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Sentado em uma das cadeiras do Zona Verde, Rafael assistia a uma luta de MMA na televisão de plasma presa ao alto da parede oposta as mesas. Natã, ao seu lado, comemorava cada golpe, mas Rafael não parecia muito empolgado. Colocou os pés para cima da mesa e cruzou os braços. A luz alaranjada, refletida nas portas de vidro da entrada, anunciava o fim do dia.
O local estava vazio na solitária quarta feira, em dias como esse eles trabalhavam raramente. Haviam apenas dois bêbados sentados nos bancos acolchoados de frente ao balcão, atendidos por uma das funcionárias.
Antes de ser o Zona Verde o lugar era apenas uma lanchonete precária. Quando Rafael comprou, tratou de transformar em local perfeito para si mesmo, e o resultado era uma concentração populosa de jovens aos finais de semana. A maior parte deles ia para se embriagar, e Rafael não se importava desde que estivessem com identidades. Ele não era idiota a ponto de ver que eram falsas, mas, desde que possuíssem uma não era mais problema dele.
Os dois bêbados, sentados nos bancos acolchoados, comemoraram o fim da luta levantando e batendo os punhos fechados no ar.
De repente, o celular de Rafael vibrou em cima da mesa, um número que ele não conhecia estava gravado na tela. Ele ignorou mas a insistência fez com que atendesse.
— Rafael não se encontra no momento, deixe sua mensagem após o...
— Estou ouvindo o barulho da televisão, sei que está aí.
Rafael sorriu e se levantou da cadeira, andando de um lado para o outro. Ele reconheceu a voz de imediato.
— Vejamos...Alguém sentiu minha falta.
— Ahã, não consegui dormir pensando em você. — Liz ironizou. A voz dela era diferente pelo telefone, era mais delicada. — Bom, eu pensei bem e...Preciso saber o que está acontecendo comigo, preciso saber o que...
— Me encontra no Zona Verde. — ele a interrompeu.
— Certo, em trinta minutos estarei aí.
Ele tirou o celular do ouvido, deu fim a ligação e enfiou o aparelho no bolso de trás da calça.
Caminhou em direção a mesa de sinuca e acenou com a cabeça para Natã. O garoto levantou e foi ao encontro de Rafael.
O jovem se preparou para uma tacada mas Natã desconcentrou-o quando chamou seu nome.
— Rafe. Ouvi alguns boatos...Parece que rituais estão ocorrendo por todo mundo mas de um modo avassalador, não como antes.
— E o que eu tenho a ver com isso? O mal na terra só vai aumentar, é o que está escrito.
— Mas tem algo maior por vir. — Natã bateu com a mão na mesa. — É como se estivessem esperando alguém se juntar a eles.
Rafael cerrou os olhos e uma ruga se formou em sua testa.
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As Doze Luas - Filhos do Alvorecer
Aventură| Livro um da trilogia As Doze Luas | Lizandra Verlack estava satisfeita com sua mente cética e sua banda punk de garagem. Porém, tudo se transforma quando ao voltar de um luau, em seu aniversário, a morte vem ao se encontro. As barreiras mentais...