Rosy Cheeks | zayn malik

trigésimo oitavo

ROSY CHEEKS

                      TRIGÉSIMO OITAVO

O sangue ainda mancha a pele exposta do meu corpo mesmo duas horas após os acontecimentos que mais uma vez fizeram-me acreditar que cada dia distancio-me mais do que era quando cheguei neste local, para ser moldada de acordo com os princípios doentios de Zayn. Tudo não passa de uma escolha minha no entanto, uma escolha que precisava ser feita para que a minha vida não corresse perigo, ainda mais do que ela já está correndo. Eu precisarei estar em perfeita ordem para o que planejo fazer desde o começo.

O ruído da porta a ser aberta me desperta, e pisco para espantar as lágrimas que molham a borda dos meus olhos. O meu cabelo está emaranhado e minhas mãos finalmente trêmulas, assim como os meus lábios e minha respiração. Como o esperado, eu permaneci calma durante o momento em que precisava de muita concentração para não exercer nenhum erro fatal, mas agora as emoções reprimidas estão emergindo de uma maneira assustadora, e não tenho mais nenhum controle sobre o meu corpo.

Ao invés de ser enviada de volta para o meu quarto, junto à todo o restante das garotas, o moreno exigiu que eu fosse deixada em seu quarto para esperar a sua chegada. Eu não havia discutido, mas eu realmente não estava com cabeça para a sua insanidade. Eu acabei de atirar em um ser humano sem o maior remorso de tê-la machucado, mesmo que tenha sido pela minha própria e exclusiva sobrevivência. Que tipo de pessoa se vira tão rapidamente contra os seus próprios princípios? Eu não queria ser esta pessoa, mas aproximava-me com rapidez do precipício e tornava-me cada vez mais hipócrita, ao ponto de ter dois pensamentos distintos em uma única frase. Pensamentos que se diferenciam entre o bem e o mal. O conflito que existia entre a minha personalidade antiga e a atual era evidente, e eu precisava encontrar uma maneira de terminar esta batalha de uma forma em que os dois lados saiam vitoriosos. Mas é do bem e do mal que estamos falando, e todos sabem que nesta guerra somente o lado mais forte é o vencedor.

Os seus passos ecoam sobre o piso e engulo em seco quando suas pernas esguias se encontram à frente dos meus olhos, e ergo o olhar para ver a sua expressão confusa. Eu riria se não estivesse tão abalada. Ele provavelmente achou que por causa da minha aparência confiante, destemida e forte no campo de batalha, eu não estava nenhum pouco afetada por minhas ações. Ele deveria ter achado que eu havia dado um passo gigante para me tornar como ele, gélida e incapaz de sentir alguma emoção pelas pessoas. Eu não me achava superior à todos como o mesmo, nem ao menos queria me tornar dona de um império manchado de sangue e luxúria. Tudo o que eu queria era ter a minha vida de volta.

Lentamente, a sua expressão passou de confusa para irônica, e o sorriso malicioso em seus lábios fez com que o meu estômago se embrulhasse ainda mais. "Você não parece tão forte e confiante agora, não é mesmo?"

Eu não o respondi. Ao invés disso, abaixei a minha cabeça e tentei controlar a minha vontade de vomitar em seus sapatos absurdamente caros. Eu desesperadamente queria ter algo bom para falar, algo que calasse a sua boca envenenada de uma vez por todas.

"Devo dizer que estou surpreso. Não é a primeira vez que presencio uma situação como esta." O sorriso em sua face se expande e envia-me calafrios. "Todo rato tem um rabo longo, todo rato tem um faro esperto."

"Todo rato curte escuro. Lambe restos. Todo rato deixa rastros." Terminei o seu ditado, e no final percebi que estávamos falando de mim. Ele sabia. O tempo todo em que tentávamos nos esconder de seu alcance, havíamos caído em uma armadilha imperceptível que nos revelou como uma criança tentando roubar doces na cozinha de madrugada. Nós somos os ratos que deixaram rastros imperdoáveis.