23. Papo de adulto

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Depois de alguns dias comecei a me questionar se Nadia tinha vindo para Califórnia pra me ver. Ela e Anthony não se desgrudaram nem por um segundo. E eu a conhecia muito bem para saber que ela está muito interessada nele, mas não fazia a menor ideia que o interesse era mútuo. É até engraçado ver os dois tão juntos assim dessa maneira, mas eu não comento nada, estou esperando o momento certo para ela me contar tudo o que estava acontecendo entre eles. Tirando esse grande detalhe, Nadia está amando Greenville, ainda mais porque Daniel se dispôs a mostrar cada canto da cidade para ela. Eles ficaram o dia inteiro entrando e saindo das lojas de sapatos do Shopping, nunca entendi essa obsessão que Nadia tem por sapatos, digo, você só tem dois pés, quantos sapatos você precisa comprar? Não estou com cabeça nenhuma para isto, não agora. A única coisa que eu consigo pensar é em conversar com meu pai e tentar fazê-lo desistir de demolir o colégio.

Meu pai chega na semana seguinte, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele já foi entrando com um sorriso irritantemente enorme no rosto. Tento conversar com ele, mas ele diz que não tinha tempo agora, como sempre. Já estou de saco cheio disso, ele não pode continuar com essa ideia maluca. Acho que no fundo ele até sabe o que eu quero falar, porque ele me evita a todo custo.

Eu estava em um sono tão profundo que assusto quando Anthony chega no meu quarto gritando e abrindo as cortinas. O sol invade tudo tão rápido que fico cega por cerca de dez segundos, ele pula na cama me dando bom dia e me apertando muito, como se ele fosse o homem mais feliz do mundo. Eu estou metade dormindo e não faço a menor ideia do porquê dele estar tão feliz assim.

— Tony? O que aconteceu? — pergunto um pouco sonolenta.

— Eu disse pra você não se preocupar, que tudo ficaria bem!

— O que?

— Eu estava certo, Kali. A mãe sai da clínica até o fim do mês, eu te disse que eu estava tomando conta de tudo.

— Você está falando sério? — pergunto incrédula.

— Sim, recebi um e-mail da clínica agora pouco. Eles disseram que ela vai ser liberada, mas ainda vai ter que ir lá pelo menos uma vez por semana. No grupo dos AA.

Eu mal posso acreditar no que tinha acabado de ouvir. Meu coração está acelerado e eu quero gritar de tanta alegria. Anthony me abraça novamente, só que dessa vez mais apertado do que antes. Essa é provavelmente a melhor notícia do mundo. Anthony disse que Ethan havia ligado hoje mais cedo dizendo que precisava conversar comigo e que tinha perdido o celular, mas meu irmão não se lembrou de pedir um número que eu pudesse falar com Ethan, então o jeito era esperar até que ele ligue outra vez. Droga!

Na hora do almoço todos estão na mesa, até mesmo Chase e papai, o que é uma surpresa pra mim. Já faz bastante tempo que não ficamos todos reunidos. Papai está agindo com a maior naturalidade do mundo, aquilo me irrita tanto, mas trato de me acalmar um pouco, pois ele prometeu que depois do almoço poderíamos conversar. Carmen não para de falar dos preparativos do casamento nem por um segundo sequer, e pra ajudar, Nádia está entrando na ideia dela. Daniel está adotando essa ideia da Nadia passar umas semanas aqui em casa, mas pra falar a verdade eu não estou gostando nem um pouco, ele me deixou totalmente de lado depois que ela chegou. Ciúmes? Talvez, mas é verdade.

Depois do almoço peço para que Daniel ligasse pra Leona e a chamasse pra vir pra cá, enquanto eu conversava com papai, que me avisa que vai estar me esperando no escritório, e que o assunto era sério. Quando chego ele está sentado mexendo em alguns papéis e mal me olha, só pede para que eu encoste a porta. Me sento na poltrona de frente pra ele, papai pega um envelope e me entrega.

— O que é isso? — pergunto abrindo o envelope.

— É um folheto de cada escola particular que tem aqui por perto, quero que você escolha a melhor para você e Daniel também. — responde mexendo nos papéis.

Não ouse me amar | lésbico Onde histórias criam vida. Descubra agora