Meu pai, um cavaleiro?!

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Aquelas foram as últimas palavras que eu consegui escutar.

Quando abri meus olhos vi um teto branco, estranhei o local, me virei na cama e esse esforço me fez soltar um gritinho de dor, meu peito e minhas pernas doíam, e foi assim que as lembranças do que tinha ocorrido me vieram à mente, bem como as lágrimas em meus olhos.

–Vejo que enfim acordou Srta. Lopes, não deveria se mexer tanto, por mais que eu tenha evitado que você caísse no chão, o choque de seu corpo contra o meu naquela velocidade lhe causou alguns hematomas. –Disse-me um lindo rapaz de olhos verdes límpidos, sua voz era simplesmente única, meio que melodiosa, nunca tinha escutado nada assim. Ele que estava sentado no sofá ao lado da cama, se levantou e veio em minha direção.

–Eu estou no céu? –foi tudo o que consegui pronunciar vendo tamanha beleza, pois além dos belos olhos verdes, seus cabelos castanhos encaracolados até o ombro contrastavam com sua pela branca, e seu corpo magro mais musculoso era escondido por uma calça preta e uma blusa regata verde.

Ele me sorriu, me mostrando seus lindos dentes brancos e colocando a mão em minha testa, me arrepiei toda ao toque.

–Não, infelizmente não é o céu, você ainda está na terra, especificamente em meu simples quarto. –disse me ele ainda sorrido.

Viro meu rosto, dando graças aos céus por ser morena e ele não poderia ver através da minha pele o quão envergonhada eu estava naquele momento. E só nesse momento me dei conta de que ele havia me chamado pelo nome, e espera, ele disse que me pegou antes que eu batesse no chão, então como ele estava bem e eu não?

–Desculpe-me mais quem é você e como sabe meu nome, como não se machucou quando me pegou? –nesse momento comecei a ficar apreensiva olhando para todos os lados.

Percebi que estava em uma cama de casal king, e havia o sofá branco do meu lado direito, bem como um guarda-roupa e uma mesinha de estudos com alguns documentos que mais pareciam papiros em cima, escritos em grego, e duas portas, mais nenhuma janela, então eu não teria como saber se era dia ou noite. Tateei em meus bolsos a procura do meu celular e não o achei, e foi ai que me lembrei que o deixei cair no chão da varanda do meu quarto. A quanto tempo eu estive desacordada, minha mãe deveria está muito preocupada.

Ele apenas suspirou me olhando de lado, e pude jurar que o ouvi dizer "onde você se meteu, era você que deveria explicar a ela", ele coçou a cabeça em sinal de que estava nervoso, então eu fiz menção de me levantar e ele calmante me sorriu e me empurrou segurando meus ombros para que eu deitasse novamente.

–Eu vou lhe explicar tudo, mais você precisa ficar calma e me ouvir até o fim tudo bem? –eu simplesmente balancei afirmativamente a cabeça, e ele novamente sorriu.

–Eu me chamo Shun Amamaya, sou agora o atual ... –ele suspirou e me olhou meio desconfiado. -Cavaleiro de virgem, e você não está aqui por acaso, Você Alana Lopes, filha única de Camus o ex-Cavaleiro de aquário.

–Claro, com toda a certeza que sou... –debochei, e olhei pra ele completamente incrédula, eu havia lido a história de Cavaleiros dos Zodíaco na minha infância e tal, mais conhecer um maluco na Grécia que me diz que meu pai era Camus de aquário é sacanagem né, esse cara só podia ser tão louco quanto lindo.

–Ele foi até sua escrivaninha e de baixo de um monte de papéis ele retirou uma carta e me entregou, tinha o meu nome escrito, com as letras de minha mãe, só podia ser brincadeira né.

–Por favor leia, eu sairei por um momento, vou buscar uma pessoa que está louco pra te ver.

Abri cuidadosamente aquela carta, aquilo só podia ser uma falsificação, mais por que alguém iria tão longe com uma mentira dessas, quando abri era uma carta simples com o cheiro do perfume biografia, o favorito de minha mãe, e meu coração se apertou ao ver que algumas partes daquela carta estavam borradas com pingos de lágrimas.

Alana minha pequena!

Sei que você deve esta muito confusa com o que está acontecendo, mais eu tive de entrar em contato com seu padrinho Hyoga, pois como agora você é uma pessoa famosa eu tive medo que os inimigos do seu pai pudessem te fazer mal, por isso pedi que ele te encontrasse na Grécia e te protegesse.

Bem meu amor, como você já deve ter percebido, eu menti para você sua vida inteira sobre seu verdadeiro pai, mas Alan sempre soube a verdade, eu nunca o enganei sobre você. Conheci seu pai quando estava terminando minha residência universitária, em uma noite que sai muito tarde do hospital. Sai sozinha e dei de cara com um lindo rapaz de longos cabelos loiros encostado no muro, mais o estranho é que ele vestia apenas uma calça e uma blusa preta, seus olhos estavam fechados e ele sangrava muito, logo vi que não se tratava de um brasileiro e sim um estrangeiro. Não pensei duas vezes e fui ajudá-lo, mais ele segurou minha mão dando-me um susto, e pediu pra eu me afastar falava com um sotaque carregado, eu disse que não, e que eu iria ajuda-lo. Eu o ajudei a se apoiar em mim e o levei para casa (sei que fui imprudente, mais algo me dizia que ele não me faria mal, e você sabe como amo um mistério né hehehe), chegando lá eu tratei seus ferimentos, que eram bem superficiais, mais eu estranhei pois seu corpo era cheio de cicatriz, ou seja, ele se metia em muitas brigas. Passei o resto da madrugada cuidando dele, fiz o café e fui deixar no quarto, foi quando me assustei com aqueles lindos olhos azuis me olhando, meu coração palpitou e eu tenho certeza que fiquei vermelha. Conversamos e ele me contou quem era e o porquê de estar no Brasil, especificamente em João Pessoa, mais sua missão lhe deu mais trabalho do que esperava, eu o convidei a ficar em meu apartamento até que estivesse melhor e ele assim o fez.

Há minha pequena eu me apaixonei por ele, e ele por mim, ficamos juntos por umas 2 semanas, e ele teve de voltar para o seu "trabalho", mais sempre vinha me ver. Até que eu fiquei grávida de você, e foi aí que as coisas começaram a ficar complicadas, eu não poderia morar com seu pai e ele não poderia ficar mais perto de nós para nossa própria segurança, foi uma decisão difícil pra ele, assim como pra mim, mais sua segurança era mais importante pra nós dois.

Quando você nasceu ele veio te conhecer e trouxe um amigo "Mu", que lançou um feitiço em você, para que você parecesse com o Alan que era meu melhor amigo na época e se dispôs a me ajudar a enganar a todos. Chorei muito quando ele te pegou nos braços, e te apertou, ele me agradeceu tanto por ter lhe dado você Alana. Aquela foi a última vez que nos vimos, mais três anos depois Hyoga veio me encontrar e me contou que seu pai havia morrido (se não fosse por você, eu teria morrido também), e que seu último desejo foi que este fosse seu padrinho, e assim o fizemos, mais você ainda era muito pequena para se lembrar.

Quando você ficou famosa eu tive medo de alguém descobrir a verdade sobre você e te fazer mal, por isso durante este tempo Hyoga vem te protegendo, mais agora você já é de maior e já terminou a escola, por isso quis te dar a chance de saber toda a verdade, desculpe meu amor por não poder te contar pessoalmente, mais preferi que você estivesse segura quando soubesse a verdade, e agora o feitiço em você enfim poderá ser quebrado...

Vou sentir sua falta, "Aqua", esse foi o nome que seu pai lhe deu, por isso sempre a chamo assim quando estamos sozinhas.

Espero que um dia você possa me perdoar.... Pois eu te amo muito, e tudo que fiz foi para te proteger.

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A filha de CamusOnde histórias criam vida. Descubra agora