55| O Homem de Um Olho Só

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— O quê? — perguntou Rafael. Uma das mãos estava encostada na porta ao lado da cabeça de Liz. A garota tinha o queixo erguido e não tirara os olhos dos dele desde que chegara. Sentiu o dourado nas íris dela escaldarem o lugar.

Liz passou por de baixo do braço dele, caminhou pelo quarto, os olhos demoraram um tempo para ver algo além da escuridão. Os lençóis da cama estavam bagunçados, a janela aberta e as cortinas vermelho sangue oscilavam desgovernadas. Liz sentiu um arrepio gelado subindo pelos tornozelos por conta da ventania. Não havia mais nada no dormitório além de uma cômoda e uma segunda porta que provavelmente levava ao banheiro.

Liz sentou-se na beirada do colchão, cobrindo as pernas nuas devido ao comprimento desnecessariamente curto da camisola.

Abaixou a cabeça, pressionou os olhos e focou-os no piso de ardósia.

— Não sei o que aconteceu comigo esta noite. As imagens reacenderam de repente.

O colchão afundou ao lado dela. Sentiu o braço de Rafael encostar no seu, o jovem transmitiu um calor familiar e confortável.

— Me refiro há três meses, a noite que Satã me procurou e tentou me seduzir... — Liz balançou a cabeça como se querendo esquecer as palavras que acabara de dizer. — Naquela noite quando eu estava a caminho do P.R.C., na picape de Matheus, eu tive um sonho, uma lembrança, não sei.

Eu estava em um plano da dimensão celeste, uma espécie de floresta dourada, sinto que conheço esse lugar, mas não consigo conciliar com nada.

— Se refere a Floresta Celeste ao Sul do Terceiro Céu.

— Sim — respondeu ela, como se uma chama dentro do peito queimasse em concordância. De repente pareceu confusa. — O quê? Como sabe?

Liz olhou rapidamente para o rosto do jovem, que codificara qualquer resquício de emoção.

— As vezes me recordo de vivências passadas, principalmente do Reino dos Céus.

Ele piscou.

— Continue.

— No sonho havia um garoto, ou melhor, um anjo caído. Pude sentir a energia demoníaca que ele emanava como farpas na minha pele. Eu disse que ele não era bem-vindo, escolhera seguir a Satã, o chamei de Sorath e no fundo sei que conheço esse nome melhor do que deveria conhecer. Não tive medo, ele me trazia familiaridade, mas não consigo me recordar de seu rosto. Em um momento asas formadas de fogo surgiram de suas costas, não fogo comum mas, fogo infernal.

Liz virou-se meio de lado. Olhou para Rafael, a iluminação vinda de fora banhada seu rosto em tons prateados. Ela levou uma das mãos até o rosto dele.

— Perdi esse nome quando caí. Chame-me de Fênix. — disse ela e, delicadamente, deslizou a costa da mão do início da maçã do rosto até a ponta do queixo do garoto. — Ele me respondeu fazendo esse mesmo gesto.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora