Capitulo VII - A Bastarda

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Londres, 25 de setembro de 1864.

Querido diário,

Já se passou mais de uma semana desde o acontecido. A falta que ela me faz não se compara a nada que eu possa mensurar. Chego a questionar minha sanidade, minha crença num Deus que parece não querer atender meus pedidos, num mundo onde o Demônio oferece-se para ceder favores aos meros mortais em troca de algo. Seria por isso que Deus parece não me escutar? É por que não tenho nada a oferecer em troca? A única coisa que eu tinha nessa maldita vida, era minha Samantha, e sem ela, nada mais parece fazer sentido. Se ela fosse como o pai, teria retornado e eu não estaria completamente sem rumo como me encontro nesse exato momento. Tenho que aceitar a dura realidade de que minha menina nunca irá voltar.

Londres, 28 de Outubro de 2010.

Eros folheava aleatoriamente as paginas amareladas do diário de Elizabeth Smith. Nada do que ele tinha lido ate aquele momento parecia fazer sentido. Varias paginas foram arrancadas ou rasgadas ao meio, impossibilitando qualquer compreensão que o levasse a uma resposta concreta sobre o passado de Samantha. Uma coisa ele tinha certeza, em seus últimos dias de vida, Elizabeth estava enlouquecendo, como a Madame Albretchs havia dito na historia que ela contara a Eros. "Se ela fosse como o pai, teria retornado". A frase ecoava na mente do rapaz sentado na poltrona da sala de estar. "Retornado... a vida?" perguntou Eros a si mesmo. "Robert Smith morreu poucos anos depois da morte de Elizabeth. Então porquê Samantha retornaria se fosse como o pai?" Aqueles pensamentos faziam nós na cabeça de Eros. Ele não conseguia encontrar a lógica naquelas palavras. Haviam duas páginas grudadas. Se ele não fosse cuidadoso ao separa-las, rasgaria ambas. Com todo o cuidado, conseguiu. - Pelo menos a do dia 9 de setembro. A outra página havia rasgado.

Londres, 9 de setembro de 1864.

Querido diário,

Uma bastarda! Depois de todos esses anos, ele me diz que existe uma bastarda! Estou furiosa. Sei que não deveria, uma vez que carrego uma mentira há quase dezoito anos, mas ele não tinha o direito de fazer isso comigo. Eu errei no passado, mas ele parecia ter mudado. Abandonou a bebida, dedicava-se exclusivamente a mim e Samantha, enquanto por baixo dos panos, deitava-se com outra. Não outra qualquer, mas uma mulher que cheguei a considerar como uma amiga. A única a quem confiei meu segredo durante todos esses anos. Dupla traição e como se não bastasse, eles geraram uma bastarda!

Pouco tempo depois de descobrir que estava gravida de Samantha, essa mulher que se julgava minha amiga, disse ter engravidado de um estranho e que sua família não aceitaria acolher uma mãe solteira, portanto ela mudaria-se para Paris assim que a criança nascesse. Era tudo mentira. Robert a pagara com uma quantia de dinheiro suficiente para mante-la longe e calada por alguns anos. E quando a bastarda completou treze anos, ela retornou com a filha e casada com outro homem. Mas ela ainda não estava satisfeita. Ela queria que Chistine D' Barthe tivesse direito a tudo o que Samantha tinha.

Eros fechou o diário e o arremessou sobre a cama desarrumada. Olhou o relógio na tela do celular. Ele estava atrasado. Julian havia, praticamente, o intimado a sair com ele naquela noite. Eros só esperava que ele não o levasse para o Urbain Grandier outra vez tão cedo.

Entrou de baixo do chuveiro. A água quente caia sobre o seu corpo. O vapor d'água embaçava o espelho. Parou diante de seu reflexo. Passou a mão pelo queixo e sentiu a barba pinicar. Pensou em fazê-la, mas achou melhor deixa-la crescer mais um pouco. Enxugou-se e vestiu uma camiseta branca lisa por baixo da jaqueta de couro preta assim como a calça jeans e calçou um tênis branco. Ao contrario de Julian que demorava horas para decidir a roupa que usaria, sendo que sempre optava pelas roupas pretas no final, Eros não tinha problemas com escolha de roupas, geralmente vestia a primeira que encontrasse pela frente.

Post Mortem Vol. 1 - O Livro dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora