8. Hate

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V e eu descemos correndo algumas remessa de escada, quando eu tropeço nas minhas próprias pernas e caio sentada em um solo plano, com sorte haviam terminado os degraus dessa remessa. Senti uma dor pulsante no tornozelo e gemi o agarrando.
V parou e veio rápido para perto de mim se abaixando.
- O que aconteceu? Você está bem? Se machucou?
- Pisei em falso, acho que torci o tornozelo. - gemi me encostando na parede e segundo meu pé que pulsava fortemente. - Preciso de um minuto.
- Tudo bem. - V deu três passos para o primeiro degrau de descida da penúltima remessa a qual iríamos descer, ele se sentou de lado com uma das pernas em baixo e a outra esticada no batente plano.
Ficamos em silêncio por alguns poucos minutos e a pulsação forte em meu tornozelo foi diminuindo, mas ainda sentia latejar.
- Você sabe que não precisava dizer o que aconteceu cem por cento, não é? - questionou V, o olhei e ele continuou. - Você só poderia apenas dizer que rolou um beijo, ou só uma química entre vocês. Já que ele fez questão de falar sobre, ficou meio vago, e a imaginação das pessoas é fértil até de mais.
Suspirei e desviei o olhar, encostei a cabeça na parede atrás de mim olhando para cima.
- Ele não deveria nem ter citado que eu era uma das garotas que tinha participado, não são todas as admiradoras do BTS que ficam felizes quando alguém específico recebe a atenção de qualquer um de vocês. - por um momento me imaginei sendo cercada por uma multidão, o olhei com o coração gelado. - Você tem noção de que eu posso ser linchada lá fora?
V me olhou rindo e balançou a cabeça.
- Mesmo com toda essa situação caótica, você diria que não está arrependida?
O olhei sem entender seu questionamento, mas logo desviei o olhar sentindo uma pontada na nuca; era o V do BTS bem ali.
- Ter dito que ele pegou no meu braço e autografou minha pele foi a única coisa que veio na minha cabeça. - falei depois de dar um pigarro disfarçando meu desconforto a ter seu olhar em mim.
- Eu tô falando de vocês dois. - ele pausou, e continuou explicitamente. - Do sexo.
Olhei V e ele me encarava de forma cativa, seus lábios entreabertos, a franja na altura das pálpebras.
Engoli em seco e desviei o olhar, me levantei me apoiando na parede.
- Por que ninguém passa uma borracha nesse maldito acontecido?
- Maldito? - V repetiu e se levantou, veio em minha direção e parou bem na minha frente. - Jungkook fala tanto disso que eu diria inevitável o resto de nós minimamente ter sentido inveja dele, sem falar que J-Hope e RM tiveram o privilégio de dar uma espiada no final. Pelos relatos não me parece ter sido algo "maldito".
Por um momento esqueci como era respirar, V estava tão próximo que eu podia ver cada um de seus poros. Tentei respirar fundo, mas o ar travou em minha garganta e eu engoli com dificuldade.
Dei um risinho de nervoso.
- Não é hora para brincadeira de mau gosto.
Com a expressão seria, V me olhou fundo nos olhos  por alguns infinitos segundos, então ele sorriu, ele parecia querer dizer algo mas preferiu se calar, então desviou o olhar para baixo e se baixou, amarrou o cadarço da minha bota que se soltou quando tropecei e se levantou novamente.
- Consegue andar? - caminhou em direção a escada.
Desviei o olhar com um desconforto no peito por termos estado tão perto um do outro.
- Dói um pouco, mas eu consigo. - me afastei e dei dois passos mancando nitidamente.
V voltou para perto de mim, virou de costas e se abaixou.
Por um momento não entendi o que ele estava fazendo, mas logo compreendi que se ofereceu a me carregar.
- Ah, não, não. Obrigada.
V bufou se levantando, virou para mim, segurou meus braços e os envolveu em seu pescoço, ficou de costas novamente, se abaixou e puxou meus braços para frente quando se levantou me erguendo.
Meus olhos se arregalaram no instante que fui carregada sem acreditar que ele havia feito mesmo aquilo.
- Assim vamos sair daqui mais rápido. - ele disse, e apenas murmurei com a garganta tão seca que não conseguiria pronunciar qualquer palavra. 
Ele desceu as escadas me levando em suas costas e estão saímos no prédio, o perfume dele era tão forte que ficaria em mim por bastante tempo. Ele correu comigo olhando para os lados para se assegurar de que não havíamos sido notados por algum fã/hate ou paparazzi.
Entramos em um beco escuro e úmido, e ele me colocou devagar no chão, me sentei em um batente e respirei um tanto aliviada embora o mau cheiro daquele lugar; meu tornozelo já não doía tanto como antes.
V tirou um celular do bolso e vi seus dedos clicando várias vezes na tela.
- Vou avisar onde estamos para alguém mandar um táxi.
- Não vejo a hora de chegar em casa. - suspirei fechando os olhos e encostando a cabeça na parede atrás de mim. - Espero que minha vida não vire uma bagunça por causa do Jungkook.
- Procure vantagens na decisão idiota dele. - ouvi V dizer. - O lado bom de ter sido coagida a participar da entrevista, é que você pode exigir um cachê pela divulgação da sua imagem.
Não identifiquei o tom que ele usou para dizer aquilo, mas eu dei um risinho abafado.
- É. - disse apenas, arrastado e sorrindo levemente quando abri os olhos.
V estava de pé em minha frente, ele abaixou o celular o qual mexia e enfiou as mãos nos bolsos.
Ele me encarou tão profundamente que senti meu sangue gelar.
- Não me olha por esse ângulo. - ele disse olhando para baixo; para mim. Sua voz um tanto grave não combinada com sua fisionomia de neném, embora naquele momento, ele estivesse com aquele olhar hipnotizante que ele fazia quando sua imagem passava no telão durante os shows. - Eu fico excitado. - ele completou sua breve pausa.
Meu coração acelerou e minha respiração ficou ofegante, continuei o encarando sem conseguir desviar o olhar, como se eu tivesse perdido o controle de minhas ações por hipnose. Abri a boca sem saber ao certo o que diria, mas nada saiu.
Não se deixa levar, por favor. Não se deixa levar!, pensei, implorando a mim mesma.
Duas buzinadas ecoou da entrada da rua pelo beco vazio, finalmente consegui desviar o olhar e engoli a seco quando ele se virou para ver do que se tratava.
- Seu táxi chegou. - ele voltou a me olhar e desviei meus olhos de imediato. - Quer que eu te carregue de novo?
- Não precisa. - respondi quase gritando de nervoso e me levantei às pressas: pigarreei.  - Já estou melhor, obrigada. Eu vou indo.
Caminhei com pouca dificuldade e percebi que V me seguia, ele abriu a porta traseira do veículo para mim e eu entrei, ele parou do lado de fora e se abaixou para mim olhar.
- Manda uma mensagem quando chegar em casa. - ele disse.
Penas assenti com um sorriso leve.
- Espero que estejamos em um lugar adequado da próxima vez que me olhar daquele jeito. - ele disse, e meu coração quis pular em seus braços.
Eu não sabia o que falar, muito menos se conseguiria falar alguma coisa. Forcei os lábios um sorriso e o reverenciei de forma respeitosa, ele deu um leve sorriso e se afastou fechando a porta do carro e dando um tapinha na lataria traseira. O motorista acelerou e no caminho passei o endereço da casa de minha mãe.
Sentindo um frio de nervoso eu só tentava entender tudo o que tinha acontecido naquele dia, peguei meu celular e mexi nas minhas redes tentando ler o máximo de postagens a meu respeito que pude. Quando cheguei em casa a primeira coisa que fiz foi pegar o meu computador e digitar o meu nome na aba de pesquisa, vários resultados recentes me fizeram ficar boquiaberta, não só pela quantidade de insultos mas também de mentiras. Sequer sabiam o meu nome completo, mas a forma que me difamavam pareciam me conhecer até mesmo como alguém próximo. E assim eu virei a noite, lendo coisas a meu próprio respeito na internet.

Durante a madrugada me lembrei de meus equipamentos de trabalho e mandei uma mensagem para J-Hope com o endereço de minha mãe e implorei para que não dissesse nada ao Jungkook, ele respondeu de volta dizendo que mandaria minhas coisas, que JK estava enlouquecendo com tudo o que estava vendo postarem sobre mim, que Jin e os outros estavam tentando convencê-lo a não fazer uma live como pronunciamento de toda aquela situação.
Pela manhã um carro deixou minha mochila, e a tarde, como se eu fosse uma foragida da justiça disfarçada seguir para o aeroporto para ir embora para minha casa. Foram cerca de 14 horas de viagem até meu destino, por todo esse tempo na aeronave eu estava tomada por aflição e medo de ser reconhecida por algum hater durante o vôo.
Quando decido o táxi em Seul, a caminho de uma loja de conveniência três garotas pararam no meu caminho, tentei desviar mas elas insistiram me barrar.
- Co-com licença. - pedi educadamente.
- Você não é aquela garota que estava no último ao vivo do Jimmy Fallon? - a garota do meio questionou parecendo ter me reconhecido mesmo de máscara e boné.
- Não sou eu, não, moça. - menti. - Deve ter me confundido com alguém.
- Ela não confundiu, não. É você sim! - insistiu a garota a esquerda.
- Então é você, a queridinha que acha que pode se envolver com os garotos e ficar impune. - voltou a dizer a garota do meio.
Engoli em seco. - Dá licença, eu só quero seguir meu caminho.
Tentei seguir meu rumo mas fui empurrada para trás ao tentar passar.
- Ela não falou que precisou sair da casa army por problemas pessoais? - a garota da esquerda disse.
- Eu me lembro dela dizendo isso. - a garota da direita disse. - Mas apareceu no evento da Times Square ao lado do Han Jisung.
- Como se já não bastasse se oferecer para os garotos do BTS, ainda se atira para os da Stray Kids. - disse a garota do meio com um rosnado. - Garotinha irritante.
A terceira garota, a da direita, veio até mim com um copo e derramou sobre minha cabeça, ainda jogou o copo vazio em mim com ignorância. O líquido gelado que cheirava a café escorreu pelo meu rosto e pela minha espinha por dentro da roupa.
As três garotas riram e as pessoas que passavam em volta olhavam assustadas, porém não ousaram interferir.
- Ninguém gosta de uma fingida vulgar, você não passa de uma piada. - disse a garota do meio fazendo as outras duas rirem novamente.
Corri dali com minha mala e mochila direto para casa torcendo para não ter sido seguida, nem mesmo passei na conveniência onde pretendia. No meu apartamento fui direto para o banheiro e tomei uma ducha para me limpar.
Troquei de roupa, comi alguma coisa que havia na geladeira e voltei para a frente do computador para ler coisas cruéis a meu respeito, a todo o tempo eu me perguntava o que havia feito para receber tamanha crueldade e injustiça.
Uma notificação de e-mail tomou a tela do computador interrompendo minhas pesquisas, e o remetente me surpreendeu tanto que comecei a tossir ao me engasgar ao engolir as palavras que li.

"Cara Srta. Sue-Yang, solicitamos uma reunião com fins profissionais entre seu perfil e a nossa empresa. Contamos com recebê-la na data x às x hrs, na sala de reuniões n° 3 do andar 8 b para a passagem e leitura do contrato profissional de parceria.
Contamos ansiosamente pela sua presença, até breve.

                                              - JYP Entertainment Corp"

Fiquei ali, boquiaberta, encarando aquele email.
O que o universo estava preparando para mim? Eu era uma piada para ele?
Aquilo era só mais uma coincidência ou um convite formal para eu ser torturada um pouco mais?

v1 - Not celebrity • STAY ARMYOnde histórias criam vida. Descubra agora