Ghost (EM REVISÃO)

That's all, folks.

Houve um tempo em que era necessário apenas recitar algumas palavras de um livro sagrado para exorcizar um demônio. Hoje em dia, é necessário mais atributos devido à evolução das criaturas malignas.

– Você vai conseguir, Aimee – Jungkook falou ao meu lado.

– Eu acho que sim – estávamos de carro, em direção ao Maine, na mesma região em que achei Jungkook, porém, teria que adentrar numa floresta.

Se eu estava com medo?

Ah sim, estava.

– Vê aquela trilha? Siga-a – Dorothea instruiu. Fiz o que ela pediu e segui pela trilha quase invisível, adentrando na floresta. O caminho era instável, cheio de buracos, galhos soltos que atrapalhavam a visão concreta. Mais ao longe, vi uma poça gigantesca de lama e comecei a duvidar de minhas capacidades como motorista. – Pare aqui! Podemos ir caminhando...!

– SEGUREM-SE! – gritei, enquanto sentia o carro afundar e se melar, logo após, emergir, jogando lama para as laterais. Continuei seguindo com o Jeep. – Todos estão bem?

– S-sim – Jungkook falou ao meu lado, olhando para trás. Pelo espelho retrovisor, eu vi o rosto de Hoseok se tornar verde. – Menos Hoseok.

– Se segure, Hoseok – pedi. Ele assentiu lentamente. Minha avó tirou um lenço de sua sacola e entregou a ele.

– Vomite aqui, meu filho.

– NINGUÉM VOMITA NO MEU CARRO!

Hoseok fez um "joinha" com a mão. Depois de alguns segundos, Dorothea mandou-me parar o carro, porque ali já era o local certo de descer e ir a pé. Comecei a pensar no que aquilo resultaria para a minha vida. Será que tirar o demônio do corpo de Bryan seria fácil?

– Dorothea, acho melhor eu seguir sozinha a partir daqui – eu disse. Claro que eu estava com medo, estava com medo pela minha morte e estava com medo de meus amigos se machucarem. Melhor que eu faça isso sozinha.

– Também acho certo. Ele vai nos sentir se formos com você – ela se recostou no capô do meu Jeep. – Se algo acontecer, pode ter certeza que eu saberei e que você não morrerá.

Assenti para ela e de repente, fui abraçada por Hoseok, que veio correndo até mim: – Eu não vou deixar você fazer isso sozinha, Aimee. Eu não posso.

– Sim, você pode – o afastei lentamente e sorri. – Vai dar tudo certo.

– Deixe que ela vá, Hoseok-ah – Jungkook falou atrás dele. Hoseok se afastou de mim, incrédulo.

– Como você tem a audácia de dizer uma coisa dessa?

– Quanto mais cedo isso terminar, melhor – ele veio até mim e me puxou forte para um abraço. Então me sussurrou no ouvido: – Cuidado.

Assenti também. Logo, minha avó me entregou o livro e um pacote de sal. Ela não me disse nada, apenas me encarou seriamente, como dissesse em seu pensamento que eu estava pronta para aquilo. Me virei para a floresta, encarando-a.

Se alguém escutar o que tenho a dizer, então, por favor: lembre-se de mim se eu morrer, e conte minha história para seus filhos e filhas... Estou bem dramática.

Talvez é isso que você sinta quando está perto da morte.

*

Depois de tanto andar em linha reta, comecei a me perguntar se não estava enganada e caminhando em círculos. Quis voltar, mas duvidava de que eu iria conseguir encontrá-los de novo. O único jeito foi seguir em frente.