Capítulo 62

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  "O destino baralha as cartas e nós jogamos" - Arthur Schopenhauer

    Luana dormia em meus braços, já deveria te-la colocado no berço mas não consigo parar de olha-la e quanto mais a observo mais amor sou capaz de sentir.

   Minhas mãos passeavam sobre seu rosto contornando seus belos traços, faz exatamente três dias que minha pequena Lu nasceu e dês de então minha vida mudou completamente, senti tanto amor que jamais imaginei ser capaz de sentir e quando você pensa que seu coração já está transbordando de amor é só olha-la novamente e uma nova onda inunda seu ser.

- Anna! - A voz aveludada ecoou pela casa, estávamos morando com Jes em sua casa de campo, ficaríamos ali até reconstruirmos nossa vida novamente.

- Estou aqui! - gritei, me arrependendo no segundo seguinte quando Lu abriu seus olhos verdes e se mexeu em meu colo. - Perdão meu amor, não queria acorda-la. - Sussurrei, seus olhos verdes encararam meu rosto e logo depois ela se mexeu novamente e voltou a dormir, um sorriso se formou em meus lábios.

   A porta se abriu em um rangido e meus olhos encararam as íris azuis esverdeadas que faziam meu coração saltar do peito e minha respiração falhar.

- Como estão as mulheres da minha vida? - Sorri, enquanto ele selava nossos lábios e beijava a testa de nossa filha.

- Ótimas, nunca pensei em estar tão feliz. - Ele sorriu e tirou Lu de meus braços e os aconchegou nos seus.

- Amanhã será o julgamento de Richard. - Sua voz se tornou fraca e seus olhos opacos.

- Teremos que participar? - Seus olhos se fixaram em meu rosto.

- Você não precisa, declarei na reunião que não estava bem e te insentaram, mas eu terei que participar.  - Ele suspirou e aninhou Lu em seus braços.

- Não te deixarei sozinho, irei com você. - Ele se aproximou e tocou meu rosto.

- Não quero que participe disso. - Minhas mãos envolveram as suas.

- Não te deixarei sozinho. - repeti. - Sei o quanto isso é difícil para você. - Ele entrelaçou nossas mãos e fixou o olhar em nossa bebê.

- Passei a vida inteira o chamando de pai e o amava como um, agora parece que tudo que eu pensava ser certo era uma mentira, toda a minha vida Anna, uma completa mentira. - Assenti, apertando nossas mãos uma sobre a outra. Vi lágrimas brotarem de seus olhos e as enxuguei com a ponta de meus dedos.

  Não disse nada, peguei Luana no colo e a coloquei no berço em seguida o abraçando, não dissemos nada um para o outro, apenas deixei que chorasse em meus braços, em momentos assim palavras são vãs e a única coisa que você precisa é se sentir amado, e no caso de Henrique sentir que alguma coisa é real.

- Eu estou aqui, vamos superar isso juntos, somos uma família agora. - Minhas mãos contornavam seu rosto, limpando os vestígios de lágrimas.

- Eu amo você, e amar você foi a melhor coisa que me aconteceu. - Sorri, e aproximei nossos lábios, sentido sua respiração falha sobre a minha. Nossas bocas se juntaram em um beijo que possuía medo, angústia e amor.

   O destino as vezes nos prega peças, uma noite que era para ser a noite das amigas se tornou a noite que mudou toda a minha vida, uma menina que nunca havia encostado uma gota de álcool na boca, resolveu beber além da conta e perder sua virgindade com um cara desconhecido em um quarto qualquer, as vezes imagino se isso não tivesse acontecido, hoje eu não teria conhecido o amor com Henrique e nem teria o maior presente de toda a minha vida, a minha Lua. É por isso que não me arrependo de nada, planejei uma vida inteira e nada saiu como o planejado, mas nada poderia ter saído melhor.

  Virei meu olhar para Henrique, nossas respirações falhas.

- Eu amo você - Falei, minha voz exprimindo a verdade de toda a minha vida.

- Henrique, só quero que saiba que agora essa é a sua verdade. Nada mais importa. - Ele sorriu, nossas respirações falhas se misturando no ar.

- Você sempre foi a minha verdade, eu só nunca quis enxergar. - Sorri meus dedos delineando os traços de seu rosto.

  
    Um rangido foi ouvido e logo Jes entrou no quarto, seus cabelos loiros amarrados em um coque, ela parecia cansada, esgotada na verdade.

- Desculpe atrapalhar vocês, mas eu precisava ver essa coisinha linda aqui. - Ela se aproximou pegando Luana no colo.

- Como está Miguel? - Perguntei.

- Está melhor, Melinda está com ele. - Assenti, dês de que saímos do porão minha mãe ficou com Miguel, enquanto Henrique permanecia ao meu lado, Luana fez vários testes e exames e graças a Deus ela estava bem, apesar do lugar imundo em que veio ao mundo e das condições de seu nascimento, ela estava bem.

- Eles estão bem próximos. - Jes se limitou a assentir, enquanto balançava Lua em seu colo.

Fiz um sinal com as mãos para que Henrique nos deixasse sozinhas ele assentiu saindo do quarto.

- Jes, o que houve? - Ela me olhou soltando um suspiro, enquanto colocava Lua em seu berço.

- Por que não me contou? - Meu rosto se contorceu em pura confusão, Jes se afastou chegando próxima a vidraça. A falha luz do abajur me permitia enxerga-la.

- Jes, eu não podia... - Ela me interrompeu com um sinal de mãos, pelo movimento de seus ombros percebi que chorava.

- Anna, você sabe como eu me senti quando soube? Quando soube que minha melhor amiga poderia ter morrido. Eu não suportaria te perder, como poderia? - Seus dedos passeavam sobre a vidraça, a luz se tornava fraca, assim como sua voz.

- Eu estou aqui Jes, nada aconteceu, estou bem, estou viva. - Ela assentiu, virando seu corpo, seus olhos marejados se encontraram com os meus.

- Mas poderia não estar. Somos amigas a onze anos, acho que eu merecia saber que minha amiga estava correndo risco de vida. - Agora sua voz era estridente e seu choro desesperado, soluços ecoavam de seus lábios enquanto Jes tentava conte-los.

  Me aproximei envolvendo seu corpo no meu.

- Eu não suportaria se algo acontecesse com você, eu... - Sua voz foi interrompida por um soluço a apertei em meus braços.

- Hei, eu estou aqui, acabou Jes, agora tudo será diferente. - Ela assentiu.

- Me perdoe, era para ser um momento feliz mas eu estou aqui chorando, é que eu não consigo esquecer o que poderia ter acontecido com vocês duas. - Assenti, secando as Lágrimas de seu rosto.

- Vamos deixar o passado para trás, aqui agora é o nosso futuro e tudo que passou será uma mera lembrança ruim. - Jes sorriu, secando as próprias lágrimas. Fomos interrompidas pelo choro de Luana, me virei para pega-la, seus olhos verdes encararam os meus.

   "Que a esperança contida em seus olhos te faça ter fé que tudo vai melhorar"

  Sorri, finalmente compreendendo a música que por noites a fio embalou meu sono.

- Ela é a nossa esperança, nosso novo começo. - Jes sorriu se aproximando e tocando os ralos fios de cabelo castanho, cobertos por uma faixa rosa.

- Sim, agora é a parte que esquecemos o passado e começamos a olhar para frente.

- Não, essa é a parte que somos felizes. Meu pai sempre dizia : "Nunca esquecer mas nunca recordar, o passado é parte de nós, a parte que nos torna mais fortes, nunca devemos esquece-lo mas também não devemos deixar que tome nossos pensamentos"


Desculpe a demora, mas o infelizmente só pude atualizar hoje.

Espero que tenham gostado, comentem.

Beijos e fiquem com Deus😊😊😊





  

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