Capitulo XXVII - A Queda do Anjo

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Algumas horas atrás...


Marie caminhava entre a multidão de pessoas fantasiadas. Não conseguia reconhecer ninguém com todas aquelas mascaras. Não conseguia reconhecer Eros. Emily lhe contara que ele também recebera um convite para o baile e que viria com ela. A garota de cabelos dourados ainda sentia-se magoada por Eros. Ela sabia que ele não fizera por mal. Eros vê Samantha em seus sonhos desde que era apenas uma criança. Ele só queria entender qual é a ligação entre eles. O que Marie não conseguiria superar tão cedo era a cena que se repetia em sua mente, num looping infinito, do momento em que ela finalmente tomou coragem para beijar Eros – mesmo com ele inconsciente – e o rapaz acordar gritando o nome de outra garota. Pior que isso, o nome de uma garota morta.

- Olhe por onde anda! - exclamou furiosa ao ver a asa de sua fantasia de anjo quebrada com o esbarrão que ela levara de um homem.

- Ora, ora. Olhe o que temos aqui. - disse o homem com um sotaque frio acompanhado da voz rouca. - Um anjo caído. - Os olhos de Marie cruzaram com os olhos azuis do homem a sua frente. Era um azul profundo. A garota de cabelos dourados poderia mergulhar neles e se afogar na imensidão azul. Ele usava um terno impecável preto assim como o seu cabelo, que batia na altura dos ombros largos.

- Você estragou minha fantasia, babaca! - Os lábios de Marie formaram uma fina linha reta. Algo naquele homem a provocava e a instigava a saber mais sobre ele, mesmo com a sua mente lembrando-lhe a todo momento que deveria encontrar Eros.

- Me desculpe, ma chérie. - disse o homem com um sorriso no canto da boca. - Não era a minha intenção.

- E qual era a sua intenção, então? - rebateu Marie contorcendo-se para destacar o par de asas de sua roupa. Preferia ficar apenas com o seu vestido branco ao invés de usar um fantasia estragada.

- Convida-lá para um drink. Eles servem um maravilhoso Absinthe Suisse. Um dos melhores da cidade. - Num flash de memória, Marie lembrou-se vagamente do homem a sua frente. Ela esbarrara nele na noite em que vira Eros pela primeira vez no Urbain Grandier. "Mundo pequeno", pensou ela. - Me chamo Petrus. - o homem estendeu a mão à Marie. - Petrus Kowalski.

Marie não entendia o porquê aceitara o convite daquele estranho, mas lá estava ela, sentada em uma banqueta ao lado dele no bar do Urbain Grandier. Seu coração martelava junto com as batidas da música que tocava no salão. Ela tinha que encontrar Eros. Ela precisava contar sobre seus sentimentos por ele. "Marie! Marie!". Uma voz a distraiu de seus pensamentos. Marie olhou para o lado, o homem segurava um copo de dose em uma das mãos e desviou seus olhos para o balcão. A garota de cabelos dourados olhou para frente e viu um copo sobre a madeira envernizada do balcão.

- Como sabe o meu nome? - indagou Marie segurando o copo com a ponta do polegar, do indicador e do dedo médio. Ela não lembrava-se de ter dito seu nome ao estranho. Ela lembrava-se apenas do nome dele. Petrus.

- Assim como eu sei o seu sobrenome. - ele sorriu antes de levar o copo a boca e beber o liquido numa só virada. - De La Barthe.

- O que você quer de mim?! - exclamou Marie ao devolver o copo ao balcão com violência, fazendo um pouco da bebida derramar. Era uma armadilha. Só podia ser uma armadilha. Nunca um homem pagaria-lhe uma bebida sem querer algo em troca. Ele saber o seu sobrenome, levava a coisa à um nível de alerta superior. Marie levantou-se da banqueta.

- Pensei que você e ela fossem parecidas apenas fisicamente. - Petrus estendeu o braço e puxou o copo destinado a Marie para ele. - Mas vocês tem o mesmo temperamento. - levou o copo a boca e bebeu o resto da bebida num único gole. - Explosivo! - Ele fechou os olhos enquanto o liquido percorria queimando por sua garganta. Abriu os olhos azuis e encarou Marie como se a analisasse em busca de alguma coisa que a diferenciasse da irmã. Marie entendera que Petrus referia-se a sua irmã Jolie. - Se me permite o conselho, fique longe dela. - Os olhos de Petrus desviaram-se para a multidão. Marie os acompanhara.

Jolie caminhava em sua direção e para o descontentamento de Marie, ela vestia a mesma fantasia que a irmã. Alguns metros atrás dela, estava Eros. Ele também caminhava em direção ao bar. Uma mulher cruzou seu caminho. O modo de caminhar da mulher era familiar para Marie. Uma voz rouca com um leve sotaque russo disse em seu ouvido "Nunca confie em uma raposa.". Alicia. A mulher que caminhava em direção a Eros era Alicia.

Marie virou-se para trás para perguntar a Petrus sobre o qual eram os planos de Jolie, mas a banqueta estava vazia, assim como o par de copos em cima do balcão. Ele havia desaparecido. Ela podia jurar que ele estava ali há poucos minutos. A garota de cabelos dourados ergueu o pescoço a procura dele em meio a multidão e não encontrou nenhum sinal de Petrus. Ao olhar para frente, deparou-se com Jolie. A irmã gêmea de Marie ostentava um sorriso malicioso nos lábios com batom vermelho-sangue. Por trás dos ombros de Jolie, Marie pode ver algo que a fez paralisar. Todos os seus planos de declarar-se para Eros se desfizeram no ar ao vê-lo nos braços de Alicia.

- Você deveria ter o escutado. - Jolie olhou para trás, em seguida pousou seus olhos na irmã. - Nunca confie em uma raposa. - Os olhos de Marie eram como comportas de uma represa prestes a serem abertas. Por um segundo, ela desviou os olhos para a irmã que segurava em uma das mãos uma seringa com um liquido esverdeado. Antes que pudesse realizar qualquer movimento, Jolie aproximou-se dela com a agulha da seringa. - Non movet! - Marie estava paralisada. Por mais que tentasse, não conseguia mover suas pernas ou qualquer outra parte do corpo. Jolie usara um feitiço para paralisa-la e agora injetava o liquido esverdeado em uma das veias de seus braço. Uma lagrima escorreu pelo seu rosto. A garota de cabelos dourados sentiu-se tonta por alguns segundos. - Movet! - O corpo de Marie estremeceu. Seus movimentos haviam voltado, mas ela sentia que algo estava faltando. Magia. Ela não conseguia sentir a sua magia. A substancia que Jolie lhe injetara, bloqueara sua magia. A única coisa que preocupava Marie naquele momento era por quanto tempo ela ficaria sem seus poderes.


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Post Mortem Vol. 1 - O Livro dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora