Capítulo 34

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Henrique não dormiu em casa o que fez com que eu também não fosse capaz de fechar os olhos. A agonia iminente se apossava de mim só de lembrar dos seus olhos opacos que continham dor, eu não conseguia entender o que estava acontecendo e odiava essa impotência mas alguma coisa me dizia que nosso tempo estava acabando, que alguma coisa grave estava para acontecer.

Quando o relógio batalhou três horas meu coração se contorceu e senti o ar ser retirado de uma forma abrupta dos meus pulmões. Onde estaria Henrique? Ele nunca havia ficado fora a noite toda, lágrimas se apossaram nos meus olhos a cada segundo eu só conseguia pensar no pior.

Bateram na porta, corri para atender na vão esperança de que fosse ele. Mas não era, Jes entrou trazendo um monte de sacolas e as depositando no sofá.

- Meu Deus! Que lugar longe onde você veio parar. Sentia tanta falta de Jes, a abraçei no instante seguinte meus olhos marejados ameaçam um choro preço em minha garganta.

- Senti sua falta.

- Eu também morena. Por que você acha que ameacei a rainha para que me desse seu endereço. Não pude evitar sorrir, me sentia tão sozinha naquela casa e agora com as constantes saídas de Henrique era ainda pior.

- Você ameaçou a rainha? Como?

- Tenho meus meios. Ela sorriu e me senti reconfortada, era como se com Jes ali tudo se alinhasse e me sentisse em casa novamente. - Como você está? Quando cheguei parecia que estava chorando. Sua voz agora estava preocupada. Suspirei.

- Tudo aqui é tão confuso, eu me sinto tão sozinha e Henrique mal fica em casa. É como se ele fugisse de alguma coisa, ele não é mais o mesmo. A confirmação das minhas próprias palavras fizeram meu coração se aperta.

- Anna, talvez ele só esteja confuso. Não deve ser fácil para ele assim como não é para você.

- Não Jes, ele tem medo, as vezes sinto que nos escondemos de alguma coisa. Que ele se esconde.

- Na, isso é bobagem. Do que ele teria medo? Talvez ele esteja confuso sobre seus sentimentos. Não é nada demais, as vezes ele só que espairecer. Assenti, querendo ardentemente acreditar naquelas palavras.

- Bem. Como está a faculdade? Jes sorriu com a pergunta.

- Estou amando Na. Acho que nasci para segui os passos da minha mãe. Jes sempre quis fazer faculdade de moda e quando me disse a apoiei cem por cento, e vê lá feliz também enchia meu coração de alegria. - Quase ia me esquecendo. Ela pegou uma das sacolas e retirou de lá uma caixa branca. - Abra.

- É para mim? Sorri.

- Mais ou menos. Abri a caixa é embrulhado em papel seda estava um lindo vestidinho rosa claro com bordados em dourado.

- Minha primeira criação, fiz pensando na minha sobrinha/ afilhada. Sorri e uma lágrima escorreu por meu rosto.

- É lindo Jes, muito lindo. Mas ninguém disse que você será a madrinha. Ela me olhou fingindo um falso desapontamento.

- Vim aqui para me convidar pessoalmente. Nos duas sorrimos.

- E aliás não sabemos o sexo do bebê ainda. E se for um menino?

- Não vai, eu estou tendo aquele pressentimento. O sexto sentido de Jes era péssimo, toda vez que ela tinha aquele pressentimento eu me ferrava.

- O mesmo pressentimento que você teve quando disse que não deveríamos estudar para a prova de matemática, porque a senhoria Maizie iria faltar. E depois tiramos um zero. O mesmo pressentimento que você teve quando disse que namorar George seria uma boa ideia, e um mês depois ele me traiu o mesmo pré... Ela me interrompeu.

- Ta, já chega, mas agora é sério eu sinto que vai ser uma menina.

- Agora tenho certeza que é um menino. Sorri e Jes fechou a cara.

Fiz brigadeiro e assistimos uma maratona de filmes e igual fazíamos quando tínhamos treze anos, antes do peso de um pai doente e um recém nascido para cuidar caísse sobre minhas costas.

- Sinto falta disso.

- Disso o quê?

- Nos duas como adolescente normais. Ela sorriu e passou o brigadeiro no meu nariz fingi esta irritada enquanto jogava uma almofada nela. Quando terminamos nossa crise de riso, Jes tirou um celular do seu bolso e me entregou logo reconheci era o meu celular.

- Onde conseguiu isso?

- Fui na sua casa ontem. O choque da informação me abateu e fez um sentimento conhecido crescer em meu peito.

- Como eles estão? Um no se formou em minha garganta.

- O seu pai, bem ele...Na.

- Fala Jes. Meu coração se apertou.

- Ele piorou, não consegue fazer mais nada sozinho. Lágrimas caíram sem parar e um soluço saiu seguido de outro. Eu sabia que esse dia chegaria, todos nós sabíamos mas nunca estaríamos preparados. Jes me abraçou e deixou que eu chorasse em seu peito.

- Quanto tempo? Minha voz falha saiu num sussurro.

- 3 meses talvez menos, eu sinto muito Na. Chorei em seus braços a dor saindo em forma de soluços esganiçados. De repente a realidade me atingiu meu pai não chegaria a ver o neto, chorei ainda mais.

Ouvi o ranger da porta. Jes me soltou pegou suas coisas e caminhou até onde Henrique estava. Não chorava meus olhos pesados por conta do chora, estavam me querendo levar ao mundo da inconsciência.

- O que houve com ela? A voz de Henrique parecia preocupada.

- Cuide dela. Foi a última coisa que ouvi de Jes antes que a porta se fechasse num rangido.

Ouvi passos se aproximando, lutei para abrir os olhos mas fui incapaz de tal ato. Senti braços me erguendo, podia sentir o coração acelerado de Henrique. Logo depois senti ser depositada na cama e lábios roçarem minha testa.

- Como eu queria que tudo fosse diferente. Sua voz carregada de dor e outro sentimento que a inconsciência não me deixou distinguir.

- Henrique. Tentei abrir os olhos mas não fui capaz, minha voz sonolenta.

- Shh, durma eu estarei aqui quando acordar. Com essa promessa permite finalmente que a inconsciência me atingisse por completo.











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