Finding You

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O médico não queria me dar alta, por isso, fiquei dois dias em observação, chateada e entediada. No dia seguinte àqueles, o mesmo médico olhou minha ficha e finalmente me disse o que eu tanto queria ouvir:

– Você está bem, pode ir – quem estava comigo naquele quartinho, era Suzan, segurando uma mochila que continha minhas coisas: escova de dente, escova de cabelos, roupas... – Mas com uma condição – ele semicerrou os olhos e apontou para mim de uma maneira engraçada – tente não beber algo envenenado novamente, por favor.

Eu não pude deixar de rir.

– Prometo que não farei mais isso – respondi, me levantando da cama e saindo daquele lugar.

*

Assim que cheguei à mansão, estava tudo normal. Fiquei um pouco desapontada sim, afinal de contas, eu pensava que teria pelo menos uma recepção calorosa, um pequeno bolo de boas-vindas e alguns balões de festa pendurados nas paredes. Porém, tudo o que eu encontrei fora o vazio.

Depois de alguns segundos, Suzan gritou, me entregando a mochila:

– James, Aimee chegou!

James desceu as escadas depois de um certo tempo, e me encontrou na cozinha, comendo algo que eu mesma havia preparado.

Comida de hospital é horrível, sinceramente.

Eu estava sentada à mesa comendo um sanduíche quando ele me viu:

– Aimee – James andou apressado até mim, mas quando viu que eu não iria me levantar para abraçá-lo, se contentou em beijar o topo de minha cabeça. Ele pegou um suco de caixinha na geladeira e sentou-se à minha frente. – Se sente bem?

Assenti lentamente, mastigando a comida. 

– Me sinto bem, de certa forma – respondi. – E você?

– Me sinto um pouco confuso. Preciso conversar com você.

– Pode falar.

James hesitou por bastante tempo antes de começar; parecia estar pensando em como falaria o que quer que fosse. Passou-se tanto tempo, que eu havia acabado de comer.

– Bem, eu... – ele começou, mas se interrompeu. Arqueei as sobrancelhas e movimentei as mãos, incitando-o a continuar. – Eu... – ele parou novamente. – Eu...

– Você...?

– Sei o que está acontecendo.

Meu sangue gelou. Olhando para James, ele parecia seriamente confuso, e se ele realmente soubesse o que estava acontecendo... Bom, eu não sabia o que poderia acontecer.

– Eu não sei do que você está falando – levei meu prato à pia e comecei a lavá-los.

– Eu nem comecei – James levantou-se da mesa e me seguiu. Trinquei a mandíbula e fiquei em silêncio, esperando ele continuar a falar. – Eu sei que você fala sozinha com um amigo imaginário.

Soltei a respiração, aliviada e sorri.

– Como você descobriu? – percebi que minha voz havia saído trêmula.

Escutei a risada nasal dele atrás de mim.

– Não se engane, Aimee. Eu sei que você fala com fantasmas.

Tudo bem... Eu não sabia o que fazer naquele momento. Não tinha coragem de me virar para James e ver sua reação: se ele ia me chamar de maluca e espalhar para todos o meu grande segredo. Eu não confiava totalmente nele, não sabia o que estava por vir.

Ghost (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora