Um certo dia, eu acordei maravilhosamente bem, e com ótimas expectativas. Tomei banho, me troquei, fiz minhas higienes e saí com meu laptop para a mesma cafeteria de sempre. Eu poderia ficar ali o dia inteiro se eu quisesse, de tanto que o ambiente era confortável; e também, se eu pedisse uma xícara de café a cada uma hora. Consegui alugar um pequeno apartamento numa área boa em Seul; era uma vida simples e boa demais. A cafeteria a qual me refiro é uma temática ao estilo de Paris. Com as cadeiras pintadas em amarelo, verde e vermelho, e a faixada em azul, eu poderia escrever em paz, me sentindo em um outro lugar ou lugar nenhum, sem barulho ou sem que ninguém me perturbasse. O Café Paris se tornou o meu lugar favorito de toda Seul.
Enquanto escrevia sobre minhas aventuras da semana passada, na Torre de Seul, pedi um Capuccino e escutava uma leve música. Depois de ter escrito, pedi o café da manhã também em estilo parisiense: uma baguete com manteiga e café, logo em seguida, um doce - que por sinal, ainda não aprendi o nome.
Assim que saí da cafeteria, voltei para casa, para o meu pequeno apartamento. Assisti um pouco de televisão e verifiquei os e-mails. Almocei e tomei um banho, para em seguida, tirar um cochilo da tarde. Como eu disse, ótimas expectativas.
Sonhei com alguém batendo na porta do meu apartamento, e quando acordei, as batidas ainda permaneciam. A noite havia caído. Quem poderia ser, batendo de forma tão bruta? O apartamento estava pegando fogo?
Tropeçando nos próprios pés, fui apressada e olhei pelo olho mágico.
Hoseok estava com a expressão mais preocupada que eu havia visto. Antes que batesse novamente e incomodasse os vizinhos, abri a porta e o puxei para dentro.
– O que houve? – esfreguei os olhos.
– Você estava dormindo?
– Não – bocejei.
– Me desculpe, mas você foi a única pessoa que me veio à mente depois disso tudo – ele começou a andar de um lado para o outro freneticamente. Segurei suas mãos e o levei até o sofá, sentando-me ao seu lado.
– Calma, por favor – tentei me despertar. – Me conte o que está acontecendo.
Não demorou nem um segundo até que Hoseok colocasse tudo para fora, digo, literalmente. Ele vomitou no chão da minha sala. No começo, não sabia de exato o que eu deveria fazer, por causa do sono, mas segurei seus ombros e não deixei que ele melasse nem sua calça e tênis, nem que salpicasse em meu sofá. Quando ele terminou, parecia branco e a ponto de desmaiar.
– Hoseok? Hoseok! – bati de leve em sua face. – Você precisa ir ao médico.
– Não, não, Aimee – ele segurou meu pulso. – Isso é psicológico.
– Espere aqui.
Saí em busca de um pano e desinfetante para limpar a sujeira. Hoseok ainda parecia muito mal, então tratei de limpar tudo rápido e lhe levar um copo com água.
– Obrigado – ele deu o primeiro gole.
– Agora respire fundo e me conte, sem vomitar.
Ele assentiu, e dando mais um gole, falou o mais calmo e devagar que conseguia. Deus do céu, eu conseguia escutar seus batimentos cardíacos dali.
– Eu acho que Jungkook mentiu para mim. Ele não se curou da depressão e nem superou a perda dos cinco membros coisa nenhuma.
– E o que faz você ter tanta certeza?
– Moramos em apartamentos diferentes, mas estudamos na mesma universidade, e às vezes que fico até tarde para revisar alguns conteúdos, eu vejo ele saindo com algumas pessoas não muito bem vistas por nós. Quando digo "nós", digo eu e o resto da universidade – ele continuou, depois de mais um gole de água. – Hoje de tarde, ele saiu com os tais "amigos" e entrei em seu apartamento, já que eu sei onde ele guarda a chave reserva. Eu achei inúmeras garrafas de whisky e cerveja, e dois maços de cigarro. Jungkook mal fala comigo nesses últimos meses, eu não sei o que fazer, Aimee. E, também...
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Ghost (EM REVISÃO)
Fiksi PenggemarAimee precisará mostrar a alguém o significado da vida, mesmo que nem ela saiba. Embarcando nesta aventura, seu passado vem à tona e a jovem desvenda mistérios sobre sua estranha habilidade: ver fantasmas.