46| Como Um Alvorecer

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música do capítulo:
Do I Wanna Know? - Arctic Monkeys

"Quantos segredos você consegue guardar? [...] Amor, nós dois sabemos que as noites foram feitas especialmente para dizer coisas que não podem ser ditas no dia seguinte"

] Amor, nós dois sabemos que as noites foram feitas especialmente para dizer coisas que não podem ser ditas no dia seguinte"

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Liz jogava com a sorte e cada dado lançado provocava mais excitação de andar pelas madrugadas silenciosas da cidade. Sempre um risco diferente além dos que já estavam em seu caderno. O vento frio castigava seu corpo com respingos de chuva e constantemente ela tinha de enxugar o rosto. Talvez isso servisse para esfriar a cabeça ou talvez o incêndio dentro de si fosse demasiado ímpeto para ser contido.

Soltou o fumo com uma lufada de ar, como se esperando que suas lembranças voassem para longe.

É para o seu bem, Lizandra. Você vai tomar esses comprimidos e fim de história. — disse ela imitando o timbre da mãe. A voz soando alta na solidão da madrugada.

Ela caminhou da calçada até o meio da rua deserta, rodeada de casas e hotéis caros. Liz revirou os olhos observando aquela fachada que ajudava a manter o título de cidade maravilhosa, deveriam acrescentar um parêntese nos cartões-postais, pensou ela, "restrita a estrangeiros e à classe média branca."

Deitou no asfalto gelado e tragou com suavidade, fechando os olhos. A sensação da nicotina entrando em cada um de seus poros era relaxante. Ela imaginou todas as incertezas, confusões, tormentos, fluindo para fora junto da fumaça. O som da água batendo no asfalto trouxe-lhe uma breve nostalgia, um desejo de voltar ao tempo e parar a tempestade antes das primeiras falhas, mas agora a tempestade só aumentava. Talvez fosse tarde para contê-la.

O que é real? Sua vida é real? — cantarolou.

Escutou um baque a abriu os olhos de súbito, levantando-se, procurando com o olhar de onde o som provinha. Seu coração acelerou e ela andou em passos largos de volta até a calçada. Jogou o cigarro na avenida e enfiou as duas mãos nos bolsos do moletom. Eles querem te assustar, é só não ter medo e seus demônios vão embora, dizia ela em pensamento, ignorando os vultos negros tomando forma no ar do outro lado da rua. 

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora