Os passos que eram dados vinham com o peso da culpa. A cabeça latejava por dois motivos: à ressaca física e a ressaca moral e essa segunda era que mais doía. Ana encarava aquele prédio de três andares antigo. Um momento propício se apresentou quando um dos moradores deixou o local, e com a porta ainda entre aberta a garota permitiu que seu corpo completasse o seu destino. Apenas uma batida ecoaria.
— Um momento. — Arthur pediu.
— Arthur? Sou eu, Ana.
— Ana! — respondeu com cara de surpresa ao abrir a porta.
— Você é um idiota! — Ana esbraveja — Volta e não me liga! Não me dá notícias!
— Sim. Sou um idiota. —Arthur confirma sem jeito.
— Ainda bem que sabe! — eles ficariam se olhando por um tempo — Não vai me convidar para entrar? — Ana quebrou o silêncio.
Arthur em uma reação inesperada puxou Ana e a abraçou apertado. Esperou muito tempo para fazer aquilo e agora praticamente a sufocava. Apenas ao escutar um gemido Arthur libertou a garota.
— Quer me matar sufocada?
— Desculpa... Deus! — Arthur olhava para Ana completamente sem jeito.
— Tudo bem. Estou brincando. Nossa! Aqui é muito legal. — Ana olhava com atenção o apartamento. — Arthur tem como me dar com copo d'água?
— Claro que tem, desculpa. — Arthur correu em direção à cozinha pegar a água e quando retorna pegou Ana olhando suas anotações.
— Isso aqui está em japonês para mim! — Ana pegou o copo de suas mãos e toma um comprimido.
— Está se sentindo mal?
— Dor de cabeça. Daquela bem forte! Bebi além do aceitável ontem.
— Por que não senta um pouco...
— Onde é o banheiro? — Ana ficou agitada nesse momento.
— É a primeira porta a direita...
Antes que Arthur terminasse de indicar o caminho Ana passou por ele correndo igual a um furacão. O vomito estava incontrolável. Arthur correu atrás dela e tentou ajudar segurando os seus cabelos.
— Que vergonha. – Ana evitava olhar para o rapaz.
— Não precisa ficar. Lave o seu rosto, vamos ter que trocar a sua camiseta... Espera um pouco. — Arthur a deixou sozinha no banheiro e correu para seu quarto.
— Mas que droga! – Ana resmungou olhando no espelho — Isso que dá beber demais e agir igual a uma louca! Ana o que você fez ontem? — Ana para de falar consigo quando Arthur retorna com uma camiseta na mão.
— Toma, troca por essa. Vai ficar grande em você, mas pelo menos está limpa. Vou fazer um chá que vai te ajudar.
— Obrigada.
Arthur apenas a olhou de novo e foi até a cozinha lhe preparar um chá, alguns minutos depois Ana se juntou a ele com a camiseta trocada e ainda um pouco constrangida pela cena que acabara de fazer.
— Aposto que não comeu nada ontem?
— Isso mesmo. — Ana forçava um sorriso.
— Toma isso aqui vai ajudar. — Arthur lhe estende a xícara — Cuidado! Está muito quente.
— Obrigada. — Ana assoprou e quando percebeu que era seguro tomou um gole — Até que não é ruim.
— Bom não é, mas dá para beber. O único problema é que ele dá sono.
O silêncio entre eles durou até o último gole de Ana. Um observava o outro com cautela. Queriam adivinhar seus pensamentos. Ana sorriu e assim o silêncio acaba sendo rompido.
— O que foi? — Arthur ficou intrigado com aquele sorriso.
— Isso é organizado demais.
— Ah! Sim, é. — Arthur sorri de volta.
— Obra sua?
— O que?
— É você que mantem tudo assim?
— Digamos que Chris dá uma ajudinha.
— Você deve ser muito chato!
— Completamente.
— Não acho que seja chato, apenas um idiota. — Ana arrastou a cadeira e chegou perto dele — Porque não ligou quando chegou?
— Achei que não queria mais me ver depois que não respondeu minhas mensagens.
— Também pensei que não queria. — Ana acariciou sua barba — Estava com saudades de fazer isso.
— Eu do seu sorriso. Sabe não esse que me deu agora, aquele outro.
— Te daria um agora, mas soaria falso.
— Então não dê, não mereço.
— Não diga isso! — "quem não merece sou eu!" isso martelava na cabeça dela — Como seu pai está?
— Está bem. A recuperação foi boa. Mas se não tivesse ficado por lá elas não teriam dado conta.
"Não mereço mesmo. Ele cuidando do pai e eu preocupada em ser deixada de lado, quem é o idiota aqui?" — Ana queria gritar pela raiva que sentia. Nesse momento as lembranças da noite anterior vieram nítidas e novamente sentiu seu estômago embrulhar.
— Está passando mal novamente?
— É consciência pesada, Arthur. Acho que vou embora — Ana levantou rápido, ficando zonza com o gesto. Se não fosse Arthur amparar teria caído ao chão.
— Está muito mal para ir embora, vem se apoie em mim, descansa um pouco.
— Não precisa.
— Não vou deixar você sair daqui assim. — Arthur a levaria até seu quarto fazendo com que deitasse em sua cama. — Durma um pouco e assim que tiver melhor eu te levo.
— Não quero te dar trabalho.
— Vai me dar se for teimosa e sair daqui passando mal.
— Tudo bem. Vou obedecer! — Ana tenta fazer graça, mas Arthur ainda a olhava com preocupação e curiosidade.
O que ela estaria fazendo ali? Por que havia bebido demais e porque estava com a consciência pesada? Porém ao mesmo tempo via ali em sua frente toda a sua fragilidade, apenas queria lhe dar conforto e era o que estava tentando fazer.
— Vou fechas as cortinas e encostar a porta qualquer coisa me grita.
— Obrigada.
— De nada.
Arthur deixou Ana envolta em seus pensamentos. A garota ficou ali naquele quarto impregnado com o seu cheiro. O conforto que precisava alcançou abraçando apertado o travesseiro em que Arthur repousava todas as noites. Sentia-se culpada de algo que não deveria. Não eram namorados então porque o fato de ter dormido com o professor a estava consumindo. O que Ana não entendia e nem poderia era que estava apaixonada pelo rapaz que velava o seu sonho naquele momento.
xXx
Como prometido mais um capítulo para essa semana. Sexta tem outro! Pelo que notamos Ana sabe a grande m*** que fez e agora como consertar? Me aguardem! Beijos!!!
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Ele sabia amar, ela tinha de aprender [Completo]
Genel KurguUm pedido feito e uma promessa a ser realizada. Se ainda houvesse amor, o rapaz a esperaria na estação de trem. Lá estava ele, agora só faltava descobrir se o amor que sentiam resistiu ao tempo. PLÁGIO É CRIME! OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL...