3. A Novata

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Passei o final de semana fazendo algumas mudanças no meu quarto. Papai disse que qualquer coisa que eu precisasse era pra falar com Anthony que ele me ajudaria. Até que no final das contas o quarto acabou ficando do jeito que eu queria.

Nadia e eu conversávamos todos os dias, quase toda hora praticamente, mas desde quando cheguei não consegui conversar com Ethan direito. Bom, trocamos algumas mensagens de vez em quando, mas não tivemos muito tempo, e nem muito assunto.  Sem contar que nós tínhamos algumas horas de diferença, maldito fuso horário.

Daniel me levou para conhecer vários lugares divertidos, e acabei conhecendo varias pessoas que vão para o mesmo colégio que eu. No final de tudo até que eles não eram tão chatos assim. Eu sempre fui um pouco fechada, nunca soube como me abrir e fazer amizade com as pessoas, mas parece que tem alguma coisa em Califórnia que faz todo mundo se tornar amigos de anos em menos de quarenta minutos de conversa. Pode se dizer que tive o melhor final de semana possível.

Acordo com o sol invadindo meu quarto de uma só vez. Meu pai faz a questão de me acordar para me levar no primeiro dia de aula. Quantos anos eu tenho? 10? Olho para o relógio e já passa das sete.

— Bom dia, querida. — diz papai sentado na minha cama.

— Tem certeza que tenho que começar a ir para a escola hoje? — pergunto — Acho que preciso de mais uma semana para me adaptar direito. 

— Ainda não enjoou de ficar em casa sozinha? Vai ser bom lá, você vai conhecer pessoas novas e fazer novas amizades.

— Já conheci gente o bastante esse final de semana.

Meu pai se levanta, caminha até a porta e me encara como ele fazia quando eu tinha cinco anos e estava tentando enrolar ele para conseguir algo.

— Não vá se atrasar, tenho que estar no escritório às oito. Eu já resolvi tudo, você só precisa levar seu histórico e a transferência para te entregarem sua grade de horários. O envelope está em cima da penteadeira.

Reviro os olhos me dando por vencida, não tem como fazê-lo mudar de ideia. Coloco a primeira roupa que eu vi na frente, não faço questão de me arrumar muito, alias, eu não estou indo para um desfile de moda — como minha mãe sempre dizia. Em menos de dez minutos já estou na cozinha tomando café da manhã.

— Toma, essas são suas. — meu pai se aproxima entregando as chaves para a casa — Carmen vai te buscar depois da escola.

— Sim, senhor. — murmuro.

— E o mais importante de tudo, se comporte. — diz em um tom autoritário.

— Eu estava planejando em dar uma festa no momento em que vocês saíssem. — brinco.


A escola parece ser bem longe de Greenville, ou será que Greenville que é longe de tudo? Não sei, mas demoramos quase vinte minutos para chegar lá. O transito estava péssimo, logo pela manha já tinha engarrafamento — leve isso de uma garota que morava em Nova Iorque. No meio do caminho meu pai passou no apartamento de Carmen para buscar Daniel, parece que ele está mais animado do que eu.

— Todos já estão falando de você na escola. — diz Daniel super animado.

— Como você sabe? — pergunto.

— Cidade pequena. Não é todo dia que alguém de Nova Iorque se muda para Greenville, né? Você será o assunto do momento, com certeza.

— Era só o que me faltava.

Chegamos à escola e foi como se uma celebridade tivesse acabado de descer do carro. Pela sua reação, Daniel está aproveitando isso bem mais do que eu. Ele me explica como chego na diretoria, a escola é bem pequena então não tinha erro algum.

Não ouse me amar | lésbico Onde histórias criam vida. Descubra agora