Capítulo 15

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Acordei assustada novamente aquele sonho, venho tendo ele a três noites seguidas, e sempre o mesmo. Decidi me levantar olhei no relógio ao lado da minha cabeceira, ainda eram 5:00 só precisa acordar a 7:00, mas não queria voltar a dormir. Coçei os olhos e decidi me levantar, minha cabeça estava pesada como se não dormisse a uma semana, tinha olheiras e estava muito pálida definitivamente minha aparência não era uma das melhores. Enquanto tomava banho ja sentia aquele conhecido mal estar, que tinha todas as manhãs. Sai do banho enrolei meus cabelos numa toalha e segui até o quarto enquanto o embrulho no estômago ganhava força, corri até o banheiro colocando tudo para fora. E talvez até o que eu não tinha. Quando terminei me apoiei no lavabo ainda sem conseguir levantar, esperava que a sensação de tudo rodando passasse logo.

- Você está acabando comigo. Sabia? Sussurrei para a minha barriga.

Terminei de me vestir e resolvi descer, ainda eram 6:30 mas dona Eusébia deveria está acordada. Ja estava na sua pensão a dois meses, ela me dava casa e comida e algum dinheiro e em troca eu a ajudava nos afazeres domésticos.

- Bom dia. Dona Eusébia. Sorri abertamente.

- Bom dia querida, já falei para parar de me chamar de dona. Só Eusébia. Sorri para ela

- Tentarei lembrar da próxima vez. Ela sorriu para mim.

- Já que está acordada me ajude a por a mesa, os hóspedes logo acordarão.

A ajudei a colocar os pratos na mesa, e enquanto isso conversamos sobre assuntos aleatórios, desde minha gravidez, a como o arroz estava caro. O som estridente soou ao fundo. E logo Dona Eusébia pediu licença. Terminei de arrumar as mesas e me sentei numa cadeira, a gravidez já estava me cansando, não por causa da minha barriga, aliás ela era quase imperceptível aos olhos. Mas o cansaço era meu melhor amigo, as vezes ele competia com o mal estar numa luta constante. Meus seios triplicaram de tamanho e estavam inchados e doloridos. Esqueci das minhas lamúrias da gravidez, quando escutei os passos de Dona Eusébia.

- Era minha filha.

- Filha? Não sabia que a senhora tinha filhos.

- Querida sente-se aqui. Ela me apontou a cadeira. Me sentei e ela se sentou ao meu lado, pegando minhas mãos que estavam sobre a mesa.

- Sabe porque te acolhi aqui?

- Por causa de Margareth.

- Sim, mas não foi só por isso. Quando Margareth me contou sua história me identifiquei e talvez essa fosse minha chance de retribuir o que Deus me deu.

- Não estou entendendo Dona Eusébia.

- Só Eusébia. Querida eu fiquei grávida aos 16 anos, e na minha época era um absurdo eu fui expulsa de casa, e fiquei vagando sozinha pela rua durante vários dias. Eu estava chocada, nunca pensei que ela tivesse ficado grávida aos 16 anos, que os pais a tinham abandonado... Lágrimas caiam de sua face, toquei em meu rosto e limpei as lágrimas que caiam, ela sorriu para mim.

- Foi aí que conheci o pai de Margareth. Ele tinha acabado de perder a mulher no parto, sua bebê tinha apenas dois meses, e ele estava desesperado por alguma ajuda para cuidar da criança, contei a ele sobre minha condição é ele me acolheu em sua casa. Margareth era um bebê tão lindo, a mais linda que já vi. E a amei desde a primeira vez que a vi. Cuidei dela como se fosse minha, e a amei do mesmo jeito que amei Elise, minha filha. O pai de Margareth era um bêbado vivia chorando pelos cantos, por causa da esposa falecida. Quando Margareth me chamou de mamãe ele bateu tanto na menina, que ela passou a me chamar de tia, mas as vezes ainda fala mãe. Lembrei de como os olhos de Margareth brilharam a se revirir ao modo como sua mãe falava dela, dizendo que ela poderia enxergar as almas das pessoas.

- Você a educou bem, Margareth é uma menina de ouro. Nunca vi tanta generosidade.

- Margareth sempre foi uma menina de ouro, a minha menina. Lágrimas caiam de seus olhos. Elise e Margareth foram criadas como irmãs, aí Anna como sinto falta delas. Elise sempre foi uma menina rebelde queria descobrir o mundo, Margareth sempre foi mais calma, carinhosa. Mas eu amava as duas do mesmo jeito. O pai de Margareth morreu quando ela tinha 12 anos, de cirrose. Margareth ficou desolada, a pequena pensão e a poupança passaram para o nome de Margareth, mas passei a cuidar de tudo. Quando Margareth completou 18 anos colocou a pensão em meu nome é foi embora. Agora não eram apenas lágrimas ela estava soluçando sem parar. Elise foi embora dois meses depois, disse que precisava seguir sua vida. Sinto tanta falta das duas Anna. Que fico esperando ansiosamente pela ligação ou a visita de uma delas, e quando ligam meu coração se enche de alegria. Minha vó sempre dizia que o amor de mãe doi, nunca consegui entender o que ela queria dizer, até minhas meninas irem embora. O amor ele não pode ser comparado com a dor que me trás a ausência delas...

- O que houve dona Eusébia?

- Carlos, querido, não houve nada. Sente -se servirei seu café. Anna pode me ajudar?

- Estou um pouco enjoada, já volto. Subi as escadas correndo como se minha vida dependesse disso, sentei na minha cama e abraçei a almofada. Me imaginei sentada numa cadeira, chorando e olhando pela janela, esperando que meu filho voltasse para casa, ou esperando uma ligação sua. Imaginei como seria cuidar daquele bebê, o amar, e depois ele simplesmente esquecer da minha existência. Imaginei ele me dizendo que iria embora, e eu chorando todas as noites, esperando seu regresso. Não eu não poderia estar condenada a essa vida. Não queria passar o resto da minha vida esperando que aquela criança que eu criei viesse me visitar no hospital. Esperando o dia em que ela iria embora, ou dizer que me odiava. E eu me perguntaria onde havia errado? E choraria lembrando de minhas falhas. Ficaria o resto de minha vida a lembrar de como era quando ele era apenas uma criança, e dizia que me amava. Esse seria o meu destino? Que tipo de amor é esse? E se eu não conseguisse ama-lo? E se um dia ele descobrisse de sua realeza, e me odiasse, por obriga-lo a viver essa vida simples. E se...



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