Pelo Harry...

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Tinha poucas forças, o corte no meu ombro fazia-me ficar fraca. Tentei correr mas comecei a ficar tonta. As árvores pareciam rodar e já não sabia para onde estava a ir. Podia perfeitamente estar quase a sair dos limites e a morrer ou a voltar para a casa de madeira.

Não ouvia mais passos. Não ouvia os do Ben e isso era bom, mas também não ouvia os dos outros e isso era mau.

Ele ainda devia estar no chão da casa. Não sei quanto tempo é que ele levava a levantar-se e a ficar consciente mas não queria estar ali para descobrir.

Então lembrei-me. Tínhamos chegado aqui perto do meio-dia. Talvez já pudesse ir embora. O sol estava alto no céu e olhei para o relógio.

Meio-dia menos dez.

Só mais dez minutos e podia sair daqui! Eu ia conseguir!

Eu tinha de conseguir!

Tentei continuar a correr mais lentamente. Estava quase a chegar a um monte de rochas onde me podia esconder.

E, de repente, passos.

Pesados, lentos. Não era ninguém a tentar não fazer barulho, era alguém que queria fazer barulho. Eram mesmo muito lentos mas nada calmos, e isso tornava tudo mais assustador...

Duas mãos geladas agarraram-me e eu gritei.

- Larga-me! Larga-me!

- Ridley! - gritou alguém. Não era o Ben. Mas então...?

Olhei para trás.

Otto.

O Ben tinha sido inteligente. O corpo dele estaria provavelmente na casa de madeira mas eu não podia fazer o que fiz a uma pessoa envenenada.

Comecei a gritar por ajuda. O Ot... Ben não estava a fazer-me nada! Estava só a agarrar-me.

Pergunto-me se estaria à espera de alguma coisa...

Encostou uma faca à minha garganta. Ele não me queria matar.

Ou queria?

Ainda tinha a espada no cinto mas era do lado do meu ombro ferido e ele iria notar se eu a fosse buscar com a outra mão. Tinha de haver uma maneira...

Tentei agarrar a faca e afastá-la da minha garganta. Estava quase a conseguir sair dali, não ia desperdiçar tudo a agora.

Pelo Harry...

Com um último esforço conseguia afastar a faca e corri. E então ouvi o barulho de algo a cair na relva e olhei para trás.

O corpo do Otto jazia no chão, imóvel. Estava mesmo atrás de mim.

O que tinha acontecido?!

Olhei para o meu relógio.

Meio-dia.

Acabara o tempo. O Ben já não nos podia fazer nada, já estávamos livres de sair.

Voltei atrás e gritei por ajuda o mais alto que conseguia.

E só me lembro de cair em cima do corpo do Otto, imóvel.


Não é o fim! Vão com calma!

ILDA - Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora