Dedicado a todos que chegaram até aqui.
✹❂✹
— Você estava mesmo naquela boate?
— Sim — respondeu Sofia quase sem paciência.
Liam parecia ainda mais confuso depois de assistir as reportagens na televisão.
— Mas disseram que eles morreram intoxicados. Veriam as marcas de mordidas dos vampiros, não faz sentido.
O garoto andou pelo quarto, encostando-se em uma das paredes. Sofia estava de costas para janela, os cotovelos apoiados no parapeito. Ela sentiu vontade de rir, mas prendeu os lábios. Sentia um misto de nervosismo e diversão. De certa forma era um alívio que Liam soubesse de tudo, por outro lado, receou que ele se afastasse.
— A perícia mente. A impressa mente. Vivemos em um mundo mentiroso, Liam.
Ele estava secando as mãos suadas na bainha da camiseta. Os óculos estavam pendurados na gola, sem eles, os olhos castanhos de Liam pareciam ainda mais escuros. O rosto estava corado.
— Como eles são? — perguntou ele, um quê de deboche na voz. — Os vampiros?
— Nada igual aos filmes. Não tem aquelas presas bonitinhas e nem brilham. Estão mais para cobras do que para morcegos.
Sofia viu Liam sorrir pela primeira vez desde que amanhecera.
— Me mostra seu fogo?
— Isso soou com um duplo sentido. — respondeu ela.
Ele gargalhou, a face tornando-se ainda mais avermelhada.
— Me mostra o fogo que você me disse também ter quando eu contei do cara que tinha fogo nas mãos — disse ele. — Acho que assim soa mais adequado.
Foi a vez dela de sorrir.
A garota ergueu a mão frente do rosto, o dedo indicador apontando para cima. Fechou os olhos, inspirou e expirou algumas vezes até que ouviu Liam dizer um palavrão.
Sofia abriu os olhos. O garoto estava boquiaberto, os olhos arregalados vidrados no dedo indicador dela, cujo encontrava-se tomado por chamas azuis.
— Isso é... — começou Liam, mas não tinha palavras.
Ela lembrou-se de si mesma na primeira vez em que vira Natan manifestar uma espada de fogo nas mãos.
— Você ainda não viu nada.
As chamas se apagaram assim que ela ouviu o baque da porta da sala.
— Cheguei! — Era a voz de Math.
Um latido.
Menos de um minuto depois o garoto entrou no quarto empurrando a porta com o pé. Levou até a boca uma garrafa de suco que segurava. Cheirava a cigarros.
— O que o Krueger está fazendo aqui? — perguntou antes de reparar que Liam também estava no quarto.
Sofia analisou-o da cabeça aos pés, passando pelos tênis imundos, a camisa amarrotada até os cachos emaranhados.
— Onde passou a noite?
— Estava cuidando da minha vida. — disse ele lançando uma piscada.
Liam riu.
Sofia revirou os olhos.
— Onde meus pais estão? — perguntou Math.
— O coroa, como o bom policial que é, está na delegacia e nossa mãe foi checar a escola, ligaram para cá avisando que alguns delinquentes aproveitaram o blecaute pra invadir o Riviera e dar uma pool party. Eu nem imagino quem teria sido tão ousado de fazer isso. — disse Sofia transbordando sarcasmo.
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As Doze Luas - Filhos do Alvorecer
Aventura| Livro um da trilogia As Doze Luas | Lizandra Verlack estava satisfeita com sua mente cética e sua banda punk de garagem. Porém, tudo se transforma quando ao voltar de um luau, em seu aniversário, a morte vem ao se encontro. As barreiras mentais...