Capitulo XXXVII - O Ritual

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Marie não conseguia disfarçar a sua expressão de desconforto enquanto Jolie arrumava as velas ao redor do caixão de Samantha. Talvez, a ansiedade de Eros contribuísse para isso. Ele andava de um canto para o outro daquele comodo escuro e úmido em passos lentos encarando as teias de aranha no teto. "É, parece que eu me tornei um inseto preso em uma dessas teias", pensou Eros com ironia, referindo-se ao acordo feito com Jolie.

No chão, em volta do caixão, havia um circulo desenhado com sal. "Você, como uma bruxa, deveria saber que é preciso um circulo de sal ao redor das pessoas envolvidas no ritual". As palavras do mendigo ecoaram na mente de Marie. Ela se esquecera desse detalhe uma vez e quase custara a vida de Eros e agora, graças a um circulo de sal e algumas velas, ela corria o risco de perder ele de vez para uma garota com mais de cem anos de idade.

Jolie segurou a mão pálida e gelada de Samantha de pronunciou algumas palavras que Eros e Marie não conseguiram entender e soprou-a levemente. "Sed liberta nos a malo. Amem", disse Jolie em voz baixa antes de devolver a mão ao peito de Samantha. A garota de cabelos dourados abriu o Livro dos Mortos e folheou algumas páginas. Eros havia parado de andar de um lado para o outro e aguardava o próximo passo de Jolie.


O ar frio da madrugada gelava as maçãs do rosto de Emily. Seus olhos estavam imersos em lágrimas enquanto segurava a mão gelada de Julian, caída ao lado da cadeira do caçador. Naquele momento, ela não estava mais preocupada sobre onde estariam os outros. As lembranças com Julian passavam em sua mente como um filme. A forma como ele a provocava, chamando-a de "Mulher dos gatos", ou quando eles jantaram juntos no Magdalen e transaram em cima de uma moto. Julian sempre foi impulsivo, ela sempre soube. Não havia como negar, ele era um caçador. Ele sempre agiria por impulso.

- Emily. - disse Paul aproximando-se da garota sentada no chão. - Já faz um bom tempo que eles se foram. - O garoto gaguejou antes de dizer as seguintes palavras. - Ta-talvez, eles não tenham co-conseguido. - Thierry colocou a mão sobre o ombro de Paul. - Você quer vir com a gente? E-ele mora em um apar-apartamento aqui perto.

- Ele não pode acabar assim, Paul. - disse Emily com a voz tremula. - Ele é um Caçador, não é? - a garota exibiu um sorriso triste no canto da boca. - Julian Fynne é como uma barata. Ele não pode mo... - Emily puxou o máximo de ar que conseguia para dentro de seus pulmões. - Ele não pode morrer assim. - Mais lagrimas escorriam pelo seu rosto. Paul sentiu seu peito apertar, mas ele não podia obriga-la a ir com ele e Thierry. Ele deveria respeitar o momento dela, então lançou-lhe uma olhar que Emily entendera como "Vai ficar tudo bem". Paul apoiou-se em Thierry enquanto caminhavam em direção a saída do Urbain Grandier.


As velas no chão se acenderam numa rajada de vento. Eros acompanhava os acontecimentos próximo a abertura feita pelo machado na parede. Uma parte dele ainda temia o retorno de Petrus. Dentro do circulo de velas, estavam as gêmeas D'Barthe e o caixão de Samantha Smith. Eros sentia que a qualquer momento, a garota de seus sonhos despertaria numa lufada de ar. As pernas de Marie não conseguiam disfarçar sua impaciência, sua vontade de sair daquele lugar que lhe causava calafrios. Jolie recitava o feitiço escrito no Al Azif, em um idioma que Eros não conseguia compreender, e em seguida, Marie repetia as palavras pronunciadas pela irmã.

As chamas das velas dançavam de um lado para o outro assim como os cabelos de Samantha na mente de Eros. Sua visão foi perdendo o foco gradativamente até fechar os olhos. As vozes das gêmeas haviam cessado. "Eros", disse uma voz doce que, naquele momento, ele já estava habituado a ouvir. "O nosso amor é mais forte do que a morte?".

Eros abriu os olhos. Ele estava na sala, de frente para a estatua do anjo, assim como estivera quando conversara com Samantha antes dela ser cercada por Massas Negras. "Você acha mesmo que ela irá lhe perdoar? Você é o culpado pela morte dela". Eros parecia confuso, mas ele podia jurar que a voz de Samantha vinha da estatua. Ele esticou a mão e tocou o rosto de pedra a sua frente e como num choque, Eros pode ver novamente a imagem do homem que ele e Jolie viram quando a garota de cabelos dourados tentava acessar o seu passado. Eros sentiu o corte na mão do homem, arder em sua própria mão. Ele estava cada vez mais certo de que ambos eram a mesma pessoa.

A imagem do homem desapareceu e Eros estava diante do anjo novamente. "Quem é você?", perguntou ele dando um passo para trás. As luzes da sala piscavam e o chão parecia se mover. Os olhos do anjo se abriram. "Você ligou sua vida a dela há muito tempo atrás. Você selou o destino dela ao seu". Eros olhou para a própria mão e viu o sangue escorrer do corte na palma. "Você amou muito uma garota, mas foi egoísta ao disputar a vida dela com a morte, ou melhor, a sua própria morte". Eros cerrou o punho e levantou em direção ao rosto da estatua. "EROS!", gritou uma outra voz fazendo-o abrir os olhos.

O punho cerrado de Eros estava a centímetros de distancia do rosto de Marie. A garota de cabelos dourados estava com os olhos arregalados. As velas haviam se apagado e Jolie aguardava do lado de fora do circulo. Eros abaixou a mão. Marie encarou-o uma ultima vez antes de sair daquele comodo escuro sem nenhuma palavra. Jolie aproximou-se de Eros.

- Está feito. - disse ela enquanto caminhava em direção a abertura na parede. - Transferi o feitiço de Imortalidade de Aldrick para Samantha. Em poucas horas, ela e o caçador estarão vivos novamente.



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