– Olhe para mim – James pediu e eu o encarei. – Acha que eu não estou querendo sair daqui também? Apenas estou fazendo isso pela minha irmã.
– Ótima maneira de me confortar – observei, irônica. – De qualquer jeito, só estou fazendo isso pela vida do meu pai, e de certa forma, a minha.
– Por isso – ele explicou. – Não precisa ficar nervosa quando vai salvar a vida de quem ama.
Me calei e fiquei encarando o tecido que cobria a mesa. Era de fato uma enorme festa, não duvido que muito dinheiro havia sido gasto na mesma; do jeito que Suzan é, gosta de gastar muito e não economizar em nada...
Meus pensamentos me levaram à Hoseok. Ele já deveria estar aqui, ou que pelo menos aparecesse, para não me deixar angustiada e preocupada. Eu estava nervosa com aquele plano. Algo me dizia que aquilo iria dar muito errado.
Suzan abraçou um homem de idade, que depois, cumprimentou meu pai com um aperto de mão vigoroso e sorriram, logo em seguida. Suzan olhou para mim e James, indicando levemente com a cabeça que aquele era o homem. Não poderia ser. Impossível. Aquele era o senhor de aparência mais doce que eu havia visto na minha vida inteira.
– É ele – James afirmou, à minha frente –, Frank. Não o encare muito, ele pode desconfiar.
Afastei meus olhos do velho homem. Ele tinha olhos escuros e cabelos brancos, rosto marcado pelo tempo e usava uma bengala. Vestia terno preto e calças da mesma cor, com um chapéu antigo. Era como se fosse um baile à fantasia da alta sociedade, não o noivado de Suzan e Nicolas.
– Ele parece ser tão doce... – franzi as sobrancelhas.
– Não se engane com as aparências – ele sussurrou. – Ele pode ser doce, mas é mais astuto do que uma cobra.
Respirei fundo.
– Eu não queria que isso acontecesse, James.
– Eu também não queria – James respondeu. – Talvez se Suzan houvesse ficado em casa naquele dia, tudo seria diferente.
Então uma voz penetrou em meus ouvidos; masculina e velha, que me deu calafrios e arrepios pelo corpo todo. Ergui o rosto na direção daquela voz e dei o meu melhor sorriso falso:
– O que seria diferente, caros jovens? – apesar da bengala, posso afirmar que Frank anda muito rápido. E ele estava lá, a espera de uma resposta, parecendo interessado em nosso assunto.
– Nada demais – desconversei –, apenas a cor das paredes do meu quarto. Estava pensando em mudá-las.
– Ah, incrível, senhorita... – ele pareceu esquecer meu nome. Sinceramente, não achava que aquele senhor era um monstro que queria acabar com vidas.
– Aimee – respondi –, Aimee Eckhart.
– Você é a filha de Nicolas Eckhart? – ele pareceu surpreso. Se ele fosse realmente um homem que iria matar meu pai, era um homem longe de qualquer suspeitas e muito bom ator. – Eu sou Frank Willows – ele estendeu a mão e eu a apertei, num breve cumprimento. – Olá, James, como vai?
Antes que James respondesse, Frank havia se retirado, andando rapidamente com a bengala. Eu estava nervosa, sentia meu coração se chocar violentamente contra minha caixa toráxica. Estava assustada e receosa com o que poderia acontecer.
Não achava que Frank poderia ser o assassino. Ele parecia ser uma pessoa tão boa!
*
Depois de uma hora sentada e vendo os outros conversarem animadamente e comer com frescuras, escutei um som agudo se repetindo várias vezes. Virei a cabeça na direção do som e percebi que fora Nicolas, batendo com a colher na taça de vinho, chamando a atenção de todos. Ele estava sorrindo como nunca havia, desde a morte de minha mãe. Nicolas parecia feliz.
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Ghost (EM REVISÃO)
FanfictionAimee precisará mostrar a alguém o significado da vida, mesmo que nem ela saiba. Embarcando nesta aventura, seu passado vem à tona e a jovem desvenda mistérios sobre sua estranha habilidade: ver fantasmas.