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— Então, me fale de você. Rafael não costuma entrar em detalhes.
Elas seguiram em direção a mesa de centro arredondada, posicionada entre a poltrona que Rafael estava sentado e o sofá.
— Sinceramente, não sei o que dizer. Minha vida não tem sido das mais, como posso dizer... Normais, durante essas últimas três semanas.
Liz sentou-se no sofá, recostando às costas e pegando uma almofada para abraçar contra o peito. Ela sentiu-se confortável com a presença de Carmi, como se ela fosse uma amiga a muito tempo não vista. Ao mesmo tempo que tudo era novo, dava-lhe a impressão de já ter feito parte de sua vida. A mesma sensação de quando se tem um sonho tão vívido que parece ter sido real.
A mulher sorriu enquanto depositava café na xícara em cima da mesa.
— Não é fácil descobrir desse jeito, eu entendo perfeitamente. Sente como se seu mundo estivesse em reforma.
— Claramente. — Ela apoiou os cotovelos nos joelhos e curvou a coluna, apoiando a cabeça sobre as mãos. — É até interessante. Eu sou um anjo, isso conta vantagem em concursos vestibulares, certo? — Liz indagou com uma pitada de sarcasmo, ela encarou Rafael, que limpava terra presa debaixo das unhas. Carmi sorriu e entregou a xícara à Liz. — Mas, não faz muito sentido, eu não sou pura, muito menos ele é puro, como assim somos anjos?
— Me senti ofendido. — O canto da boca dele curvou em um quase sorriso. Rafael lançou um olhar enigmático, o mesmo que lançara quando seus corpos estavam unidos. E lembrar daquela ocasião provocou um calafrio por toda coluna espinhal de Liz. Ela endireitou a postura e focou a atenção em Carmi, que olhando para as montanhas, pareceu encher-se de inspiração.
— Deve ter passado as últimas noites em claro se perguntando o porque tudo isso acontecer com você. As vezes não temos certeza de qual o sentido de tudo isso, nos perguntamos o que estamos fazendo aqui. Por isso somos Anjos Mortais. Porque nos equivocamos, porque procuramos uma razão. Suas lembranças voltarão, se já não estão, é só questão de tempo.
Liz olhava-a deslumbrada, como se tivesse de frente a Sócrates.
— Você é um...Anjo Mortal? — sempre que ela pensava ou dizia as palavras, soavam de modo incômodo, quase ficando presas na garganta. Ela já se sentia de outro mundo quando pensava ser humana e descobrindo tudo aquilo, não sabia mais o que queria ser. A ansiedade consumiu cada parte de seu cérebro em altas doses de dopamina.
— Bom, aos meus dezoito anos eu descobri que sim.
— Então, vocês não tem nenhum tipo de religião universal ou algo do tipo? — Liz deu um gole em seu café, fazendo uma careta ao sentir a língua queimar.
— Religiosidade não nos leva a nada, não é frequentar uma igreja todos os domingos que faz de nós seguidores do Pai das Luzes, mas sim o verdadeiro encontro com Ele e o desejo do nosso coração. — Carmi não parecia falar por si própria. — O maligno manipulou tudo neste mundo. Cada religião tem suas verdades e conspirações. Só que não devemos nos deixar manipular pelo que é imposto, mas, questionar.
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As Doze Luas - Filhos do Alvorecer
Aventura| Livro um da trilogia As Doze Luas | Lizandra Verlack estava satisfeita com sua mente cética e sua banda punk de garagem. Porém, tudo se transforma quando ao voltar de um luau, em seu aniversário, a morte vem ao se encontro. As barreiras mentais...