10. Changbin.

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DOIS DIAS APÓS A REUNIÃO NA JYP
(Pov.: narrador não participante)

Por volta das oito da noite, Suuyang se sentou a um banco alto frente ao balcão de um bar, logo o barman se aproximou e ela pediu uma garrafa de cerveja junto com uma de soju, a essa altura ela já está a ali fazia pouco mais de uma hora. Ela ainda não estava bêbada, sequer tonta, mas sentia como se seu corpo estivesse em câmera lenta. A garota bebia sozinha, havia ignorado dois ou três caras que haviam se aproximado tentando puxar algum papo, ela estava ali para tentar esquecer os problemas, e não criar mais um.
Com um cigarro na mão direita, entre o indicados e o dedo do meio, ela tragou, prendeu a fumaça em seu peito e logo a dispersou pelas narinas.
Pela visão periférica Suuyang pôde ver quando alguém se sentou frente ao balcão cerca de um metro e meio a sua direita, ela encarava o copo de cerveja em sua frente e se questionando quantos copos como aquele ela ainda precisaria beber para alcançar seu objetivo aquela noite.
- Esquilo odeia cigarro. - disse a pessoa que se sentou ao seu lado, estranhamente ela reconhecia aquela voz.
Droga, ela pensou apertando os olhos. A garota bufou e olhou para o lado rezando para não ser quem ela achava pertencer aquela voz: mas era, e o que essa pessoa disse, então fez todo sentido.
- E eu odeio a minha vida. - ela disse e desviou o olhar, tragou mais uma vez o cigarro e demorou alguns segundos a soprar a fumaça. - Todo mundo odeia alguma coisa.
- Dia ruim? - Changbin questionou, logo fez um sinal para o barman e indicou uma garrafa na prateleira atrás do balcão.
- Eu diria que a vida toda. - disse Suuyang, ela segurou o corpo e virou de vez. Encheu novamente com cerveja e acrescentou um pouco de soju ao mesmo copo.
- Não sabia que você fumava. - Changbin disse na hora que o barman o serviu com um chote de vodka pura.
Suuyang rosnou sem olha-lo. - De que isso importa? Está me seguindo?
Changbin a olhou confuso, o comportamento da garota estava visivelmente alterado, e embora tivessem tipo contato poucas vezes, nunca ela havia se mostrado tão ríspida como naquele momento.
- Por que eu te seguiria?
A garota irritada deu o último trago no cigarro e amassou a baga em um cinzeiro de porcelana marrom que havia no balcão. O mesmo continha várias outras pontas de cigarro, como se a garota já tivesse fumado quase um maço inteiro.
- É muita coincidência você aparecer justo aqui com tantos outros bares por aí, o tanto de coincidência que tem acontecido comigo me faz imaginar que essa também não seja um a caso.
- Ahn... - Changbin murmurou, segurou o copo minúsculo na ponta dos dedos e virou de uma só vez na boca, ele se levantou e tirou a carteira do bolso abrindo a mesma.
Suuyang olhou o rapaz quando o viu se levantar, ele calçava uma bota preta, como a calça skin que vestia, uma camisa preta de banda de rock e um colete jeans com lantejoulas espalhadas. Seu cabelo penteado na altura dos olhos, mechas verdes espalhadas pela franja como no vídeo oficial da música "Maniac" do grupo o qual o rapaz pertencia, ele usava uma lente que deixava seu olhos acinzentados. Ela estremeceu por ter reconhecido a semelhança na vestimenta do rapaz com o vídeo.
- Onde é que você vai, hein?
- A minha presença parece ter incomodado você, não quero estragar a sua noite. - ele tirou uma nota de carteira em sua mão e colocou sob o copinho que acabara de beber, ele se virou e deu alguns passos para longe.
- Ei, espera aí. Eu não quis... Arh, que idiota. - a garota gemeu irritada consigo mesma. - Idiota, você faz tudo errado. - ela se puniu desferindo tapas em sua própria cabeça.
Seu punho foi segurado por uma firmeza que a impediu de continuar se torturando, ela olhou a mão a segurando e deslizou o olhar pelo braço até o rosto de seu dono.
- Por que está fazendo isso consigo mesma? - Changbin perguntou.
Yang sentiu seu coração palpitar e puxou o braço não muito bruscamente, ela apoiou os cotovelos na mesa e deslizou as mãos pela cabeça até a nuca, ela suspirou.
- Você perguntou se eu tive um dia ruim, bom... "ruim" seria uma palavra até delicada para titular os últimos dias.
Changbin olhou a garota, olhou em direção a saída e olhou a garota mais uma vez. Ele suspirou e sentou onde estava antes.
- Quer conversar sobre?
- Eu não sei. - a garota virou a garrafa de soju diretamente na boca dando um longo gole. - O que você está fazendo aqui?
A pergunta de Yang fez Binnie se recordar de um encontro ali mesmo, naquele bar, sentado aquele balcão. Ele sorriu levemente consigo mesmo e pigarreou para afastar a lembrança.
- Gosto daqui, dificilmente me reconhecem, e quando acontece apenas me cumprimentam e seguem suas vidas. - ele contou. - Aqui eu me sinto uma pessoa normal, sem fama.
Yang soltou um riso de nervoso.
- Sem fama. - ela bebeu um pouco mais. - Como se já não bastasse minha vidinha medíocre ser tão complicada, agora eu recebo hate na internet e na rua também, por causa de um maldito bilhete premiado. - ela disse, se referindo ao bilhete de número seis que comprou ganhando a chance de conhecer o BTS.
Bin bufou e fez sinal para o barman indicando que chote deveria ser abastecido.
- Hater são um desperdício de oxigênio, parece que só vivem para infernizar a vida de alguém. - ele falou com uma amargura por saber exatamente como a garota se sentia. O barman o serviu novamente e ele deu um curto gole no álcool. - Confesso ter lido algo idiota na internet a seu respeito. - ele pausou. - O que você fez para isso acontecer? Não que qualquer coisa justificasse o que estão fazendo.
Yang riu consigo mesma. - O que eu fiz. O que eu fiz? - ela virou a garrafa pura de cerveja pela metade e bebeu de uma só vez, bateu com força o recipiente no balcão quando terminou. - O que eu fiz foi me envolver com pessoas erradas.
- O Han foi um erro para você? - Changbin questionou por ter ficado na divido do que aquilo que a garota disse queria realmente significar.
Yang o olhou, mas não viu seu rosto com nitidez. A visão dela havia ficado embaçada, e tudo ao redor parecia distorcido e se contorcia com lentidão.
Ela apertou os olhos e abaixou a cabeça.
- Não, o Han não foi um erro na minha vida, sempre nos demos bem. - ela falou, deitando a cabeça sobre o braço esticado no balcão na direção de Changbin. - Um ano e sete meses e nunca tivemos problemas ou desentendimentos, até a porra da mídia expor minha imagem.
Changbin piscou vendo a garota deitar-se sobre o balcão, percebeu pelas garrafas espalhadas ali perto que ela já havia bebido bastante, e possivelmente estaria ficando bêbada.
Ele arrastou seu banco um pouco para mais perto da garota que estava de olhos fechados no momento e afastou uma mecha de cabelo do rosto corado dela. Yang abriu os olhos e obviamente percebeu o rapaz mais perto, seus olhos fixaram nos dele por baixo da franja semi-esverdeada, seu coração parecia ter descido para o estomago, e pulsou forte causando um pouco de desconforto.
- Não acha que já bebeu o suficiente? - Changbin recuou sua mão, mas continuou a admirando.
Nessa hora ela sentiu seu celular notificar com uma vibração no bolso de dentro de sua jaqueta cinza, ela pegou seu smartphone, e a notificação era uma mensagem direct com celo de verificação de conta oficial no Instagram: era J-Hope.

"Está tudo bem você? Temos visto seu nome em muitos sites de fofoca. Não deixa isso te abalar, estamos todos preocupados. Se tiver um tempo livre amanhã podemos sair para conversar um pouco."

Logo a baixo havia outra, também com celo de verificação, porém de outra plataforma, era o Twitter dessa vez. A mensagem direta era de Jungkook.

"Por quanto tempo mais você vai me ignorar? Podemos conversar como duas pessoas maduras? Estou arrependido de certas coisas e preciso que me ouça dizer, tenho pensado muito em você. Espero que possamos nos entende."

Então ele queria conversar como uma pessoa madura, e usou Hope para tentar estreitar as coisas, que ironia. No meio de muitas outras notificações, Yang viu uma mensagem de uma conta possivelmente fake "você é ridícula, nunca deveria ter tido a sorte de conhecer nenhum deles, espero nunca mais te ver com qualquer um deles. Morre, garota, estava melhor quando você não era ninguém ".

Yang rosnou e guardou o celular de volta, se sentou endireitando a postura e chamou o barman:
- Aí!!! Trás algo mais forte para mim, pelo amor de Deus.
Changbin assistiu toda aquela cena e imaginou o que ela poderia ter visto na tela do dispositivo, e por ter tido sua pergunta ignorada ele teve como resposta que NÃO!, ela não achava que já havia bebido o suficiente. Então ele decidiu seguir a conversa voltando alguns passos no assunto.
- Pouco menos de dois anos, é bastante tempo para uma relação sem compromisso. - ele analisou. - Vocês já pensaram na possibilidade de assumirem um relacionamento sério?
Suuyang o olhou novamente, mas continuava sem conseguir enxerga-lo nitidamente.
- O Han e eu deixamos bem claro no começo o que queríamos, e sempre estivemos satisfeitos com tudo. Pratos limpos. - ela contou.
- Vai com calma, o teor alcoólico disso é igual o de uma bomba. - disse o barman quando colocou um copo grande porém raso na frente da garota.
- Trás logo outro. - disse a garota dando um curto gole e fazendo uma careta em seguida quando sentiu o líquido descer queimando pela sua garganta: suas têmporas instantaneamente latejaram.
- Tem certeza disso? - Changbin questionou, tinha seus motivos para achar que Suuyang e Han Jisung viam seu relacionamento de diferentes formas, ele bebeu um pouco e foi novamente servido pelo barman sem precisar chama-lo.
Suuyang suspirou, fechou os olhos e balançou a cabeça.
- Que diferença isso faz? Agora já acabou mesmo.
- Acabou? - Changbin questionou em voz alta o que veio em sua mente. - Como assim?
- Só acabou, não estamos mais juntos, nem sério, nem de nenhuma outra forma. - contou a garota, seu tom de voz parecia arrastado.
Bin olhou o balcão pensativo, era estranho que depois de ter ido até a JYP, a garota tivesse posto um fim em seu relacionamento com Han.
- Soube que esteve na empresa. - ele disse. - O que foi fazer lá?
Quando o rapaz voltou seu olhar para a garota, Yang o encarava, sua expressão possuía uma sútil malícia, suas bochechas coradas e olhos caídos.
Ela se levantou, se arrastou apoiando-se no balcão indo em direção a Changbin, ela parou tão próximo a ele que ele podia sentir a respiração quente da garota.
- Você fica tão lindo com esse cabelo, sabia? - ela sorriu.
- Oh, ah... Obrigada. - Changbin se sentiu um tanto desconfortável com tanta aproximação, e vê-la sorrir daquele forma te deixava desconcertado.
- Você não quer me levar para um lugar mais... reservado? - questionou Yang, sua voz baixa, lenta e aveludada, ela encostou o dedo indicador no peitoral do rapaz e deslizou até o abdômen.
Bin se perguntou se aquela era realmente Suuyang, a mesma garota que não fazia questão de manter nem mesmo um breve diálogo com ele ou qualquer outro garoto do grupo. Ele desviou o olhar para o balcão e viu o copo que foi serviço por último a garota vazio, ele suspirou e deu um sorriso delicado para ela.
- É claro, vou pagar a conta e nós vamos.
Bin se levantou e tirou algumas notas da carteira as colocando sob o copo no balcão, ele deslizou umas das mãos pela cintura da garota e saiu dali a levando consigo.

v1 - Not celebrity • STAY ARMYOnde histórias criam vida. Descubra agora