Rosy Cheeks | zayn malik

vigésimo sexto

ROSY CHEEKS

VIGÉSIMO SEXTO

20:00 PM

Vermelho como o pecado.

A cor vibrante se espalhava pelo vestido com agressividade, como se um balde de tinta houvesse sido jogado sobre o mesmo, os rastros finos se desenrolando no tecido como um veneno percorre as veias de um determinado organismo vivo. Os meus olhos estavam fixos na imagem da mulher que o vidro espelhava, mas que não se parecia nada comigo, ou com o que algum dia já fui. Eu costumava me sentir insegura com a minha aparência, o modo como era alta demais, morena demais, e tinha uma grande dificuldade em relacionar-me com pessoas em geral, mas todas estas inseguranças evaporaram assim que o meu cérebro ocupou-se com problemas mais importantes, como o fato de estar sobre o mesmo teto que um sádico assassino, e de estar sendo utilizada para a sua satisfação pessoal, e como se não bastasse, sob a companhia de outras garotas que não hesitariam em trocar-me por sua liberdade, e encontrei-me surpresa ao perceber que eu também o faria sem ao menos pensar duas vezes.

Era quase hipócrita o modo como pensava sobre a minha família, somente lembrando-me do que eles pensariam sobre mim, ou o quanto eu sentia a sua falta, quando não estava ocupada demais em tremer e gemer sob o toque efervescente do moreno, os seus lábios chupando e mordicando a minha pele sensível e arrepiada pela sua respiração quente em meus poros. Por mais que eu tente concentrar-me em não satisfazer suas vontades e prezar pela minha moralidade, os meus esforços acabam se tornando em vão, quando ao escutar o timbre rouco e imponente de sua voz, sei que se não o fizer, acabarei enterrada em uma cova, e somente então irei perceber que teria sido mais sensato e inteligente denegrir a imagem de garota obediente aos limites impostos por seus pais do que ter a vida encerrada por ter praticado a desobediência uma única vez.

Logo após termos voltados da segunda sessão de fotos, fomos avisadas de que o moreno tornaria a voltar à mesma casa noturna que havíamos ido há algum tempo atrás, sendo que o mesmo ainda não tinha usufruído de sua segunda noite do mês. Tivemos um dia cheio hoje, e eu podia dizer que estava tremendamente exausta, já que os meus olhos se fechavam a cada dois minutos, e eu mal podia-me equilibrar sobre o salto em meus pés, mas sei que nunca me deixariam sozinha neste lugar, ou qualquer outra garota.

"Este vestido fica bem em você." Viro-me para encontrar Sarah, uma das dez garotas restantes na competição. Ela tem círculos escuros debaixo dos olhos, um sinal de noites mal dormidas, e um sorriso deprimente em seus lábios. Ela nunca foi de se relacionar muito com outras garotas, embora esteja aqui há mais tempo do que eu. Acho que a mesma não se adaptou muito bem ao estilo de vida que tem de levar, e até mesmo eu não teria se não tivesse de ser forte o suficiente para voltar para casa. Ela não deveria ter ninguém por quem lutar, e o pensamento deixou-me subitamente triste e desconfortável, como se algo estivesse engasgado em minha garganta. Talvez fossem as lágrimas que eu procurava manter escondidas durante todo este tempo.