Capítulo 14

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Não demorou muito para que eu tomasse minha decisão. Eu fugiria, sim. Nada mais me prendia a esse lugar, ninguém poderia me obrigar a casar com Henrique. Então era isso eu iria embora.

- Eu vou embora. Falei para Margareth, orgulhosa de minha voz destemida e confiante. Ela me olhou assustada, talvez tivesse certeza que minha resposta seria outra. Mas não posso culpa- la, todas iriam querer casar com um príncipe, fazer parte da família real, bem nem todas.

- Você tem certeza?

- Tenho. Nada mais me prende a esse lugar. Bom só não tenho para onde ir, mas darei um jeito. Sei que conseguirei, só não posso ficar aqui e me submeter a vontade da família real, a não isso não.

- Bom, tem um lugar para onde você pode ir.

- Sério? Onde? Você conhece alguém?

- Minha tia, Eusébia, ela tem uma pequena pensão, não fica muito longe daqui, seria um bom lugar para viver. E modesto... Não a deixei continuar.

- Obrigada. Ainda tenho um salario para receber, posso pegar o dinheiro e viajo hoje mesmo. O próximo ônibus deve chegar logo. Não podia me conter de alegria a esperança havia sido reacessa.

- Não, pegue. Ela me estendeu uma bolsinha, a abri e vi que tinha dinheiro dentro.

- Não, não posso aceitar. Tome. Coloquei novamente a pequena bolsinha com bordados de rosas em sua mão.

- Você precisa desse dinheiro, e será uma honra ajuda-la. Por favor não o recuse. E depois saiu andando sem que eu pudesse protestar, quando já estávamos um pouco afastadas uma da outra pude ouvir seus gritos.

- SENTIREI SUA FALTA. SE CUIDA. E depois não disse mais nada, olhei para a bolsinha em minha mão com detalhes de flores bordados, e sorri, tamanha sua generosidade. Margareth era uma pessoa incrível, também sentirei sua falta.

Levantei decidida a seguir em frente, pela primeira vez estava feliz, muito feliz. Sentiria falta de minha família, claro. Mas pela primeira vez me sentia livre, sem um fardo de uma casa inteira para sustentar, pela primeira vez me sentia uma adolescente rebelde que desobedecia os pais, e isso me fez bem. Não pude evitar sorrir ao lembrar que essa seria minha primeira "rebeldia", quando se tem que trabalhar para sustentar sua família, você esquece dos simples prazeres da adolescência. Corri até a estação de trem como uma criança de cinco anos, sorria como quem havia acabado de ganhar na loteria, me sentia leve como se pudesse voar. Comprei uma passagem para o próximo ônibus, que só chegaria às 19:10, olhei no meu relógio, ainda eram 18:00. Resolvi que tomaria um sorvete e depois... bem depois eu não sei. Sentei na loja e apreciei meu sorvete de morango, meu sabor preferido. Sorria como uma boba. Logo depois fui numa loja ali próximo, e experimentei todas as roupas, fazia poses de frente para o espelho, sem ter nenhuma câmera. Ria sozinha, sempre quis fazer isso. Fiquei uns 30 minutos provando roupas. E quando a vendedora perguntou qual eu levaria, disse que estava atrasada e simplesmente sai, sua cara foi cômica.

Já eram 19:05 corri até a estação e logo meu ônibus chegou, eu era a única que não tinha nenhuma mala, mas não liguei para isso. Mostrei minha passagem e segui até meu lugar. Não demorou muito para que uma mulher sentasse ao meu lado, ela colocou suas malas no bagageiro acima de nós, e sorriu para mim enquanto se sentava. Suas mãos estavam sobre sua barriga, e percebi que ela tinha um pequeno volume, sim ela estava grávida, não deveria estar de mais de cinco meses ou talvez quatro, mas estava grávida. Aquilo me vez lembrar da minha "condição", eu poderia fugir para qualquer lugar do mundo, mas isso não mudaria o fato de no meu ventre estar uma criança real, a ligação mais pura e duradeira entre mim e Henrique. Eu nunca mais seria só uma adolescente de 17 anos, e nada poderia mudar isso.

Grávida de um príncipe Onde histórias criam vida. Descubra agora