50| À Perdição

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As luzes variavam entre as cores do arco-íris. Uma nuance de tons frios e quentes de modo simultâneo. Em meio as diferentes colorações uma densa fumaça se propagou pelos ares, formando a frase "Vá embora" em leves ondulações dançantes que se dissiparam em segundos à frente do rosto de Liz.

Ela meneou a cabeça para os dois lados tentando ver dentre os indivíduos que a cercavam, mas sentia-se perdida como uma rosa em meio a cinquenta espinhos, como se qualquer movimento fosse letal. Simultaneamente um fogo remanescia por dentro de suas veias; uma euforia que a induzia a dançar conforme as batidas estrondosas que aparentavam ecoar de dentro para fora de seu peito.

Liz olhou para cima, hipnotizada por mais um jato de fumaça que serpenteou pelo ar em um cinza quase transparente formando novamente a frase: vá embora. Liz piscou e no momento que voltou a focar seu olhar a fumaça se dispersou como se nada de anormal houvesse ocorrido.

Uma pontada atingiu o centro de sua testa, tão intensa e latejante que a fez dar um passo involuntário para trás, quase perdendo o equilíbrio.

Não conseguiu observar as pessoas de forma nítida, apenas rostos borrados chacoalhando de um lado para o outro.  

A garota se recompôs e andou novamente desviando das pessoas, esbarrando em algumas sem ter muita consciência disso. Suor escorria de sua face e um calor escaldante se apoderara de cada metro quadrado da casa noturna. Um efeito cinestésico tomou conta de seu corpo, relaxante e extasiado. Uma sonolência e uma disposição estranha.

O chão se inclinava conforme Liz andava. Como os outros não notavam? Era como se estivesse em um navio desgovernado prestes a naufragar, porém, em vez de preocupação a garota teve vontade de sorrir. Liz deu gargalhadas enquanto tentava encontrar alguma direção. Todos se encontravam inertes, dominados pelas próprias mentes. Inclusive ela.

Liz dançou sem se importar aonde estava ou por quê. Notou a presença de vultos cercando-a; Olhos vermelhos e totalmente negros observando-a com um ar predador, entretanto, nada existia além das vibrações em suas veias.

A jovem fechou os olhos sem deixar os movimentos de lado. Sinos tocavam dentro de si. Seu interior estava se tornando um túnel onde ela se sentia entrando cada vez mais rápido em uma velocidade impossível de ser calculada.

Uma energia quente tomou conta de sua pele, como se estivesse se grudando a um imã. Liz sentiu uma presença física além da sua se combinando consigo, acompanhando seus ritmos e batimentos cardíacos. Mãos firmes e quentes se prenderam dos dois lados de sua cintura. Não conseguiu evitar um sorriso. Era impossível não reconhecer a presença de alguém como ele.

Liz piscou, até sua visão se acostumar com a escuridão. Os olhos de Rafael assemelhavam-se a duas ônix de tão escuros e as luzes dos globos espelhados refletiam em seu rosto, dando a ele diversas colorações e um aspecto vívido, cheirava a uma mistura de fumaça e água do mar.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora