vigésimo primeiro

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ROSY CHEEKS

           VIGÉSIMO PRIMEIRO

Os dedos do moreno estavam doloridamente entrelaçados aos meus, devido à força utilizada para que os mesmos não se soltassem facilmente. Supus que a súbita preocupação fosse em relação à questão do "desmembramento", que ele havia-me dito no carro, e engoli em seco, permitindo-me a ser arrastada pelo mesmo até a casa.

Haviam algumas pessoas nos aguardando na entrada da casa, e somente agora percebo que desde que cheguei neste local, não tenho visto tantos empregados como pensei que veria no momento em que encontrei-me dentro da enorme mansão. Supus que o moreno não se sentisse confortável com o deslocamento de seus empregados pela mansão, mas em algum momento eles teriam de aparecer, para a limpeza do local, já que de maneira alguma Abigail daria conta disto tudo sozinha. Para mim, ela era como uma "faz tudo" dentro da mansão, se desdobrando em vários trabalhos em uma única mulher para manter a ordem imposta por seu chefe. Ao pensar sobre a mesma, uma curiosidade instalou-se em minha mente, em saber como e o porquê de ela estar aqui, e trabalhar para alguém como Zayn de livre e espontânea vontade. É claro que se eu perguntasse, ela não me responderia de mão beijada, então teria de desvendar este mistério por conta própria.

Seguimos pelo mesmo corredor estreito pelo qual viemos, e reparo na quantidade absurda de seguranças que guardam a entrada e saída da casa. Se Meredith realmente quiser que nosso plano de fuga dê certo, terá de pensar em uma estratégia muito boa para que possamos conseguir chegar até o exterior sem sermos vistas ou pegas por um destes homens. Logo nos encontrávamos novamente no enorme salão, e todas as garotas ainda permaneciam de pé, esperando o retorno do moreno. O mesmo levou-nos até o lugar em que estava antes de sairmos do local, de frente para a multidão, e mantive-me ao seu lado durante todo o tempo em que dirigiu sua palavra para todos que estivessem escutando-o em alto e bom som.

"Jane, Meredith, Juliette, Iris, Sarah, Kate, Marjorie, Bridget, Nina e Elena." O tom grave de sua voz fez com que todo o meu corpo se arrepiasse, e chacoalhei levemente a minha cabeça, desvencilhando-me de pensamentos impuros neste momento. "Estas garotas passarão para a próxima fase por terem conseguido surpreender-me com uma boa foda, mas não pensem que estão salvas. Nada de bom vos espera." Engulo em seco ao vê-lo a olhar-me de relance, concentrando-me em manter a minha ótima expressão despreocupada ao olhar em direção às garotas cujo nome foram chamados, caminhando até este lado do salão, à comando de Abigail.

"Para a infelicidade de tantas outras, as garotas que permaneceram em seus lugares terão o infortúnio de virarem comida de cachorro, desde que eu não estava brincando em relação aos meus pitbulls." Arregalei os meus olhos, procurando o sorriso divertido em seu rosto que denuncia-se o quanto ele não estava falando sério, mas em seu lugar, somente estava sua expressão seriamente perigosa de determinação e confiança. Em poucos minutos, as outras dez garotas de má sorte estavam a ser seguradas por diversos seguranças, e senti como se fosse vomitar quando um único homem apareceu na porta de entrada do sacão, suas mãos segurando diversas coleiras prendidas a uma dezena de cachorros famintos e raivosos.

Eu seriamente esperava que estivesse em um terrível pesadelo, mas quando os gritos se iniciaram, fazendo meus ouvidos metaforicamente sangrarem e minhas bochechas serem queimadas por minhas lágrimas de descrença, pude perceber que eu não precisaria tecnicamente estar em um 'pesadelo' para vivenciar todo o terror que o moreno me proporcionava. Por que esta era a minha realidade agora, e eu teria de lidar com ela da melhor forma possível, para que eu não enlouquecesse diante de tanta crueldade. E para lidar com a crueldade, eu precisaria ser igualmente cruel.

Olhei para o moreno, e no mesmo instante seus olhos focaram-se nos meus. Nenhum dos dois disse uma palavra, mas no momento em que um sorriso malicioso formou-se em seus lábios, supus que ele tivesse entendido completamente o que eu estava propondo, e ele pareceu gostar muito da idéia. Sua mão esquerda fora levantada, e observei-o a fazer um movimento de reverência, instigando-me a ir em direção ao meu destino. Respirei profundamente e fechei os meus olhos antes de caminhar lentamente até o centro do salão, sentindo os olharem daqueles que ficaram para trás queimarem em minhas costas. O que eu estava prestes a fazer era cruel e desumano, mas era o que eu tinha que fazer para ter alguma chance de algum dia escapar deste lugar, através da confiança do moreno. Ele tinha de ter a certeza de que eu era leal a ele, e que de algum modo, nós dois tínhamos algo em comum. Se ninguém daquele grupo medíocre tinha coragem de fazer algo realmente relevante para que algum dia podermos recuperar nossa liberdade, eu tinha de tomar as rédeas e lutar por uma vida em que eu possuía o controle.

Rosy Cheeks | zayn malikOnde histórias criam vida. Descubra agora