O dia mais longo! Parte 3

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Meus olhos estavam agora embaçados pelas lágrimas que caiam abundantes, me impedindo de visualizar melhor a cena a minha frente, meu coração batia louco e dolorosamente, e a agonia em todo o meu ser era apenas um singelo reflexo do que eu sentia. Minhas mãos tremiam incontrolavelmente, e parecia que respirar era uma tarefa difícil, que só piorou quando senti o gosto da bile subir em minha garganta.

Sakura foi a primeira a notar minha presença, e seu rosto corado deu lugar a um de desespero, e mesmo a distância que estávamos eu podia ver uma pontada de pena em seus olhos, e aquilo me quebrou ainda mais.

Depois disso não consegui segurar a ânsia e me virei para o lado colocando todo o conteúdo de meus estomago para fora. A agonia que antes sentia pareceu se tornar desespero, e eu coloquei a mão em cima do estomago apertando firmemente a roupa ali, enquanto que com a outra eu apertava a cadeira.

-O que minha esposa faz aqui? -sua voz parecia calma, mas eu já o conhecia bem o suficiente para reconhecer o leve tom de irritação nesta.

-O Hokage-sama me mandou trazê-la até você Uchiha-san. -não voltei meus olhos para ele, eu não queria vê-lo, na verdade minha única vontade era a de sair dali.

-Entendo, obrigada. -ele disse firme, e o ninja que me levara até aquele local não disse nada e apenas sumiu me deixando na pior situação em que já estive em minha vida.

Eu queria chorar como se não houvesse amanhã, gritar com ele, bater-lhe, dizer mil e um desaforos, contudo a cena não parava de passar em minha mente como um filme, o abraço, a forma como ele a olhou e agiu. Um estalo, e todos os meus pensamentos foram redirecionados para o culpado certo, eu. Eu era a intrusa ali.

Respirei fundo tentando retomar o controle do meu corpo e me acalmar, e quando senti minhas mãos menos tremulas, passei as costas da esquerda em meus lábios limpando ali, e quando ele e Sakura tentaram se aproximar eu estendi a mão direita aberta, como que os pedindo para parar.

-Estou bem! Me desculpem por isso, eu não estou acostumada com o cheiro dos corpos. -me surpreendi com o quão firme minha voz saiu, então limpei o meu rosto. -Itachi-san, eu preciso ir para o arquivo. Há alguns documentos que preciso confirmar lá, algo está me intrigando.

-Uchiha-hime. -olhei nos olhos dela a estendendo um sorriso tranquilizador, e nem mesmo quando novamente vi a pena em seus olhos vacilei com o sorriso.

-Não se preocupe Sakura-san, eu estou bem. -Itachi se aproximou novamente, agora parando em minha frente, e se inclinou como se para me pegar no colo, então mais rápido de que eu pensei conseguir um dia, girei as rodas da cadeira para trás e a manobrei a virando ficando de costas para ele. -Boa noite Sakura-san.

Empurrei a cadeira saindo de perto deles sem esperar uma resposta ou olhar para trás, mas as pedras e escombros tornaram minha tarefa mais difícil do que eu esperava. Senti a cadeira ser empurrada e soube que Itachi estava ali, então apenas retirei minhas mãos das rodas, e as coloquei entrelaçadas em cima das minhas cochas e o deixei conduzir.

Eu sentia tanta raiva de mim por tudo aquilo, e quando as lágrimas começaram a cair novamente por meu rosto eu as limpei rudemente me sentindo uma completa idiota. Porque eu tinha de ser tão fraca, tão completamente imbecil? Minha vontade agora era de me socar por tudo aquilo, por me iludir e me enganar daquela forma. Pois eu sempre soube que havia algo a mais com sua decisão de se casar comigo, e Itachi nunca mentiu dizendo que me amava ou que gostava de mim, e todo esse tempo apenas me tratou como sua esposa, cumprindo o papel que me prometeu, só e apenas isso, eu que me acomodei com isso e criei uma vida perfeita. "A pior mentira é aquela que contamos para nós mesmo!" Nunca um ditado fez tanto sentido para mim como esse fazia agora.

Itachi, watashi wa daisuki desu!Onde histórias criam vida. Descubra agora