Nota do autor: Olá, gostou do capitulo anterior? Pretende continuar acompanhando a história? Então dê um voto. É simples, é só clicar nessa "estrelinha". Muito obrigado e Boa leitura!
Paul começava a sentir-se melhor. Era como se a fera dentro dele tivesse sido atingida por um dardo tranquilizante. Seu braço ainda estava adormecido onde Thierry injetara-lhe a substancia responsável por sua melhora.
- Você está melhor? - perguntou Thierry à Paul que assentiu com a cabeça. - Selena me avisou que você estava com problemas. - disse ele olhando ao redor. As paredes escuras e sujas, as cadeiras com cordas, os corpos dos seguranças. Paul desviou o olhar para a seringa no chão. - Wolfsbane. - disse o homem a sua frente como se entendesse o que Paul queria perguntar com aquele olhar. - Pensei que pudesse ser útil. É uma erva usada para acalmar a fera dentro de nós. - Thierry deu um leve sorriso enquanto olhava nos olhos de Paul. - Você é mesmo muito parecido com ele.
- Ele quem? - perguntou Paul enquanto esforçava-se para encostar na parede. Ele nunca ouvira falar daquela erva, mas agradecia por ela ter chegado a tempo. Ele não conseguia imaginar o que teria acontecido sem a ajuda de Thierry, já que Marie e Eros haviam ido embora e deixado-o ali.
- Hector Licaonte. - O nome soava familiar para Paul, mas ele não conseguia lembrar-se. Era como uma memória enterrada em sua mente. - Ele era o Alfa do meu bando. - O coração de Paul começou a bater mais forte ao lembrar do que Selene havia dito-lhe sobre o seu pai ser o Alfa do bando. - É uma pena que ele tenha morrido.
- E-Ele é o meu pai? - perguntou Paul como uma criança que nunca vira o pai em toda sua vida. - Thierry cerrou as sobrancelhas. Ele sentia que não deveria ter dito que o Alfa estava morto, mas assentiu com a cabeça. Paul olhou para as mãos pálidas. Thierry colocou suas mãos suadas e frias sobre as dele. O garoto de cabelos cacheados levantou a cabeça e seus olhares se cruzaram. Paul apertou as mãos de Thierry com força e caiu em seus braços. Ele ainda tinha esperanças de conhecer o pai um dia, e agora que encontrou alguém como ele, recebera a certeza de que nunca mais o conheceria. O cheiro de suor que exalava de Thierry deixara Paul levemente inebriado. Sentiu os pelos da nuca arrepiarem e imediatamente afastou-se de Thierry. - Onde estão os outros? - perguntou Paul referindo-se a Jolie e Petrus.
- Espero que estejam bem longe daqui. - respondeu secamente. Paul começava a perguntar a si mesmo o que aconteceria com Petrus. Ele tornaria-se um lobisomem? Apesar de ser um, mesmo que tenha descoberto a pouco tempo, Paul ainda acreditava que alguns dos mitos por trás dos filmes poderiam ser reais e que Petrus poderia se tornar um deles após ser mordido.
- Sabe, eu sempre sonhei em reencontrar a minha família um dia, porque eu sei que eu tenho, eu tive, eu tinha que ter. - Paul perdia-se em seus pensamentos. Talvez a presença de Thierry tão perto de seu corpo o deixasse nervoso. Ele sabia que ali não era o momento nem o local certo, mas ele queria poder tocar aquele corpo. Uma voz dentro de sua cabeça ecoava, ordenando-lhe a controlar seus instintos. - E agora, eu não tenho nada.
- Me dê sua mão. - ordenou Thierry enquanto levantava-se do chão e estendia uma das mãos à Paul. - Talvez eu possa ajudar em algo. - Paul segurou em sua mão e levantou-se. Ele era alguns centímetros mais baixo que Thierry. - Quero que feche os olhos. - Paul sorriu. Há poucos minutos atrás, ele estava a beira da morte e agora estava de frente para outra criatura sobrenatural como ele. Fechou os olhos enquanto segurava as mãos de Thierry. - Respire fundo. - Por um breve momento, Paul lembrou-se de Selena quando ela tentara ensinar-lhe sobre seus sentidos amplificados após a primeira transformação. - Está tudo escuro, não está? - Paul assentiu com a cabeça. Suas mãos começaram a formigar. Seu corpo parecia não tocar o chão. Sentiu alguma coisa úmida passar pelos seus pés. Eram como... "Folhas?", pensou Paul enquanto cerrava as sobrancelhas. Ele abriu os olhos. Suas mãos ainda seguravam as de Thierry que o aguardava abrir os olhos com um sorriso no rosto. Eles estavam em uma floresta.
Os olhos de Paul brilhavam ao ver todas aquelas arvores, folhas e insetos de todos os tipos em um só lugar. Ele não sabia como tinha ido parar lá, mas por alguns segundos, sentiu-se finalmente em casa. Mais a frente havia uma clareira com cerca de seis ou sete barracas armadas. Uma fogueira recém apagada no centro. Haviam quatro crianças correndo ao redor da fogueira. Uma delas parecia-se muito com Thierry. Paul não conseguiu evitar o sorriso formar-se no canto da boca.
Uma das crianças dispersou-se da brincadeira e caminhou em direção à uma das barracas. "Mamãe? Mamãe?" perguntou, sem obter resposta. Paul sentiu um aperto no peito, como se entendesse o desespero do garoto que procurava pela mãe. Soltou as mãos de Thierry e caminhou em direção ao garoto. "Mamãe? Cadê você? Papai?". Paul chegou bem próximo da criança, mas ela parecia não conseguir vê-lo ali. As outras crianças haviam entrado nas demais barracas. Paul continuou a acompanhar os passos do garoto que procurava pelos pais. Ambos adentraram pela floresta. Galhos estalavam a cada passo. Podia-se ouvir o som dos pássaros voando. Estava anoitecendo.
Um grito ecoou pela floresta. Paul e o garoto paralisaram. Olharam atentos a qualquer movimento. Outro grito. Paul e o garoto começaram a correr. Os galhos fechavam-se pelo caminho, arranhando os braços do garoto. Paul sentia arder em sua pele. Quando ambos pararam de correr. Um frio percorreu a espinha dos dois. Numa clareira iluminada pela luz da lua crescente, Paul viu uma mulher de cabelos cacheados caídos sobre os seios nus, caída de joelhos. O cabelo grudava no rosto suado. Podia-se ver a pupila de seus olhos dilatada, rodeada por um fino anel vermelho. Outro grito e garras substituíram suas unhas enterradas na terra úmida. "Paul, volte para a cabana!".
Os olhos do garoto encheram-se de lagrimas. Paul pensou em gritar "Não!", mas a voz estava presa na garganta do garoto. Paul encarou o homem que ordenara o garoto voltar à cabana. Ele estava a alguns metros de distancia da mulher que se transformava. Era como se Paul estivesse vendo um reflexo. "Você é mesmo muito parecido com ele". A frase de Thierry ecoou em sua mente. "Hector Licaonte?" perguntou a si mesmo, enquanto o garoto perguntava "Papai?". Aquele garoto era ele. Aquele garoto era Paul. A mulher em transformação era sua mãe e o homem que estava ao lado dela, era seu pai. Sem que pudesse controlar as próprias pernas, Paul virou as costas e correu pela mata fechada, poucos metros atrás do garoto, até tropeçar em um tronco e cair no chão. Fechou os olhos. Estava tudo escuro novamente.
Paul abriu os olhos. Estava de volta ao Urbain Grandier e desta vez, estava envolvido pelos braços do outro lobisomem. "Eu sinto muito", disse Thierry com pesar. O garoto de cabelos cacheados olhou para o lado, com os olhos ainda pesados e marcados pelo cansaço. Emily acabara de despertar e praticamente saltara da cadeira para certificar-se se Julian havia voltado a vida.
- Julian! Julian! - Emily chacoalhava os ombros do caçador. - Por que você não acorda?! - Segurou a cabeça tombada em suas mãos. - Eu consegui... Eu consegui das outras... das outras vezes. - A voz de Emily saia entrecortada pelo choro preso em sua garganta. - Volta pra mim! - Exclamou ela antes de desmoronar. Seus joelhos tocaram o chão, assim como as lagrimas que escorriam pelo seu rosto.
* * *
Gostou? Deixe seu voto para que eu continue a postar, comente para que eu saiba sua opinião e adicione a história sua Lista de Leituras para não perder as atualizações.
Obrigado! :D
VOCÊ ESTÁ LENDO
Post Mortem Vol. 1 - O Livro dos Mortos
FantasyHISTÓRIA VENCEDORA DO THE WATTYS (2016) NA CATEGORIA "VOTO POPULAR". Eros Gauthier muda-se para a antiga casa de Samantha Smith, uma garota morta há mais de um século, com quem mantém uma misteriosa ligação, após o convite de Julian Fynne, seu melho...