20. Ciumes

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Entro no quarto quase quebrando tudo que está em minha volta. A raiva me domina completamente. Só de lembrar aquela cena ridícula que eu presenciei, me dá enjoo. O que essa garota está fazendo aqui? Por que logo hoje depois de tudo que aconteceu? Coloco o travesseiro no meu rosto tentando abafar meus gritos e minha vontade de voltar lá fora e socar a Olivia. Escuto o barulho da porta abrindo e quando olhei para o lado lá está Leona, parada e me olhando com a cara de cachorro que caiu da mudança.

— O que você quer? — pergunto impaciente.

— Kali, eu não sabia que ela viria pra cá, eu juro. — Leona senta na minha cama e me olha — Eu não quero que você fique assim por causa dela.

— Você quer que eu fique como? Olha como ela estava quando te viu Leona, ela não está dando a mínima pra ninguém, só quer saber de você.

— Eu estou com você! — diz levantando minha cabeça — Eu só tenho que terminar tudo com ela, e explicar, pois eu acho que ela merece saber a verdade. Eu odeio mentiras.

Respiro fundo e viro o rosto para o lado outra vez.

— Ei, não fica assim, por favor. — pede.

— Quando aquela garota te beijou minha única vontade era de mata-la.

Leona franze a sobrancelha e começa a rir. Do que essa idiota está rindo agora? Eu não disse nada engraçado.

— Você está com ciúmes. — fala ainda rindo.

— Ciúmes? Eu? Claro que não. — desdenho.

— Kali! — diz segurando a risada.

— Só não vejo precisão dessa garota estar aqui e nem perto de você.

— Eu estou com você!

— Ótimo! — digo brava.

Ela não para de rir. Eu não estou achando nada engraçado, é horrível me sentir assim. Leona me abraça depositando vários beijos no meu pescoço. Eu a aperto bem forte nos meu braço, e só agora entendo porque Daniel tanto falava eu estava realmente gostando da Leona, pois bem lá no fundo eu estava tentando esconder isso, eu só não queria admitir. Ela deita na cama e eu descanso minha cabeça em seu ombro. Leona leva sua mão até meu rosto e acaricia lentamente minha bochecha com seu polegar. Ergo meus olhos para admirar seus lindos olhos cinza. Passo meu polegar gentilmente pelo seu queixo, ela acaba deixando um sorriso escapar. Eu queria ficar ali, só eu e ela.

Aproximo meus lábios dos dela e inicio um beijo bem lento. Meus batimentos começam a acelerar e por mais calma que eu estivesse, é como se tivesse acendido uma fogueira dentro de mim. Por que ela me causa tudo isso? A porta se abre e Megan entra nos interrompendo. Reviro os olhos enquanto Leona cai na gargalhada.

— Ai, eu não sabia que vocês duas estavam aqui. — diz Megan, constrangida.

— Mesmo se soubesse você entraria né Megan? — pergunto ironicamente.

— Não tem problema. — responde Leona rindo e se levantando.

— Me desculpem, mesmo. — Megan insiste.

— Esquece isso. Sabe se meu pai saiu da reunião?

— Acho que sim, se eu não me engano eu o vi conversando com alguém na ala dos meninos.

— Preciso falar com ele, até depois meninas.

Leona sai do quarto e Megan se desculpa mais uma vez enquanto caminha até o banheiro. Ajeito minha cama e já está dando quase cinco horas da tarde, eu estou morta de fome. Vou em direção da cafeteria e o único que estava sentado lá é o Liam. Ele está fumando cigarro. Vou até a mesa de frutas pego uma maça para mim, quando olho pra trás percebo que ele esta se aproximando.

— Ei, Kali. Será que posso falar com você?

Olho para os lados e não tem ninguém aqui, não tinha como fugir dessa vez. É só eu e ele.

— Claro. O que está pegando? — pergunto dando uma mordida na minha maça.

— Sei que já passou muito tempo desde o incidente que aconteceu na festa da fazenda, mas mesmo assim eu queria falar com você sobre isso. Queria pedir desculpa pra falar a verdade.

— Esquece, já passou. — forço um sorriso.

— Não tem como esquecer, eu não era eu mesmo naquele dia, acho que por causa da mistura de bebidas e outra coisas. Eu só não queria que você pensasse que sou esse tipo de garoto que se aproveita de meninas bêbadas. Eu sei que não é não.

Eu não quero admitir, mas parecia que ele está sendo sincero.

— Obrigada por se desculpar.

— Você parece ser uma garota legal, e eu não quero que fique esse clima estranho entre a gente, e além do mais, a Leona parece gostar muito de você. — diz se encostando na parede.

— Vocês são muito amigos, não é mesmo?

— Sim, ela é irada, louca como nunca. Ficamos amigos depois que eu descobri que ela gostava de desenhar.

— Uma desenhista, interessante.

Eu deveria anotar isso no meu caderninho de fatos que eu não sei sobre a Leona.

— E também ama grafitar. — completa ele — Foi isso que estávamos fazendo lá na cachoeira hoje mais cedo.

— Isso é vandalismo!

Não acredito nisso!

— Não se ninguém descobrir que foi a gente. — ele ri — De qualquer maneira, vou deixa-la comer em paz. A gente se vê por ai.

— Claro, eu não pretendo ir a lugar nenhum. — respondo com um ar de sarcasmo.

Era só o que me faltava, a Leona estar metida nessas coisas. Eu já estou chegando no quarto quando Daniel aparece correndo para o meu lado como se tivesse a maior fofoca do mundo para me contar.

— Você não vai acreditar no que acabei de ficar sabendo. — diz Daniel, me puxando de volta pra cafeteria.

— Qual a fofoca da vez?

— Acho que vão fechar o colégio ou vão suspender as aulas até que decidam o que vai acontecer.

Fico olhando para Daniel esperando que ele fale que isso é só zoação, mas ele não disse nada.

— Você está brincando, né? — pergunto séria.

— Nunca falei tão sério na minha vida. Parece que o pai da Leona está falindo e ele vender a escola é a única maneira de cobrir os custos, ele pode até tentar alguns investimentos, mas é bem arriscado.

— Isso é péssimo, Dani.

— Você nem imagina o quanto.

— A Leona deve estar péssima com isso. — digo sentando na mesa.

— Você não faz ideia, não é mesmo? — pergunta Daniel, me encarando.

— Do que você está falando?

Ele balança a cabeça negativamente e senta como se estivesse prestes a dar a pior noticia do mundo.

— É a empresa do Paul que quer demolir a escola, foi praticamente uma ordem judicial que ele conseguiu. — conta colocando as mãos nas minhas costas. — E pra piorar, ele tem o apoio do prefeito.

— A empresa do meu pai? — pergunto incrédula.

— Você não sabia que ele é sócio de uma das maiores corretoras de imóveis de Greenville?

— Claro que não!

Levanto andando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Meu pai não pode simplesmente destruir uma escola assim, sem mais nem menos. Ainda mais a nossa escola, onde que nós vamos estudar agora?

— Temos que fazer alguma coisa sobre isso, Dani. — digo.

— Não há nada que possamos fazer, Kali, é ordem do governo.

— Não vou ficar sentada vendo meu pai fazer isso com o diretor Marinn sem fazer nada. Escuta o que eu estou te dizendo, eu não vou descansar enquanto ele não desistir dessa ideia maluca de demolir o colégio.

Não ouse me amar | lésbico Onde histórias criam vida. Descubra agora