Fazemos uma sessão de histórias de terror clandestina

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A professora disse-nos para irmos dormir porque ela ia perguntar quem prendera a Josie na teia. E por isso proibiu a sessão de histórias assustadoras que ia acontecer à volta de uma fogueira.

Eu estava a preparar-me para dormir: já tinha vestido uma t-shirt branca que dizia "Orientação 2016" à frente e atrás tinha um grande 7 e uns calções de ganga um pouco largos quando alguém bateu à "porta" da tenda. Eu abri o mosquiteiro e o pano que separava o sítio onde estava de um pequeno hall de entrada.

Sentados na relva a olhar para mim, estavam o Harry e o Ben.

- O que estão a fazer aqui? - perguntei.

- O Harry decidiu fazer a sessão de histórias de terror ali no meio de umas árvores. É um pouco longe para a vossa professora se lembrar de ir procurar.

- Pega na tua amada bolsinha e na tua lanterna e vamos!

Peguei na minha bolsa e em duas lanternas. Vi se tinha tudo na bolsa: telemóvel, bússola, livro, caderno, lápis e borracha, máquina fotográfica e câmara de vídeo. Eu sei que é estúpido levar isto tudo para a floresta mas eu queria registar cada momento desta viagem. Já filmei a montagem das tendas e o jantar. Uma sessão de histórias de terror era mesmo o que eu queria!

Andámos durante cinco minutos até chegarmos a uma pequena clareira redonda com uma vela na base de cada árvore e o Anthony, um rapaz de cabelo castanho muito escuro e olhos negros, a tocar músicas sinistras num ukelele (dentro do possível porque aquilo tem um som paradisíaco). Para completar a banda sonora, o William e o Jack tinham tambores e uma rapariga loira (e com isto quero dizer naturalmente loira) e com óculos redondos e finos estava a cantar letras esquisitas que ela tinha composto.

- Parem! - gritou amigavelmente o Harry. - Já cá estamos todos! Wil, Jack, Ben, eu, Ridley, Josie, Peter e Hope. Esqueci-me de alguém?

- Não! - disseram todos.

- Ótimo! Vamos começar...

Cada um se sentou à beira de uma árvore e pegaram nas velas, fazendo com que as suas caras ficassem iluminadas de uma forma sinistra.

- Quem quer começar? - perguntou o Jack, um rapaz de cabelo e olhos castanhos.

- Eu gostaria de contar uma pequena história verídica que aconteceu aqui há dez anos - disse o Ben com um ar misterioso. - É sobre uma rapariga chamada Ilda que aqui esteve comigo...

- Era sua a voz que ouvi! - exclamou o Peter, um rapaz de cabelo preto e olhos verdes.

- Também ouviste?! - perguntei.

- Pensei que tínhamos sido só eu e a Josie!

- Estão a falar daqueles gritos arrepiantes que se ouviram nos arredores do arborismo? - admirou-se a Hope. Ela não se chama mesmo Hope, o nome dela é Catherine Anne Hope mas chamam-na só pelo apelido ou por Cat para ser mais fácil.

- Vocês na climbing tower também ouviram? Pensei que tínhamos sido só nós! - exclamou o William, um rapaz de cabelo claro e olhos castanhos-escuros.

E, de repente, ouvimos outro daqueles gritos de gelar o sangue.

- Há uma rapariga ali! Ridley, Ben! Atrás de vocês! - berrou o Anthony com todas as suas forças. Todos correram para a árvore dele e a minha vela e a do Ben apagaram-se com o vento que fazíamos a correr.

Entre duas árvores, vimos a silhueta de uma rapariga de cabelos escorridos e compridos que parecia olhar para nós.

ILDA - Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora