O Otto é mais inteligente do que parece

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A professora dos outros miúdos sabia onde ficava a escola católica e mostro-nos o caminho. Ela era obcecadamente organizada e distribuiu tarefas por toda a gente.

Não a posso culpar por dar ao nosso grupo tarefas que nem conseguíamos perceber, ela não nos conhecia.

Mas eu tenho absoluta certeza de que NÃO tenho cara de enfermeira ou médica!

Ela disse-me para tratar da mão da rapariga de cabelo azul. Ficámos um pouco atrás porque tínhamos de nos sentar para aquilo sair minimamente bem. Felizmente, a rapariga sabia o caminho para a escola.

- Então... - disse ela, dois minutos depois de eu começar a ver o que se passava com a mão dela. Tipo, profundidade dos cortes e assim. - Como te chamas?

- Ridley Rippy.

Ela riu.

- Há alguma coisa de errado com o meu nome?!

- O teu nome e apelido começam e acabam com a mesma letra. Tem piada a forma como o dizes.

- E qual é o teu nome?

- Luna Morrison. Aposto que não consegues gozar com isso.

- Tens um grande apelido.

- Lá porque tem mais três letras que o teu não quer dizer que seja enorme.

- Desculpa lá, Apostoquenãoconseguesgozarcomisto é um grande apelido.

Ela riu-se e passou a mão pela testa.

- Hum...

- Ah, pois, os cortes. Sabes... não dói muito.

- Mas devias tratar disso.

- É por isso que estás aqui.

- Ah, pois... já me tinha esquecido...

Procurei alguma roupa na minha mochila e ela procurou na dela. Felizmente, a Luna tinha um lenço e eu usei-o para tapar uma parte do pulso dela. Na minha mochila encontrei um par de luvas e ela calçou uma.

Corremos para à beira do grupo. O Otto ainda estava um bocado maluco e a Luna foi ter com um rapaz loiro que parecia ser o namorado dela.

- Estás bem, Otto?

- Ya... Não poso ficar doido, é o que ela quer.

- Pois...

- Rids... Tenho estado a pensar numa coisa... Sabes aqueles telefonemas estranhos?

- Sim. já está a ficar assustador.

- Nunca te perguntaste porque é que a mulher do outro lado te pergunta se és a Ilda?

- Porque ela é a Ilda, claro!

- Ouve o que estás a dizer! Se me ligasses, achas que ias perguntar se eu era a Ridley?

Então, grande parte das peças do puzzle encaixaram: a "Ilda" estava sempre a dizer "Quando descobrirem quem eu sou, eu assino as cartas", a Ilda era uma rapariga de onze anos, não uma mulher, a mulher perguntava-me se eu era a Ilda.

O fantasma não era a Ilda, era outra pessoa!

- Oh, meu... - foi a única coisa que consegui dizer. - És um génio... Porque é que não disseste isso mais cedo?!

- Ainda estava em negação, sabes? A tentar arranjar uma explicação lógica para isto. Mas depois, aquela rapariga com cabelos castanhos escorridos como se estivessem molhados...

- Otto!

- Hã?

- Eu só disse que ela tinha cabelo castanho, nunca referi o cabelo escorrido! Porque é que disseste que não a viste?

- Estava em negação. Tu sabes... Também deves ter começado assim, ainda por cima com os gritos e aquela sessão de histórias de terror...

- Otto, tu não estavas lá!

- Ah, pois... Não estava...

Eu confiava no Otto, ele ainda não em tinha mentido, só omitido partes da verdade. Mas, naquele momento, duvidei dele.

Apercebi-me que não podia confiar em ninguém.

Aliás, tinha quase a certeza de que a professora de Luna nos estava a levar para a morte certa.




@MafaldaV7 é a minha outra conta no Wattpad, já agora.

ILDA - Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora