Capitulo XI - Barreiras

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O mendigo ajudou Marie a colocar Eros deitado sobre a cama. Ela não sabia quem era aquele homem, mas só o fato de alguém estar ajudando Eros já a fazia sentir que deveria confiar nele. O homem encostou as costas da mão suja sobre a testa de Eros afim de saber se ele apresentava febre. Ele estava pálido e frio. Seus olhos estavam fechados e sua boca levemente roxeada tremia. Marie correu rumo ao guarda-roupa em busca de um cobertor ou qualquer coisa que pudesse aquece-lo. Encontrou um lençol azul claro, ainda com cheiro de amaciante. Aquilo deveria ajudar. Jogou o lençol sobre o corpo de Eros até a altura do peito.

- Você pode mesmo ajuda-lo? - perguntou Marie voltando o olhar para o homem ao seu lado. - Por favor. - lagrimas formavam-se nos cantos dos olhos da garota. - É tudo minha culpa, não é? - as lagrimas escorreram pelo seu rosto sem que ela tivesse a chance de tentar impedi-las. - Eu não devia ter feito isso...

- Deixe-me ver. - o homem de barba em tons de cinza aproximou-se de Eros e segurou-lhe a mão. O silencio ecoava pela casa, exceto pelos soluços abafados do choro de Marie.

Os olhos do homem se fecharam. Flashes de luzes vermelhas cintilavam em sua mente. Tudo havia ficado mudo. Ele não podia ouvir mais o choro de Marie, nem mesmo ve-la. Tudo que ele via eram as luzes. Aos poucos tudo escureceu. Não havia mais luzes, apenas um vermelho-sangue escuro. Gradativamente, imagens começavam a ser projetadas naquela especie de tela cinematográfica inconsciente. Som de disparo. Sangue. Um corpo no chão. A imagem tremula começava a girar, movendo-se em camera lenta e em seguida, violentamente. Escada. Chão duro. Frio. Janela. Tempestade. Os respingos de chuva formavam uma lamina fina de agua. Outra imagem parecia se diluir em meio a água. Carro. Desespero. Corpos. Vermelho. Cabelo. Força. Aperto. O homem abriu os olhos. A mão de Eros apertava a dele com força enquanto revirava-se na cama.

As lagrimas no rosto de Marie haviam secado. Seus olhos estavam arregalados de surpresa por Eros ter demonstrado alguma reação. Ela começava a sentir sua consciência mais leve. Ele iria ficar bem. Ela sabia disso. Ela queria isso. O mendigo conseguiu soltar-se da mão de Eros. Parecia estar fraco. Marie não sabia o que havia acontecido, mas tudo o que importava para ela, era que Eros ficaria bem, graças a ajuda daquele homem.

- Como... Como você... Como você conseguiu? - perguntou a garota de cabelos dourados, sem jeito. Não sabia por onde começar. Agradeceria-lhe ou o encheria com suas perguntas? Aproximou-se do homem sem tirar os olhos do corpo de Eros sobre a cama. A cor retornara aos poucos a sua pele. Como ela queria poder beija-lo e soprar vida para dentro dele, como forma de compensa-lo por te-lo colocado naquela situação.

- Eu vi coisas que... - Os olhos do homem pareciam incrédulos. Aqueles imagens remontavam tempos diferentes, épocas diferentes, mas que pareciam estar ligadas de alguma forma que ele não conseguia explicar. - Coisas que eu não consigo compreender. - O mendigo caminhou rumo a janela e pôs-se a olhar a rua vazia. - O que vocês fizeram? - cerrou as sobrancelhas.

- Ele queria entender qual a ligação dele com aquela garota. - Agora que sentia-se menos culpada, Marie transferia a culpa para Samantha. Ela deveria ser a culpada. Ela tinha que ser a culpada. Eros vem sendo atormentado por ela desde que era criança e continua sendo, ainda mais agora vivendo sob o mesmo teto em que essa garota viveu e morreu. - E eu me ofereci a ajuda-lo. - Marie virou-se para o homem próximo a janela. - Evocando o espirito dela. - Sua expressão tornou-se amarga. Os traços angelicais, os quais Eros costumava se lembrar ao ouvir o nome dela, desapareceram de seu rosto. - Então, qualquer coisa que tenha acontecido para deixar ele desse jeito, é culpa dela. Toda dela!

Post Mortem Vol. 1 - O Livro dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora