37| Azul É Mais Quente

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Rafael cruzou a abertura em forma de arco, deixando a penumbra acolhê-lo. A lua se escondia atrás das nuvens, dando à sacada espaçosa do alto da sede uma nuance taciturna. As chamas crepitavam no alto da Torre Central e era questão de minutos até que tomasse conta de todo o resto, incluindo o menino de braços amarrados no alto da cabeça. Ele estava morrendo quando parecia apenas dormir.

O piso de azulejos estava marcado com símbolos negros em formas arredondadas. Runas infernais. Rafael poderia escalar por dentre as grades até chegar ali em cima e soltar o garoto, mas, seria fácil demais. Era um ato a ser estudado antes de agir por impulso.

O jovem pressionou fortemente o braço queimado. O fogo infernal em contato com a carne deixava-o fraco, mas não era forte o suficiente para matá-lo, a não ser que fosse um completo humano. Ele poderia curar a lesão, porém, a dor lhe fazia ter certeza de que era real.

Dois vultos cortaram o ar de cada lado de Rafael e ele teve vontade de revirar os olhos. Demônios achavam que ele possuía medo, quando na verdade, sempre vira o medo como uma camada de gelo que o impedia de seguir adiante, uma frágil camada que ele adora pisar até quebrar.

— Apareça! — berrou Rafael, olhando de um lado para o outro. — Sim, eu gosto de cortar línguas infernais para fazer de cordão, mas isso não é motivo para temer.

A essa altura, o laranja e o vermelho se cruzavam por todos os cantos da construção e dentro do garoto uma energia pulsava violentamente. Rafael passou seu olhar do topo da torre para o chão assim que uma linha de fogo apareceu no piso e locomoveu-se como uma serpente até formar um círculo de chamas. No centro deste, uma fumaça negra rodopiou até transformar-se em uma silhueta em meio as cinzas.

Rafael forçou a visão a ponto de ver quem não via há tempos. Bufou e piscou lentamente.

— Se queria um encontro romântico era só mandar um convite, não precisa de surpresas, Azazel.

O Anjo demoníaco mostrou os dentes afiados e amarelados. Ele possuía uma serpente tatuada contornando o pescoço.

— Você sempre gostou de surpresas, Arcanjo.

Azazel girou o pescoço a trezentos e sessenta graus.

Que patético. Rafael riu sarcasticamente, sem perder a compostura.

Os olhos do infernal estreitaram-se até se tornarem duas bolas de fogo.

— Saia dessa rodinha — rebateu Rafael. Aproximou-se alguns passos, a expressão encontrava-se rígida e os músculos tensos. Ele acendeu leves chamas nas pontas dos dedos. — Para fugir da luta desse jeito é porque ainda sabe que o fogo azul é mais quente, mais mortal.

As chamas ao redor de Azazel se apagaram, deixando um círculo negro grafado em volta.

— Somos iguais, Rafael. Você só não percebeu isso... Ainda.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora