15. R.A.B.

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Quando Sue-Yang abriu os olhos sua visão estava turva, mesmo sem enxergar com nitidez ela percebeu que ainda estava em casa, jogada no chão da sala. Ela apertou os olhos e se esticou, sua nuca doeu, assim como o topo da sua cabeça cabeça: ela gemeu.
A garota levou a mão a cabeça onde doía e sentiu tocar algo viscoso, ela trouxe a mão na frente dos olhos ainda que não enxergasse com nitidez, e viu a mancha vermelha na ponta dos dedos: provavelmente era sangue.
- Ora, ora, ora. Vejam só quem acordou. - um voz rouca e masculina ecoou e ela viu passos de um sapato preto de bico se aproximando.
Sua visão foi ganhando nitidez, mas ela se sentia tonta. Finalmente pôde ver o rosto da pessoa, mas não o reconheceu.
Um homem negro alto, de terno alfaiate cinza com linhas finas em branco na vertical, chapéu redondo elegante, gravata vermelha, o rosto pouco enrugado, os olhos escuros - ele segurava um revólver com silenciador no cano. Ele caminhou até a poltrona ali de frente e se sentou.
Yang rolou no chão ainda tonta e se sentou com esforço, ela levou novamente a mão no local machucado para confirmar o sangramento.
- Q-quem é você?

- Ah, eu me chamo Raymond Augustus Burnout, muito prazer. - disse o homem. - Mas pode me chamar de R.A.B se não conseguir se lembrar.
- Eu não tenho nada de valioso, todo o dinheiro que tenho está de baixo do colchão no meu quarto. - disse a garota. - Pode levar.
- Acho que estou aqui para roubar você? - R.A.B riu. - Não estou aqui para levar nada.
Yang apertou os olhos novamente e já não se sentia tão tonta, mas sua cabeça latejava, principalmente no local em que havia recebido a pancada, provavelmente, uma coronhada.
- Então, que você quer de mim?
- Se não fosse pela sua teimosia e arrogância eu não estaria aqui. - disse R.A.B a olhando.
Suuyang o olhou confusa.
Teimosia e arrogância?, ela se perguntou.
O homem se levantou e foi até a garota, ela se retraiu quando viu a arma mais de perto.
- Eu estou aqui para te causar muita dor. - disse o homem com um sorrisinho no rosto. - Com os cumprimentos do CEO Park Jung Wook.
R.A.B se levantou e começou a andar pela sala olhando a decoração e mexendo nas gavetas dos armários.
Yang não acreditou que Wook realmente havia mandado aquele homem para puni-la por não assinar o contrato estupido que ele propôs, fazia todo o sentido quando Han o citou como escroto e misógino.
- Aquele contrato que o Sr. Wook lhe propôs foi a melhor saída que ele encontrou, mas você agiu com estupidez quando rasgou os papéis e o xingou bem na cara. - disse o homem mexendo na carteira da garota, a fazendo ter certeza de que ele realmente havia sido mandado pelo CEO da JYP. - Confesso que você ganhou um pouco da minha admiração com tamanha coragem. - o homem riu a olhando por um momento. - Claro, eu sei que você não fazia e ainda não faz ideia do que ele é capaz, mas foi mesmo muito corajoso da sua parte, para alguém do seu tamanho você é muito feroz.
- Então... ele mandou você para dar um corretivo em uma garota pequena como eu só por ter tido o ego ferido?
R.R riu e se aproximou novamente da garota.
- É, pois é. - ele disse.
O sangue pulsando sobre o hematoma causado na cabeça da garota doía bastante, e a fez lembrar de quando ela caiu no parquinho quando criança e machucou a cabeça num brinquedo, acabou tendo que ir para o hospital e levou oito ponto em um corte.
- Ele poderia ter dado em um fim em você sem aviso prévio, sabia? Mas ele me mandou aqui para você saber que para tudo há uma consequência . - o homem com a arma suspirou. - Eu queria muito acabar com isso de forma rápida, mas ele me pediu para fazer você sofrer. - ele pausou. - Arh, que droga, garota, deveria ter assinado aquele maldito contrato.
Yang ouviu o toque do seu celular recebendo uma chamada, mas ele estava longe de mais.
Ainda sentada no chão, ela olhou a arma na mão do homem e o nervoso a fez começar a rir descontroladamente.
R.A.B a olhou confuso.
- Qual é a graça?
- Eu imaginei você colocando uma bala na minha testa. - Yang disse entre o riso. - Estaria me fazendo um favor sem nem mesmo saber.
R.A.B também riu.
- Bom, isso vai acontecer quer queira ou não. - ele enfiou a arma entre a calça e o quadril. - Mas antes eu tenho que cumprir as entrelinhas do serviço. Desculpa, garota.
Após finalizar sua fala, Burnout desferiu um chute no meio do estômago de Yang, que gritou e rolou no chão. Ele a pisoteou por um tempo e dpois começou a desferir socos pelo corpo da garota evitando bater em seu rosto; ela foi torturada por aproximadamente quinze minutos, até desfalecer.
R.A.B estava lavando as mãos na pia da cozinha para limpar o sangue seco entre seus dedos e punhos, a água levemente avermelhada descia em espiral pelo ralo. Ele fechou a torneira e pegou uma flanela limpa ali perto, voltou para a sala enxugando as mãos e olhou a garota machucada, desacordada e com inúmeros hematomas no chão da sala.
O homem suspirou e jogou a flanela em uma estante, ele se aproximou da garota.
- É uma pena que eu moça tão jovem e bonita como você acabe dessa forma.
Yang percebeu que não estava incoveniente quando novamente ouviu o toque do seu celular recebendo uma ligação, ela tentou abrir os olhos quando Raymond falou, mas nao conseguiu cerrar as pálpebras. Via a imagem embaçada pelos olhos semi abertos, podia ver seus próprios cílios; ela viu quando ele empunhou novamente a arma.
Em pânico, sem conseguir se mexer da forma que queria, Yang virou de bruços com esforço e começou a se rastejar, cada centímetro que ela conseguia avançar era um gemido de dor que ela dava.
- Ah, é sério? - R.A.B viu a tentativa de fuga da garota, pensou em como era inútil, já que ela não conseguiria evitar o que aconteceria aquela noite.
Com a garota rastejando de costas, Raymond admirou sua silhueta no baby doll amarelo, fixou os olhos nos glúteos e sorriu maliciosamente.
- Para alguém do seu tamanho até que você é bem formosa.
Yang rastejou até os pés de um aparador com gaveta e segurou em um dos pés de MDF do móvel.
Uma ideia grotesca passou pela mente de Burnout e ele novamente guardou a arma, agora entre a calça e a lombar.
- Por que não?! - o homem se perguntou em relação ao pensamento hediondo que havia tido.
Ele andou devagar na direção de Sue-Yang, e ao ouvir seus passos a garota se desesperou ainda mais, ela tentou se apoiar no pé do aparador, mas não tinha força, então esticou o braço tentando agarrar a alça da gaveta; foi quando sentiu R.A.B puxa-la por trás.
Tirando forças do desespero, Yang conseguiu se esticar o suficiente para agarrar a alça da gaveta que foi ao chão quando Burnout a de puxou, ela agarrou um objeto dentre os que caiu e quando se virou o enfiou na coxa esquerda do homem, que gritou.
- AAAARH! Sua vadia. - ele deu um forte tapa no rosto da garota que rodopiou e caiu ali perto.
O que Yang havia usado para ferir R.A.B era uma adaga árabe de lâmina curva e cabo em madeira, a arma branca era uma herança de seu pai, que havia comprado-a em um leilão quando visitou a Arábia pela primeira vez.
A intenção de Suuyang era romper a veia femoral do homem e fazê-lo sangrar até a morte, mas ela errou por pouco. Burnout puxou devagar adaga e largou a lâmina ensanguentada no carpete.
- Sua vagabunda, parece uma fera selvagem. - novamente ele se aproximou de Yang e se ajoelhou com a garota entre suas pernas, ele desferiu um soco que a fez desmaiar. - Eu vou domar você.
O homem puxou o cinto de sua calça e soltou o cumprimento da fivela, abriu o botão da veste e quando puxou o zíper para baixo ouviu alguém bater na porta.
Ele olhou para trás, e olhou Suuyang apreensivo que ela pudesse pedir por socorro, mas a garota estava incoveniente.
As batidas na porta se tornaram frenéticas e repetitivas, o homem ajeitou a roupa e levantou, ele empunhou a arma e deu passos lentos em direção a porta, mas antes que pudesse chegar a fechadura e espiar pela câmera da campainha, ele ouviu a senha ser digitada e correu para se esconder.
A porta foi aberta e duas pessoas entraram por ela.
- Ela não pode me ignorar como se eu não fosse nada. - Han disse. -Eu preciso saber da relação deles.
- Não é certo fazer isso, ela pode não estar em casa. - Bangchan exitou acanhado antes de seguir Han. - A gente pode ser preso por invasão.
- Eu sei a senha da porta por que ela mesma me deu. - disse Han parando e olhando o amigo.
- Cara, é melhor a gente... - Bangchan parou de falar quando, por cima dos ombros de Han, ele viu uma silhueta caída no chão da sala.
Han analisou a expressão estranha do líder de seu grupo e olhou na mesma direção que ele.
O corpo do rapaz estremeceu, seu coração acelerou e ele desejou que estivesse tendo uma alucinação, ele correu até a garota desacordada e quando a tocou ele teve certeza de que era realidade.
- Y-Yang? - Han pressionou dois dedos na jugular da garota tentando identificar seus batimentos mas não conseguiu, não sabia se seu pulso estava fraco de mais ou ausente...
Bangchan se ajoelhou ao lado da garota cheia de arranhões e manchas roxas pelo corpo e inclinou o rosto na direção do dela, ele tentou sentir sua respiração.
- Ela está respirando. - disse Chan.
- Quem será que fez isso? - Han choramingou.
Bangchan pegou o celular no bolso e discou o número da emergência.
- Eu vou pedir ajuda. - ele encostou o celular no ouvido.
Han estava dilacerado por dentro olhando sua amada naquele estado, o corpo da garota estava cheio de hematomas, o lábio participo, um corte em sua cabeça com sangue seco escorrido pelo rosto.
Ele não imagina quem seria capaz de ter feito aquilo.
- Será que ela vai... - Han parou quando olhou Bangchan imóvel olhando por cima de seus ombros, ele olhou na direção e sentiu um choque.
911, qual a emergência? - uma voz feminina ecoou abafada do celular de Chan.
- Desliga!
O homem parado atrás de Han havia uma arma em punho na direção da cabeça do rapaz.
Bangchan afastou lentamente o celular do rosto, apertou o botão vermelho e colocou o mesmo no chão.
R.A.B fez sinal balançando a arma para que os dois se afastassem da garota, e assim os idols fizeram.
Han e Bangchan recuaram para um canto da parede da sala, ambos com as mãos para cima mostrando rendimento, o homem armado se aproxima do smartphone que o Bangchan largou no chão e pisou com força na tela o destruindo por inteiro.
- O-o que você quer? - Han perguntou nervoso.
Aquele homem não parecia um completo estranho para Chan, ele não o conhecia de fato, mas já o havia visto em algum lugar.
- Que diabos vocês estão fazendo aqui? - R.A.B resmungou.
- A gente só veio ver a garota. - Bangchan disse.
- Você fez isso com ela? - Han questionou olhando a garota desacordada.
R.A.B olhou a garota e sorriu maliciosamente.
- Vocês chegaram no meio da minha diversão. - ele voltou olhar para os garotos, encarou Han e balançou a cabeça. - Você é um cara de sorte, como conseguiu domar essa fera?
Han rosnou enojado daquele homem. - Se você quer levar alguma coisa só pegue e vá embora.
- Não vamos chamar a polícia, só queremos ajudar a garota. - disse Bangchan.
R.A.B riu. - Você acha que eu sou algum idiota, garoto? Acha que não sei quem são vocês?
- Ela precisa de cuidados. - Bangchan insistiu.
- Por favor. - Han implorou. - Se for dinheiro que você quer, podemos te dar.
- Dinheiro? - o homem riu novamente. - Não preciso do seu dinheiro, garoto.
Burnout percebeu Chan olhar em direção a porta que estava aberta desde que havia chegado, ele sentiu que o rapaz planejava uma fuga, então começou a dar passos devagar para trás, indo de encontro a porta, enquanto mantinha a arma em punho na direção dos garotos.
Bangchan observação cada movimento do homem com atenção, e quando ele ficou de lado para fechar a porta por um rápido momento, ele sussurrou para o garoto do seu lado:
- Pega a Yang e sai daqui.
- Quê? - Han não entendeu perfeitamente.
R.A.B voltou para o meio da sala. - Vocês chegaram em uma péssima hora. - ele pausou. - Se tivessem esperado mais dez minutos não precisariam presenciar o que irão agora.
O coração de Han disparou, mais do que nunca na vida, Chan estremeceu, sua garganta seca e a respiração ofegante o fez pensar por um momento que iria desmaiar, mas ele precisava agir.
Pelo que o homem acabara de dizer, e por Yang estar naquele estado, tudo indicava que ele atiraria nela e em seguida atiraria nos dois garotos, então algo precisava ser feito para que, pelo menos, duas pessoas conseguissem escapar, e Chan faria de tudo para que fosse Han e Sue-Yang, ainda que isso custasse sua vida.
- Pode responder só uma coisa. - pediu Chan.
O homem armado exitou, mas assentiu dando permissão para que o rapaz perguntasse.
- Por que fez isso com ela?
Raymond olhou mais uma vez a garota desacordada e voltou a atenção para os garotos.
- Ela foi teimosa, rasgou a única chance que tinha de ficar viva. - pausou. - Um corcel que não pode ser domado tem que ser sacrificado.
O homem virou a arma na direção de Yang e liberou a trava.
- Não, por favor. - Han pediu e entrou em desespero. - Por favor, por favor, não faz isso.
- É melhor fecharem os olhos. - disse R.R e olhou na direção da garota com o dedo no gatilho.
Quando o homem desviou o olhou para a garota, no primeiro milésimo do segundo Bangchan viu a oportunidade de agir e impedir que o pior acontecesse com a garota.
Ele correu, agarrou o homem pelo meio e caíram em luta corporal, a arma disparou quando o homem caiu com o dedo no gatilho e a bala acertou um abajur que estourou: o disparo foi abafado pelo silenciador.
- Tira ela daqui, vai! - Chan gritou para Han enquanto lutava com Burnout, tentando impedi-lo de alcançar a arma que caiu a alguns metros distante deles.
Em desespero Han correu até Yang e carregou seu corpo desfalecido, ele correu em direção a porta passando pelos homens em luta e teve dificuldade em abrir a saída, quando conseguiu ele correu para o elevador e apertou freneticamente o botão do subsolo - onde o carro de Chan estava estacionado.
Bangchan desferiu um soco no rosto do homem e conseguiu imobiliza-lo com um mata leão.
- Quem mandou você aqui?
- Você está querendo morrer também? - o homem pronunciou com um pouco de dificuldade devido ao antebraço de Bangchan estar pressionando sua garganta enquanto ele tentava se soltar.
- Fala quem mandou você vir atrás dela! - Chan exigiu mais uma vez.
Burnout conseguiu puxar o braço o ídol o suficiente para deslizar o rosto para baixo e morde-lo.
Bangchan gritou com a forte mordida e perdeu o domínio na imobilização, o homem negro desferiu um golpe de cotovelo na costela do rapaz, que urrou e o soltou para segurou o local onde havia sido golpeado; R.A.B se levantou rápido e o chutou no rosto. Em seguida correu para pegar sua arma e a empunhou apontada para Bangchan.
Ofegante, o homem novamente armado disse:
- Nada mal. - ele pausou tentando recuperar o fôlego que perdeu enquanto era imobilizado, ele sorriu com os dentes cheios de sangue de quando Bangchan havia o esmurrado. - Mas quem tem a vantagem aqui sou eu.
Chan se ajoelhou de frente para o homem e esfregou a mão na lateral do corpo onde havia sido golpeado, ele estava aliviado por Han ter conseguido escapar dali levando Yang, mas também estava com medo do que iria acontecer consigo mesmo.
- Já que você vai me matar, me diga porque está fazendo isso. - Chan o olhou.
- Matar você? - R.A.B riu. - Por mais que eu quisesse, não sou tão idiota assim.
Com aquela resposta Bangchan teve certeza de onde havia o visto, e confirmou suas suspeitas, ele desviou o olhar para o chão, viu a adaga suja de sangue jogada ali, então olhou para o homem e viu o ferimento em sua perna.
Bangchan começou a rir, e logo estava gargalhando, ele balançou a cabeça olhando o homem.
- Seu nome é Reymond, não é?
Surpreso o homem balançou a cabeça.
- Por que quer saber?
Pela pergunta do sujeito Chan teve ainda mais certeza e riu mais uma vez.
- Você não vai atirar em mim. - disse com certeza.
- Não vou? - pausou . -Tenta só mais uma gracinha para ver se eu não meto uma bata no meio da sua testa e depois eu vou atrás do seu amigo e daquela vadia e acabo com os dois da mesma forma.
Bangchan riu, suspirou e encarou o homem, ele percebeu que a arma estava travada, não viu em que momento o homem ativou a trava, mas viu que estava mesmo travada. Provavelmente ele quis garantir que a arma não iria disparar e machucar gravemente o ídol.
- Foi ela que fez isso com você?
R.A.B não entendeu aquela pergunta e balançou a cabeça franzindo as sobrancelhas.
- A sua perna. - disse Bangchan, rezando para que sua estratégia funcionasse. - Está sangrando.
Raymond exitou, mas olhou para baixo, para o local onde Yang o havia esfaqueado, foi o tempo suficiente para Chan agir mais uma vez.
O ídol se levantou em um pulo e desferiu um soco na mão de Ray que soltou a arma, em seguida Bangchan socou o ferimento em sua coxa, o homem gritou e caiu de joelho, o jovem desferiu dois socos seguidos no rosto do sujeito, e quando ele cambaleou de joelho, o ídol o chutou no meio da caixa torácica.
O homem grande de alfaiataria veio ao chão desacordado.
Chan pegou a arma e desconectou o pente, jogou cada parte em um canto e caiu sentado ofegante, ele precisava de um momento para se recompor.
Ele olhou o homem desacordado e uma raiva cresceu dentro de si, tudo que ele queria agora era se vingar de toda aquela situação.

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