Rosy Cheeks | zayn malik

Prologue

ROSY CHEEKS

                       PROLOGUE

Os meus olhos se abriram para ter a visão do moreno sentado confortavelmente sobre uma cadeira de mármore branca em meio à escuridão do quarto. A única luz existente provinha das frestas da cortina que cobria uma imensa janela ao fundo do cômodo, e sorri ao ver as lantejoulas pretas de meu vestido brilharem juntamente à imagem de nossas sombras no piso de concreto sob nossos pés. Mordi o meu lábio ao percorrer seu tronco descoberto, tomando total liberdade para demorar o meu olhar sobre a região de seu abdômen. O constante movimento em seu peito denunciava sua respiração ofegante e o ritmo acelerado de seu coração, além do suor traçando linhas suaves por todo o seu corpo. Movi meus pés em direção ao mesmo, e observei-o a olhar para a enorme fenda do vestido que deveria cobrir o caminho da minha coxa esquerda até o tornozelo. Mantive-me quieta em frente ao seu corpo incapacitado, e levantei sua cabeça ao puxá-la por seus cabelos molhados, obrigando-o a olhar para mim enquanto um sorriso malicioso revestia os meus lábios desesperadamente desejosos pelos seus.

"Não matarás..." Sussurrei em seu ouvido, movendo meus dedos por seu rosto macio, sentindo o fino rastro de barba pinicar a minha pele. Meus pés moveram-se de modo em que eu estivesse rodeando-o em um círculo, e sorri ao vê-lo engolir em seco. "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo, e não cometerás adultério..."

"Portanto digo que se vós fizerdes estas coisas de que vos falei, afundarás nas chamas do inferno." Quase senti o veneno escorrer por minha língua ao proclamar seu destino com veracidade, sentindo-o estremecer violentamente sob o meu toque. Eu queria que ele sofresse. Ele não era nada para mim, além mais uma alma atormentada que seria queimada no fogo do mais profundo inferno.

Pelo menos, era o que eu tentava dizer à mim enquanto engolia em seco. A pedra escura e corrompida em meu peito não mais podia ser chamada de 'coração', e obriguei-me a crer que não o amava de todo o coração, poder, mente e força, mas a realidade era algo completamente diferente. E eu odiava por isto. Ele retirou-me das lembranças alegres de uma vida ao lado daqueles que amava e jogou-me abruptamente em um mundo cheio de maldade e demônios internos com o qual eu teria de aprender a confrontar. Eu não estava preparada para lidar com a escuridão de sua alma sombria, e lentamente caí no feitiço inescrupuloso de suas mentiras e olhares.

E de repente, o moreno fez algo que deixou-me completamente vazia de toda a confiança que havia adquirido com o tempo em que permaneci ao seu lado. Ele riu. Sua gargalhada explodiu por todo o quarto, e senti como se meu corpo estivesse sendo espetado por mil facas ao mesmo tempo.

"Quem és tu para julgar-me, quando fizeste as mesmas coisas de que me alertas-te? Não arrependo-me de nada do que fiz, e sei que meu lugar já está reservado sob as chamas da grande fenda do universo, mas pessoas como tu, que estão no meio, que ainda não fizeram suas escolhas, terão um destino muito pior. Estarão condenadas a levar o fardo de que estão presas entre o bem e o mal por toda a eternidade, e não mais terão a chance de juntarem-se à algo maior do que vocês mesmos. Terão de conviver com a sensação de serem insuficientes até o dia em que o grande castigo cairá sobre vós, e digo-te que preferirás ter morrido em meio ao fogo do que em meio à glória daquele que virá, e os destruirá." Caí-me de joelhos, e percebi que nunca temos a certeza de nada, porquê são as incertezas e perguntas que nos fazem ser quem somos, além das escolhas que fazemos, que certamente trarão conseqüências drásticas para nossas almas. Somos frutos do nada que passou a ser algo no momento em que descobrimos que nossa existência tem algum propósito. Eu era a única que não sabia deste algo, mas agora sinto claramente que isto certamente é algo.

"Meu pecado não era especificamente isto ou aquilo, mas, consistia em ter um aperto de mãos com o Diabo. O Diabo me esmagou entre suas garras. O inimigo estava atrás de mim. Não havia nada que eu pudesse fazer para evitar cair em seu ciclo vicioso de falsa sensação de diversão."