Capítulo Extra - A Bruxa e o Caçador

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Olá, Imortems. Tudo bem? Vocês acharam que "O Livro dos Mortos" acabaria assim mesmo e vocês já correriam para devorar "O Retorno dos Mortos"? Pois se acharam, estão completamente enganados. Esse é o primeiro dos 3 (três) capítulos extras do primeiro volume da série "Post Mortem" que eu postarei em comemoração e agradecimento às 18.000 leituras.

Se gostar, já sabe. Deixa seu voto e seu comentário. Obrigado :D


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Os acontecimentos a seguir se passam após o capitulo "A Bastarda".


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O carro de Emily estava estacionado do outro lado da rua. Ela estava parada de frente pra Julian ao lado de sua moto. Ele permanecia imóvel. "Sim, eu topo transar com você em cima da moto". A frase ainda ecoava em sua mente. Aquilo parecia tão errado. Ele um caçador, ela uma descendente de uma família de bruxas. Os olhares se cruzaram. Estava tão claro quanto a luz do poste que os iluminava que ambos queriam aquilo. Ambos queriam se entregar um ao outro.

– O que está esperando? - indagou Emily dando um passo a frente. – Vai ficar ai só olhando? - Julian mordeu os lábios levemente e avançou em direção a Emily. Suas mãos apanharam e apertaram a cintura dela. Controlando sua força para não machuca-la, ele a levantou no ar. As pernas de Emily se cruzaram em torno do corpo de Julian. O caçador girou para o lado e a sentou sob o banco da moto. Algumas vozes cresciam atrás de Julian. Ele virou o rosto para o lado e viu algumas pessoas saindo do Magdalen. Por um breve momento, ambos se esqueceram que estavam em um lugar público. - O que foi, caçador? Por que tão sério? - Emily sorriu. Seus mãos estavam apoiadas no banco da moto. Seu cabelo negro estava caído sobre as costas.

- Quer ir para outro lugar? - perguntou Julian voltando seu olhar para a garota a sua frente. Emily olhou para o guidão da moto e notou que só havia um capacete. - É, temos esse pequeno probleminha. - Emily revirou os olhos, empurrou os ombros de Julian e saltou da moto.

- Qual seu maior medo, caçador? Ser preso por transportar uma garota sem capacete ou transar com ela em público? - Julian arqueou uma das sobrancelhas, estendeu o braço para alcançar o capacete. Colocou-o na cabeça e subiu na moto. Emily sorriu maliciosamente e subiu na garupa.

Julian acelerou, ignorando os olhares das pessoas que saiam do restaurante. O vento frio levantava o cabelo de Emily, misturando-o com o escuro da noite. O caçador seguiu por ruas estreitas e pouco movimentas, evitando maiores problemas por transportar alguém sem capacete. Ela não era uma pessoa comum. Ela era a mulher dos gatos. Linda, selvagem e decidida. Se ela tinha decidido que Julian a teria naquela noite, ele não poderia voltar atrás. Poderia ser sua única chance com ela. A moto parou em um beco escuro.

– Esse é o lugar mais romantico que você encontrou? - perguntou ela ao descer da moto. Era um beco estreito e extremamente escuro. A luz da lua permitia que ambos vissem os contornos um do outro. Julian desceu e tirou o capacete. A pouca luz refletiu nos olhos de Emily, dando a sensação de serem levemente amarelados como os de um gato.

Julian aproximou-se dela e apoiou as mãos em sua cintura novamente. Puxou-a para perto de si. Passou uma das mãos por debaixo do cabelo volumoso e ajustou-a em torno do pescoço de Emily. Julian abaixou a mão, segurou a garota pela cintura e levantou-a no ar, colocando-a sob o banco da moto. O caçador juntou seu corpo ao dela enquanto suas mãos levantavam levemente o vestido preto de Emily. Ela jogou a cabeça para trás. Uma das mãos de Julian passava por baixo do vestido, serpenteando o corpo de Emily, passando pelos seios até tocar a sua nuca. Em seguida, ele a retirou enquanto a beijava. A outra mão do caçador já havia tirado o cinto e preparava-se para desabotoar e abaixar o ziper da calça.

Os corpos suavam ignorando o frio que a madrugada trazia. Emily passou as mãos ao redor do pescoço de Julian. Então, houve a explosão. Era um misto de prazer e dor que Emily nunca havia vivenciado. Era como se fossem imãs colocados em posições opostas. Ambos queriam se encaixar, se conectar um ao outro, mas algo os repelia. As pernas de Emily tremiam assim como os braços de Julian. A moto oscilava, por um breve momento parecia que ia cair junto com eles.

- Sr. Fynne. - Julian ouviu uma voz o chamar. Mas apesar da semelhança, não era a voz de Emily. Ela estava de olhos fechados, gemendo em silencio, com o suor escorrendo no rosto. - Rápido, não temos tempo. - prosseguiu a voz. Julian estava exausto, mas não queria parar. Naquele momento, o caçador sentia que ele e Emily eram um só corpo. - Mate-me! - gritou a voz. Emily gemeu em voz alta. Julian abriu os olhos e deu um passo para trás. A mulher a sua frente não era Emily.

- Sabes que não posso fazer o que me pedes. - Não era a voz de Julian, mas as palavras saiam da sua boca sem que pudesse controlar. A mulher a sua frente era muito parecida com Emily. Os cabelos negros caidos sobre os ombros. Os olhos levemente amarelados. Ela segurava o homem cujas palavras saiam da boca de Julian pelas roupas. Ele olhou ao redor e tudo o que via era o fogo se alastrando pela pequena cabana onde eles se encontravam.

- Sr. Fynne, sabes tão bem quanto a mim que não poderemos ficar juntos. Vossa família o amaldiçoará por estar comigo. O senhor se tornarás um renegado. - Julian lembrou-se da palavra usada pela mulher. Renegado era um termo designado aos caçadores que não seguiam o legado de caçar as criaturas da noite, as criaturas sobrenaturais. - O vilarejo todo está a minha procura. Acreditam que estás sob meus encantos, mas meu amo, tudo o que sinto é puro, é verdadeiro. - Julian ainda parecia confuso com o dialogo, mas sentia que a mulher estava sendo sincera em suas palavras. - Eu te amo, Sebastian Fynne. - O nome acendeu como uma fogueira na mente de Julian. Sebastian Fynne era um dos seus antepassados.

A história conta que ele foi enfeitiçado por Helóise Waterhouse e que como castigo, ele não foi destinado a ser um renegado, mas toda a sua linhagem foi amaldiçoada. O ódio no sangue dos Fynne deveria ser maior que o amor que eles sentiriam pelos descendentes da família Waterhouse por toda a eternidade. Almas gêmeas que estariam fadadas a morrerem um pelas mãos do outro até o fim dos tempos.

- Mate-me e acabe com a maldição que paira sobre nós. - implorou a mulher a frente de Julian. - É o único modo. - O fogo se alimentava de tudo que estava ao redor. Se ele não atendesse o pedido de Helóise, ela morreria e a maldição continuaria a persegui-los para sempre. Ele preferia viver sob a maldição do que perde-la de vez. - Por favor. - As mãos finas de Helóise tocaram o arco munido de uma flecha que Sebastian segurava. Os olhos do homem tremiam. Ele queria chorar, mas não deveria. Ele tinha que manter-se firme. Sebastian deu um passo para trás e apontou o arco e a flecha na direção de Helóise. Ela fechou os olhos e deu um respiro profundo. Após alguns segundos, ela abriu os olhos e Sebastian não estava mais lá. Do lado de fora da cabana em chamas, ele a ouviu gritar o seu nome. Abaixou a cabeça, fechou os olhos e sentiu a lágrima pesada cair.

- Julian. Julian!. - Ele abriu os olhos. - Está tudo bem. Já passou. - disse Emily.

Post Mortem Vol. 1 - O Livro dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora