A Simple Act

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      — Deseja alguma coisa, senhorita? — a atendente perguntou. A expressão da garota era típica de alguém que não gostava daquele trabalho, que estava entediante e louca para voltar para casa e ter uma bela noite de sono.

     — Dois Cappuccinos, por favor — pedi, e a garota assentiu, digitando o preço do pedido: — São U$ 4,00.

     Paguei a garota, e ela gritou para três garotos atrapalhados, o meu pedido. Um deles se apressou em fazer, enquanto os outros dois continuaram conversando. Eu e JungKook esperamos mais ou menos cinco minutos, e então, o pedido chegou.

     — Obrigada, Bryan — agradeci, sorrindo fechado. Bryan era da minha turma na faculdade, ele era bolsista, e trabalhava aqui para ajudar na mensalidade. Os pais se esforçavam muito no trabalho, a mãe trabalhava num supermercado como operadora de caixa, e o pai havia falecido há alguns anos por conta de um infarto. Eu e Bryan não conversávamos muito, mas eu sentia grande simpatia por aquele garoto.

     — De nada — ele sorriu para mim e bagunçou os cabelos negros, sem jeito.

     Saí da cafeteria e senti o vento gelado vir de encontro comigo. Pensei que hoje seria uma noite quente como a anterior, mas me enganei. Em Nova York, raramente as noites são quentes duas vezes seguidas.

     Estremeci e bebi o Capuccino, aproveitando o líquido quente me esquentar por dentro.

     — JungKook? — o chamei. Eu estava parada, de frente para a rua, e ele estava bem ao meu lado.

     — Sim? — ele quis saber.

     — Está com frio? — naquele momento, uma nuvem branca saiu da minha boca. Frio, frio, frio.

     — Não.

     — Bem — me forcei a não tremer os dentes —, nesse caso, eu também não.

     Entramos no Jeep Cherokee e eu liguei o aquecedor. Comecei a dirigir para o subúrbio de Nova York, onde Dorothea morava. Pela estrada iluminada por postes, os carros também passeavam, alguns indo, outros voltando. O céu estava estrelado, e eu conseguia ver o vento forte balançando as copas das árvores nas margens da pista.

     — Aimee?

     — Sim? — perguntei.

     — Obrigado — JungKook agradeceu.

     — Pelo Cappuccino? Não foi nada — continuei concentrada em dirigir. — Eu gosto de Capuccino, teve uma vez em que...

     — Por tudo — ele respondeu, me interrompendo. — Um dia eu espero poder retribuir tudo o que fez por mim.

     — Não precisa — eu me adiantei, sem graça. — Não precisa retribuir, ver você bem já seria o suficiente para mim.

     JungKook ficou calado o resto do caminho.

*

     Quando chegamos à casa de Dorothea, as luzes estavam apagadas. A pequena casa no fim da rua era simples, velha e empoeirada. Muito antes, eu convenci meu pai de pelo menos comprar uma casa decente para quando ela não tivesse condições de trabalhar mais, para também que ela tivesse um tempo maior de juntar suas coisas e voltar para Londres, para sua família. Mas pelo visto, meu pai não sabia o que era decência.

     Desci do Jeep e caminhei juntamente com JungKook para a casa. Estava bastante frio para apenas sete horas da noite. O coreano ao meu lado estava se segurando para não tremer, pude sentir isso, e eu quis me bater por não ter trazido um casaco ou coisa do tipo.

Ghost (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora