33| Loucuras Compatíveis

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Após longos, intensos beijos e sensações que Liz nunca havia sentido, ela se encontrava olhando para as estrelas e constelações, deitada na curva do braço de Rafael. De tempos em tempos, era possível avistar riscos produzidos por estrelas cadentes. Anjos sobrevoando a galáxia.

— Nunca trouxe ninguém aqui — ele admitiu. Havia mostrado à Liz suas constelações preferidas e lhe dito o quanto olhar o céu estrelado o acalmava. — É meu lugar secreto. Onde costumo refletir sobre o quanto meus problemas são insignificantes em meio a vastidão do universo.

Sempre tão profundo, pensou ela, e por um minuto refletindo de olhos fechados, sentiu-se especial. Ela estava aquecida apesar do frio gélido que circundava a região, não apenas pelo calor da fogueira que Rafael havia improvisado   — com alguns galhos e o isqueiro dela —, pouco a frente deles, mas porque seu coração sentiu-se aquecido pela proximidade do dele. 

— E por que me trouxe? — ela insistiu.

— Porque é louca, tanto quanto eu.

Um sorriso espontâneo brotou no rosto dela.

— E isso é bom?

Ela forçou o olhar para cima para ver os traços do rosto dele. A luminescência do fogo crepitando dançava sobre a pele bronzeada de Rafael. O olhar não despregava do céu e não era para menos, já que poderia ser comparado com o ato de apreciar uma obra de arte.

— A normalidade, nesse mundo, é o mesmo que viver enjaulado de acordo com o que nos é passado, seguindo normas sem saber o fundamento delas. Acha que isso é bom?

— Sendo assim levarei como um elogio — disse ela, a voz soando baixa em meio a tantos uivos. — Obrigada.

O abdômen dele ainda estava manchado de sangue seco, junto das mãos de Liz e da camiseta dela. A terra avermelhada insistia em grudar em seus corpos.

Ela se perguntou o que sua mãe diria se a visse de tal maneira, imaginou-se respondendo que foi atacada por um cachorro selvagem e lutou até que o mesmo morresse em seus braços, sim, ela era péssima em mentir, mas ótima em inventar. Contudo, não queria pensar em hipóteses naquele momento, sentia-se em paz. Não sabia se era por ser Rafael a estar com ela ou se pelo fato de nunca ter estado tão íntima de um garoto antes. Poderia dormir tranquilamente ali, esquecer que possuía uma casa.

Passaram longos minutos em silêncio. O peito de Rafael descia e subia calmamente, a garota pensou que ela havia dormido e percorreu o abdômen dele com as pontas dos dedos de cima para baixo, sentindo as leves demarcações, até que ele segurou na mão dela de repente e ela a recolheu de volta para si.

— Pode continuar, mas não vou me responsabilizar pelos meus atos. — ele disse com um tom de malícia, ainda mirando o céu.

Liz apertou os lábios e seu rosto assumiu uma cor tão rubra que parecia ter sido queimado pelo sol. Era como ter um tsunami dentro de si. Estar nos braços dele, trocando o calor dos corpos. Se só com um beijo, um explosivo havia consumido todo o corpo dela, imaginou como seria se tivesse um contato mais aprofundado e um calafrio tomou conta de seu estômago. Ela puxou de dentro da mente uma maneira de desviar de tal instinto.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora