Agora que me lembro...

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O grito era definitivamente da Luna e vinha do hall. Corremos para lá e deparámo-nos com um espetáculo horrível...

A Luna olhava assustada para o interior da capela e apontava para algo lá dentro. Olhámos para onde ela apontava e vimo-la.

A Ilca.

Quando eu digo isto, devem estar que a imaginar a Ilca, a estagiária, estava à nossa frente com uma arma mortal na mão (talvez os dardos) e um sorriso psicopata na cara, certo?

Errado!

Ela estava sentada numa cadeira de madeira no corredor central da capela. Estava atada à cadeira com cordas grossas. O corpo dela parecia olhar para cima mas isso devia ser apenas para nos mostrar o grande dardo fino e negro espetado no seu pescoço.

Ela não tinha sido morta na capela, fora arrastada da floresta.

A Luna balbuciava qualquer coisa parecida com "como" mas eu não lhe prestei atenção.

Um rapaz apareceu atrás de nós. Eu sei que não costumo dizer isto mas ele era mesmo giro. Tinha um corte de cabelo estranho (vocês conhecem o corte de cabelo à tigela? Era mais ou menos assim só que se assemelhava mais a um ninho de pássaros). Os olhos eram azuis frios com um anel preto à volta da íris e tinha a pele muito pálida. Mas a parte mais fixe era sem dúvida o cabelo: preto muito escuro e com as pontas pintadas de púrpura.

O Otto abriu um sorriso enorme e correu a abraçá-lo.

- Ian!

Aquele era o Ian? Quando pensava nele, imaginava-o mais parecido com a Ilda. Vocês sabem... cabelo castanho escorrido, pele morena, magrinho.

Não sei como o Otto o reconheceu mas tentei imaginá-los como miúdos do segundo ano. Na minha mente pareciam tão fofos...

Mas claro que todos os miúdos da primária são fofos.

Quer dizer... eu incluía-me nesse grupo até ao início do ano passado mas decidi continuar os dois miúdos do segundo ano.

Eles viraram-se a mim e o Otto aproximou-se:

- Ridley, este é o Ian. Ian, esta é a Ridley.

- Então?

- Então?

As pessoas normais costumam dizer "então" para se cumprimentar umas às outras, certo?

- Que têm feito? - perguntou ele.

- Tu sabes... Atividades ao ar livre, escapar a fantasmas assassinos, tentar não ser mortos por fantasmas assassinos... O que as pessoas costumam fazer nas férias...

Ele riu-se e olhou para a capela.

- Quem era aquela?

- Uma estagiária que falou connosco há uns dias. A Ilca.

- Que nome estranho...

- Acho que é tão estranho como Ilda.

Não sei se ele estava a perceber a minha mensagem mas parece que sim porque pouco depois fez:

- Oh... Isso... O Otto contou-te?

- Ei, tentamos não ser mortos por fantasmas assassinos. Ela dá uma boa recompensa a quem adivinhar quem ela é... - explicou o Otto.

- A Ridley?

- Não, o fantasma assassino que nos quer matar a todos antes do final da semana.

- Que chatice... Hum... Como é que vocês aqui chegaram, mesmo?

- A nossa professora enganou-se no caminho e viemos parar aqui... - olhou para o relógio. - Neste momento deveríamos estar a fazer tiro ao alvo algures longe daqui.

- Não havia programa!

- Ninguém disse que o sítio não tinha um site...

Então, lembrei-me de uma coisa:

- Ei, o fantasma da Ilda não referiu uma casa assustadora no meio da floresta?

- Hum... acho que sim. Porquê?

- Precauções.

ILDA - Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora