13| O Caminho Do Vento

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Liz esfregou os dedos na areia, ela adorava sentir a textura das coisas naturais ao seu redor.

— Por que me trouxe aqui?

— Se eu te afogar e deixar o mar levar seu corpo não vou ser incriminado.

— Ha ha, você é muito engraçado.

Rafael a encarou com um olhar debochado.

— Tenho mais humor que você.

Ela franziu os lábios mas não conseguiu esconder um sorriso.

— Eu gosto de estar aqui, vemos boa parte da beleza do céu. A luz da cidade ofusca o brilho das estrelas.

Ela olhou para frente, a paisagem era desconcertante, não era possível diferenciar o limite entre o céu e o oceano, e a posição das estrelas demarcava ainda mais o formato arredondado da Terra.

A praia sempre acalmava a alma de Liz, apesar dela duvidar existir uma, e foi em uma de suas caminhadas na areia que ela recebera a notícia de que seu pai não voltaria para casa, não colocaria mais os CD's de bandas de punk rock, não a levaria mais para aprender a andar de skate e nem a ensinaria a como se defender se tentassem lhe fazer mal na escola. Era um homem insano e divertido demais para ensinar uma menina de sete anos a bater.

Liz o amava intensamente e quando sua mãe a levou para a praia e disse que a moto do mesmo colidira com um carro, ela sentiu como se um vácuo tomasse o lugar de seu coração e um abismo a tivesse sugado para as mais profundas trevas. Acidentes de carro acontecem o tempo todo mas passam despercebidos até ocorrer na sua família.

Foi neste mesmo dia que Liz se certificou de que não merecia o amor de um pai, por isso Deus o tirou dela e foi a partir dessa conclusão que ela decidiu que esse tal Deus também não merecia o seu amor.

Apesar de todo seu momento de reflexão, ela disse:

— É realmente profundo, mas, será que dá pra acelerar as coisas?

— Você é sempre assim tão doce? — ele indagou, irônico.

Um sorriso tímido escapou dos lábios de Liz.

— Eu estou ansiosa, só isso. Quero respostas para tudo.

— Farei o que estiver ao meu alcance, mas primeiro, quero ouvir suas teorias. — ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos.

— Você é um mutante! Ou alguma aberração criada pelo...governo!? — soou mais como uma pergunta do que uma afirmação.

Rafael gargalhou.

— Um mutante que luta em cima de um carro e faz criaturas negras bizarras entrarem em combustão espontânea, interessante. — disse entre o sorriso e outro.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora