De noite, deitei-me no chão do corredor a pensar em coisas estranhas. Estranhas tipo... quem é que vai morrer a seguir ou se seríamos capazes de sair dali sem ficarmos cheios de arranhões mortais e assim. Quer dizer, numa situação destas quem é que não pensava assim?
Até parecia um jogo. A Não-Ilda (yah, foi o nome que o Harry lhe deu) fazia isto parecer um jogo. Ela dava-nos regras, pistas e nós éramos estúpidos e não conseguíamos descobrir quem ela era.
O corredor era iluminado pela luz da lua que entrava pela janela e isso até lhe dava um tom sinistro. Parecia um cravo de teclas amarelas.
Para quem não sabe o que é um cravo, é mais ou menos um piano. Sabem as teclas do piano que são tipo "branco-branco-preto-branco-preto" e por aí fora? As do cravo são "preto-preto-branco-preto-branco". Parece basicamente um piano invertido mas é mais pequeno e dá um som tipo... Idade Média ou assim.
Continuando...
De repente, ouvi uma mão a bater no vidro com toda a força e a janela estilhaçou-se mesmo ao lado da minha cabeça. Era como se me quisessem acertar mas tivessem falhado.
Um bilhete caiu um cima da minha cara.
«Da última e única vez que eu li uma coisa destas, a minha voz ouviu-se por todo o edifício. Talvez agora funcione também e toda a gente me ouve em vez de os ter de ir avisar um a um.»
Suspirei e comecei a ler:
Boa noite, caros sobreviventes.
Sei que descobriram que eu não sou a Ilda. Parabéns! Precisaram do Otto Thomas para vos dizer isso e agora estão mais longe ainda da verdade. Não estou a dizer que sou a Ilda mas também não estou a dizer que não sou a Ilda.
Quer dizer, claramente eu não sou a Ilda, vocês já me viram com ela mas ao mesmo tempo não viram.
Percebem o que quero dizer?
Claro que não. Se o Otto é o mais inteligente de vocês, só devem tirar negativas na escola.
Mas a teoria do mosquetão de escalada estava genial mas não foi mesmo assim que aconteceu. Só posso dizer que dois de vocês estão sempre, sempre certos no que toca a essas teorias. Quer dizer, às vezes alternam mas isso não importa. Quando um acerta, o outro não está a formular teoria nenhuma.
Aliás, só um de vocês é que está sempre certo mas ainda nem sabe. Vocês são TÃO ingénuos! São quase fofos de mais para chacinar até ao final da semana!
Quase.
Deixem-me estabelecer mais algumas regras. São poucas:
1. Não enterrem os mortos. Simplesmente ponham-nos numa salinha adjacente na capela e eu trato deles. Tranquem-nos durante a noite e não entrem lá entre a meia-noite e as quatro da manhã.
2. Retirar os dardos dos cadáveres é batota.
3. Isto não é bem uma regra, é mais um aviso: o outro grupo irá em breve receber armas mortais iguais às vossas mas nem todos. Só aqueles quer sobreviverem a esta noite vivos e não feridos.
Espero que me tenham entendido ou as consequências podem ser desastrosas para todos vocês.
Já agora, enquanto ouvem esta carta, cinco pessoas estão neste momento a ouvir coisas do género "És o próximo, vou apanhar-te. Não podes escapar-me. A tua morte é inevitável". Vocês sabem, as coisas que eu costumo dizer.
Aqueles ecos da minha voz quando lia as cartas eram estranhos. Comecei a distinguir as vozes: um homem, uma mulher e uma coisa horrível tipo... uma rapariga a morrer em agonia.
E então, horrorizada, percebi uma coisa.
Mas nem tive tempo de pensar bem nisso porque à minha frente uma porta se abriu ligeiramente, deixando apenas espaço para passar um daqueles grandes dardos negros que ia em direção a mim.
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ILDA - Sem Saída
ParanormalRidley é apenas uma comum rapariga do sétimo ano que vai passar uma comum semana num comum campo juntamente coma sua comum turma. Mas quando começa a receber chamadas de alguém que pergunta por uma Ilda, as coisas começam a ficar estranhas. Fantasma...