Capítulo 2

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Há oito anos...

A claridade começava incomodar os olhos claros de Arthur. Passou suas mãos por eles, jogando a coberta de lado. O que realmente incomodava era a ressaca do que o simples fato que o sol brilhava lá fora.

— Não tem como desligar isso!

Arthur resmungou alto arrastando-se para tomar o café mal feito pelo seu colega Christian com quem dividia o apartamento.

— Vou enviar uma petição a São Pedro e pedir para que desligue a luz do Sol por algumas horas até que você melhorar. – diz o amigo rindo.

— Idiota! – Arthur dá aquele sorriso forçado e um gole no café – Credo que troço horroroso! – diz jogando tudo fora na pia.

— Não reclama do meu café! Tomou tudo que foi coisa e depois fica ai reclamando do meu café! – Christian faz cara de ofendido.

— Cara, o teu café nunca foi bom e não é pelo que tomei na noite anterior que ia fazer com que isso mude. – Arthur vai até a geladeira e pegando o galão de leite.

— Mudando de assunto. Se deu bem seu safado! Que moça linda! – Arthur olhou para o colega desconfiado – E aí, conta?

— Contar o que? Não tenho nada para contar.

— Claro que têm! O que aconteceu depois que fui embora?

— Não aconteceu nada. – Arthur desconversa.

— Tá brincando? Ela estava praticamente se atirando em cima de você. Não acredito que nada aconteceu. – Chris cruzou dos braços e encarando Arthur.

Arthur ficou com o semblante mais sério que o usual e lembrando da noite anterior. Normalmente era o primeiro a comentar sobre as suas conquistas, porém sobre essa não se sentiu confortável em falar. Havia sido diferente, não sabia direito ainda como, mas falar daquela garota como Chris queria era algo que não estava disposto a fazer. Pelo menos não naquele momento.

— Sério Arthur, que você não vai falar nada? – Chris ainda insistia para um irredutível Arthur.

— O que você quer saber? Se eu e ela ficamos? Sim ficamos assim que você saiu ao encontro da Lizzie.

— E pelo jeito você não gostou senão estaria mais empolgado. – Chris levantou colocando as louças que sujou ao tomar seu café da manhã.

— Eu gostei... É que bebi demais não estou bem para esse tipo de conversa... – Arthur não consegue terminar de tomar o seu cereal levanta e vai até o banheiro tomar banho, sentia que uma dor de cabeça o acompanharia pelo resto daquele dia.

— Ela faz faculdade na mesma universidade que nós, não é? – Chris seguiu com o interrogatório.

— Faz! – Arthur grita de dentro do chuveiro.

— Acho que já a vi antes... – Chris se aproxima parando na entrada do único banheiro do apartamento –, ela anda com aquele pessoal esquisito que fazem artes ou coisas do tipo.

— Ela anda com eles porque estuda artes plásticas.

— Então ontem você conheceu uma "artista". Agora entendo a sua animação.

— Não entendi o que você quer insinuar. - seguia com seu ritual embaixo do chuveiro com cara de sério tentando entender o que o amigo queria dizer. 

— Esse povo se acha superior e tal... Deve ter sido um saco conversar com ela tentando ser inteligente o tempo todo.

— Legal! Agora eu sou um completo ignorante.

— Não foi isso que quis dizer

— Ela não é assim, pelo menos não foi ontem. Não ficou falando de artes e tal; ela gosta de futebol e joga sinuca melhor que nos dois juntos. Bebe bastante também, na verdade é bastante divertida.

Algo que Arthur não podia dizer era que não havia se divertido na noite anterior, o que aconteceu fora justamente o contrario. Ana era totalmente diferente das garotas que ele costumava ficar, pelo menos não viu um traço de futilidade nela naquele momento.

— Tive essa mesma impressão antes de ir embora.

— E como foi com a Lizzie?

— Sabe como é... – Chris faz uma pausa se olha no espelho embaçado – Tenho que aprender a lhe dizer não.

— Ah tá! – Arthur sorria para ele mesmo terminando de lavar seus cabelos – Ela te domina.

— Ela é louca isso sim. Não desejo uma mulher como aquela para ninguém... Bom estou indo nessa até mais tarde.

— Até!

Arthur terminou seu banho olhando para o espelho. Em seu pensamento algo que sua mãe falaria: "preciso cortar esse cabelo e fazer essa barba" e então lembrou - se do que Ana falou sobre a sua barba: "ela é tão macia não dá vontade de parar de passar a mão" e o que aconteceu logo em seguida transformaria aquela noite perfeita. Arthur receberia o primeiro contato dos lábios cor de cereja daquela moça enigmática.

xXx

Em outro ponto da cidade, nos alojamentos da universidade as amigas estavam tendo conversa similar a dos meninos.

— Ana você não existe! – Camila colega de quarto de Ana se divertia com ela lembrando-se da noite anterior.

— Que isso! Não fiz nada. – Ana trazia um sorriso de orelha a orelha.

— Não fez nada? Não minta para mim, onde vocês foram depois de saírem do bar?

— Ele me trouxe até aqui e foi embora. – Ana deu de ombros.

— Mentirosa de mão cheia é isso que você é.

— Como você saberia? Não dormiu aqui. Saiu com Eric e só voltou agora. Já falei para você se afastar dele. - lançando seu famoso olhar de censura que Camila estava mais do que acostumada. 

— Eu tento mais não consigo ficar longe daqueles olhos cor de mel que o filho da puta tem! – Camila suspirou se jogando na cama recordando da noite anterior – Falando em olhos... Que lindos o do seu!

— Hum! Tá de olho nos olhos dele? – Ana também deita ao lado da amiga e fechando os olhos para poder visualizar os deles novamente em sua memória.

— Não se preocupe. Eu gosto de homens altos e o seu é... digamos que daria para fazer figuração nos filmes do Peter Jackson como Hobbit ! Como usaria meus saltos altos com ele? Não daria liga.

— Engraçado. - Ana ficou pensativa - Foi uma das coisas que gostei nele: o tamanho compacto! – Ana faz um gesto com as mãos como se a fechasse. Ambas caíram na gargalhada.

— Só você mesmo para fazer graça. Vai conta; tudo nele é assim "compacto"?

— Isso jamais saberá! Há um limite para tudo!

Ana levantou da cama pegando uma troca de roupa, sua toalha e foi até vestiário tomar banho lançando uma piscadela para a amiga que ainda ria sobre a conversa que tiveram. Eram amigas de longa data e dessa forma se conheciam apenas com uma simples troca de olhar e o de Ana dizia tudo que Camila já sabia. Porém Ana ainda teria um longo caminho para entender o que significava.




Ele sabia amar, ela tinha de aprender [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora