mais, se tornando uma nuvem negra. Indo na direção de Oscar, que estava de costas atacando um soldado com um jato de água. Eu gritei, alguém disparou um escudo na direção de Oscar, mas uma única flecha atravessou. Uma flecha que atravessou o peito dele pelas costas e furou até a frente de sua camisa. Oscar olhou para baixo, de olhos arregalados e caiu de joelhos no chão, com os lábios entre abertos. Annabeth gritou e segurou Oscar no colo, seus olhos cinzentos escurecidos. Corri até ela, mas os últimos soldados me atacaram no caminho. Eu estava com raiva. Muita raiva.

       Então empurrei todos os que estavam na minha frente e cravei a contracorrente no chão de pedra, gritando. Água jorrou do buraco com tanta força que as pedras começaram a cair e se desencaixar. Um buraco se formou no teto, fazendo eu ver o céu da manhã lá em cima, azul-claro e cor-de-rosa.

Mande meus aliados para cima

       Então uma coluna de água se formou ao meu redor, puxando todos enquanto as pedras caíam. Mas eu estava ficando fraco. Nós subíamos, mas não chegaríamos a tempo. Harry estava ao meu lado, gritou algo e lançou um feitiço, fazendo com que todos nós subíssemos até lá em cima como balas, saindo pelo buraco do teto. Então alguém segurou meu pé e eu olhei para baixo. Já ouvi falar que vaso ruim não quebra, mas aquilo já era palhaçada. Theodoro me olhava com fúria e naquele momento, eu olhei para Harry. Eu o atingi com o cabo de minha espada e Harry lançou um feitiço estupurante em seu peito no momento em que emegimos e rolamos pelo asfalto, tossindo e olhando para o céu. Estávamos vivos. Havíamos conseguido, mas, por algum motivo, havia um peso em meu peito. E eu não sabia de onde ele vinha.
    

Bruxos e meio-sangues | A HISTÓRIA QUE NINGUÉM NUNCA CONTOU |(EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora