Acabo passando a noite no quarto do Tony. Ele passou a noite inteira tentando encontrar uma passagem pra Nova Iorque e no fim das contas deu tudo certo. Meu irmão saiu no Domingo a noite e disse que assim que chegasse no hospital me ligaria para dar noticias dela. Meu pai tentou conversar comigo, mas eu ainda estava com muita raiva para escuta-lo. Eu mal consegui dormir de preocupação e no outro dia teria que acordar bem cedo para ir pra escola.Droga! Escola. Eu não estou nem um pouco afim de enfrentar aquele monte de gente. Demora um tempo mas acabo dormindo e acordo bem antes do despertador. Desço para tomar o café da manhã e Chase já está sentado na mesa, lendo jornal com um copo de café à sua frente. Eu não digo uma palavra sequer. Pego meu leite e cereal, sento na mesa e começo a comer. Chase me encara por cima do jornal, mas prefere permanecer em silêncio. Agradeço mentalmente por isso. Subo para arrumar minhas coisas, logo escuto alguém batendo na porta do meu quarto, antes que eu pudesse mandar entrar pude ver Chase parado me olhando.
— Incomodo? — pergunta.
— Não. — respondo sem dar muita atenção.
— O pai teve que ir para o escritório mais cedo hoje. Eu vou te levar pra escola.
Faço uma pausa, respiro fundo e continuo arrumando minhas coisas, calada. Chase havia mudado tanto depois que saiu de Nova Iorque. Ele estava se tornando uma copia barata de Paul Holt, e não tem nada que eu odeie mais do que isso.
— Não precisa se preocupar. Eu vou andando. — falo por fim.
— Fala sério, de carro é bem mais rápido.
Eu o encaro séria. Como ele pode agir como se nada estivesse acontecendo? Como se ele nem se importasse com nossa mãe depois de tudo que ela fez para nos criar.
— Eu me viro, Chase! — respondo com a voz firme — Tenho me virado muito bem sozinha já faz tempo.
Ele sabe muito bem do que eu estou falando.
— Você sabe que nosso pai está fazendo o melhor para você, não é? — pergunta se aproximando.
— Fazendo o melhor para mim? Chase ela é minha mãe. Nossa mãe, caso você tem esquecido. — me viro irritada.
— Você não pode fazer nada pra ajuda-la, Kali. Ela não precisa da sua preocupação, ela precisa de dinheiro para sair daquele puto vicio que ela mesmo se enfiou, e isso o papai já está providenciando, mandando o melhor medico de Nova Iorque pra cuidar dela. Então que tal você parar de ser ingrata e o agradecer um pouco?
Eu não estou acreditando que Chase está realmente dizendo todas essas coisas para mim. Paro de arrumar minha mochila, me aproximo dele e antes que eu possa me conter, viro um tapa bem forte no rosto do Chase.
— Nunca mais abra a sua boca pra falar dela dessa maneira. — grito apontando o dedo pra ele — Tanto você quanto o nosso pai não estão ajudando ela porque ela é importante, porque é nossa mãe. Estão ajudando porque você tem pena dela, e papai a consciência pesada. Ele sabe muito bem que ela só está assim por causa dele. Você não estava lá pra escuta-la depois de quase uma garrafa de uísque. Não sabe o tanto que ela sofreu depois de tudo, Chase! Você estava muito vindo seguir os passos do nosso pai. Não tem ideia do quanto ela sofreu quando viu que não poderia oferecer pra você metade do que nosso pai te deu. Então que tal você parar de ser ingrato e a agradecer um pouco mostrando que realmente se importa, pois ela deu a vida praticamente só pra nós estarmos sentados nessa puta cama de luxo enquanto ela está trancada em uma clinica de reabilitação.
Alguém precisava dar um tapa de realidade no Chase e esse alguém foi eu. Me lembro bem de como mamãe sofreu depois que Chase e Anthony vieram morar com meu pai. Ela sabia que uma hora ou outra papai voltaria pra me buscar também, e só a hipótese de viver sozinha a matava. Junto minhas coisas enquanto Chase continua parado com a cabeça baixa.
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Não ouse me amar | lésbico
RomanceVolume I da Trilogia Não Ouse me Amar: Após a separação dos pais e seu pai alegando que sua mãe não tinha capacidade de manter uma casa, Kali se vê obrigada a se mudar para o sul da Califórnia. Deixando para trás seu namorado e todos os antigos amig...