Running against time

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- Vocês precisam ser rápidos - a voz disse. Era suave, e doce, agradável aos ouvidos. - Ele vai ficar mais forte e haverá dias que eu não poderei protegê-los. Corram o mais rápido que puderem e busquem ajuda. Sua mãe sabe de tudo, Aimee.

E com isso, ela desapareceu.

Okay... Saber de tudo. Minha mãe sabe de tudo... Ela está morta e sabe de tudo, eu vou ter que morrer também, fazer uma visitinha onde quer que ela esteja e perguntar "qual é, mãe, me ajuda a derrotar um espírito demoníaco que eu não sei porque fica me perseguindo"?

Obviamente eu não faria tal coisa.

Estávamos agora parados em frente ao shopping, e pela estrada, alguns carros ainda passeavam. O vento era frio e intenso, e num instante, nossas respirações se transformaram em fumaças brancas. Primeiramente eu procurei saber o porquê de tudo aquilo estar acontecendo comigo. O trato era só mostrar a Jungkook como a vida é bela, para que ele pudesse voltar a viver, não tinha nada falando sobre fantasmas e possessões.

Quando me dei conta, Jungkook estava caminhando, metros a minha frente.

- Jungkook! - gritei. Ele continuou a andar, sem me escutar, ou ele apenas me ignorou. - Jungkook, espera!

- Eu cansei, okay? - ele gritou de volta, parando de andar e virando-se para mim. - Cansei disso. Eu não quis nada disso. Não pedi a sua ajuda, além do mais, você não está me ajudando em coisa nenhuma, okay? - ele voltou a caminhar, sem rumo.

Como ele podia falar uma coisa daquelas para mim? Corri até ele, numa raiva crescente que só Deus sabia, segurei seu braço e fiz com que ele virasse para mim.

- E você acha que isso também não me afeta, huh? - indaguei, respirando rápido. - Escuta aqui, eu estou muito assustada, de verdade, Jungkook. Eu estou com medo, e eu temo por você também. Para onde você vai, me diga? Eu não vou deixar que você durma nas ruas, eu não posso deixar isso acontecer.

- Eu não quero saber - ele falou, soltando-se do meu aperto -, aconteça o que acontecer, eu não fico mais aqui.

Aquilo foi como uma faca atravessada em meu coração. Eu pensei que estávamos juntos nessa, correto? Mas não estávamos. Não estava certo. Jungkook estava... Assustado, e ele tinha razão de querer ir embora sim.

- Jungkook, por favor... - pedi, mas ele virou a cabeça para o lado. Reprimi a vontade que eu senti de chorar naquela hora, e engoli em seco. - Então pelo menos vamos para casa e deixe-me te dar algum dinheiro. Por favor.

*

Quando chegamos à minha mansão, já estava amanhecendo, e Suzan abriu a porta antes que pudéssemos entrar.

- Seu pai chegou em casa e perguntou onde vocês estavam. Eu disse que vocês estavam lá em cima dormindo - ela vestia uma camisola branca e transparente, e estava com o cabelo amarrado num rabo de cavalo. - Onde vocês estavam?

- Não me pergunte, por favor - pedi, soltando um longo suspiro. - Venha cá, Jungkook - segurei a mão dele e o levei para subir as escadas comigo. - E obrigada, Suzan.

Chegando ao meu quarto, eu acendi a luz e procurei um papel, assinei e entreguei a Jungkook.

- O que é isso?

- Se você quiser mesmo ir embora desta casa, então leve pelo menos algum dinheiro - estendi o cheque para ele, que hesitou em pegar.

- Obrigado, Aimee.

Levei-o até a porta da mansão, e Jungkook saiu pela mesma, sem sequer olhar para trás. Fechei a porta e subi as escadas, voltando para o meu quarto. Tudo ainda parecia correr muito rápido em minha cabeça, e eu não tive tempo para parar e rever minhas ações ou sentimentos. Tranquei a porta e entrei no banheiro, ligando o chuveiro e deixando a água correr sobre mim. Muito ao contrário do que eu imaginei, tomar banho não aliviou a tensão que eu sentia. Depois de ter o feito, saí do box e encarei o espelho embaçado pela fumaça da água quente.

Ghost (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora