Caio pela colina abaixo e acabo no rio

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- Finalmente! - exclamei. Estava mesmo feliz por não ter de arrastar aquela tenda enorme e redonda que tinha quase a minha altura por muito mais tempo.

Comecei a empurrar a tenda pela colina abaixo mas então aconteceu algo que eu não previ: tropecei numa pedra. Como a tenda era redonda, rebolou pelo declive em direção ao rio. Corri atrás dela e o homem de casaco vermelho também. Ele conseguiu puxá-la para a outra margem mas eu perdi o equilíbrio e, como se fosse um grande cilindro humano, rolei pela relva até ir parar ao rio.

Estava deitada de costas no fundo e não via a superfície da água. Estava cheia de medo. Tentava respirar mas só ficava com água no nariz.

Ia afogar-me. Era o castigo por nunca ter querido aprender a nadar.

A vida é cruel...

Então, ouvi uma voz distorcida vinda da superfície:

- Ridley! Senta-te! O rio aqui só deve ter vinte centímetros de profundidade!

Meu Deus! Era o Harry!

Sentei-me e tossi a água que me entrara pelo o nariz. Agradeci com todas as minhas forças ao Harry e a quem quer que tivesse inventado as malas impermeáveis porque, se não fosse essa pessoa, ficava sem roupa nem almoço. Entre outras coisas.

O homem de casaco vermelho ajudou-me a levantar e eu tentei secar as roupas. Não era muito fácil porque doía um pouco tê-las agarradas ao corpo e arrancá-las era pior.

Ainda por cima, a água do rio era geladíssima!

A Ella e a Marilyn riram-se de mim enquanto atirávamos a tenda para o chão e ela se montava sozinha. A nossa professora nem sabia que a tenda era assim e por isso recebemos o "prémio" de montagem de tendas. Quando lhe explicámos, ela atribuiu-me o "prémio" (só a mim) por eu ser muito inteligente e ofereceu-se para depois nos ajudar a dobrar a tenda. Sim, porque estas tendas são dobradas em forma de círculo.

Prendemos a tenda ao chão e preparámos as nossas coisas lá dentro: três colchões individuais de acampamento, três malas térmicas, cinco mochilas cheias de roupa (adivinhem que pessoas é que tinham uma mochila a mais) e a minha pequena bolsa.

Eu pousei-a, admirei-a durante cinco segundos e depois a professora chamou-nos para o almoço. Peguei na bolsa e na mala térmica e fomos para umas mesinhas de madeira numa clareira de árvores altas.

Trinta metros acima de nós, vi uma teia de cordas verde-escuras e senti um arrepio pela espinha abaixo.

ILDA - Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora