9. Colapso.

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Quando Yang se olhou no espelho não se reconheceu atrás daquelas roupas largas masculinas e do boné. Mas aquela era sua intenção, ficar irreconhecível para sair na rua até que seu nome deixasse de ser um dos mais comentados no twitter. Já haviam se passado alguns dias desde que ela chegou na Coreia e foi atacada na rua, desde então não saiu de casa para nada, estava vivendo a base de delivery de frango frito com shoyu caramelizado.
No momento ela estava andando na rua de cabeça baixa, evitando contato visual com qualquer pessoa, ela sabia o básico em defesa pessoal, mas não queria correr o risco de ser reconhecida, ser atacada novamente e acabar machucando alguém ao se defender.
Yang deu duas batidas na porta de uma casa antiga, porem conservada e até mesmo bonita.
Uma mulher abriu a porta, e seu rosto angelical aqueceu o coração da garota. Ela fez uma cara de "ah, é você" e deu passagem para Yang, que entrou e se sentou a uma das poltronas bege tirando a máscara e o boné.
- Então você resolveu sair de casa. - disse Nanda sentando em um sofá de frente Yang.
- O isolamento estava me enlouquecendo. - ela disse.
- E como você está se sentindo? - Nanda cruzou as pernas elegantemente.
- Furiosa com toda essa exposição, com medo de ser atacada outra vez. - disse.
Nanda murmurou. - É mesmo?
Aquela pergunta soou de forma irônica, e Sue sabia que era.
- Você acha que eu estou amando que estão falando sobre mim nos fandon e sites de fofoca? - rosnou e se levantou indo para o outro sofá livre, ela se deitei sobre o mesmo. - É tanta especulação ridícula.
- Eu não disse que você estava adorando tudo isso. - Nanda a olhava serenamente. - Você sabe artes marciais, então não acredito que esteja com medo de ser atacada. Acho que está com medo de outra coisa.
- Qual motivo me daria ter medo então, se não fosse esse?
- Acho que está com medo de quê acabem cavando fundo de mais e acabem descobrindo o que você mais teme. - disse a mulher.
Yang bufou e se sentei. - Eu não tenho medo de descobrirem o que você se refere, embora não seja da conta de ninguém, eu só não saio espalhando por ai.
- São quase dois anos sua relação com Han Jisung e você nunca falou nada sobre isso a ele. - Nanda descansou a mão sobre o braço do sofá. - Você mesma falou que não tem atendido as ligações dele, principalmente as do Jungkook.
- O Han não precisa saber por que nós nunca tivemos nada sério, e se eu falar com ele agora, isso pode perturbar a mente dele. - falou. - Quanto ao Jungkook, eu não quero que ele ou os outros façam parte da minha vida, eu amava ser fã. Ir a shows, ver eles de longe, mas a proporção que isso tomou depois da casa army, está impossível de suportar.
- Respondeu ao email da JYP? - perguntou a mulher.
- Não, e nem acho que devo. - suspirou  - essa coincidência está estranha de mais.
- Então você vai abrir mão de um trabalho bastante lucrativo por estar com medo de encontrar o seu quase namorado por acaso, entendi!
- Arg, eu não vim até aqui para te ouvir ser irônica comigo, vim pela mediação. - eu disse e me levantei.
- Você não ...
Nanda foi interrompida pelo toque do celular da garota, o qual ela tirou do bolso e viu que recebia uma ligação de um nunca desconhecido, fez sinal para a mulher e atendeu.
- Alô? - ouviu a pessoa do outro lado se apresentar e dizer algo a mais. - Como conseguiu meu número?
A pessoa do outro lado disse algumas coisas e desligou, Yang afastou o celular do rosto e encarou o smartphone.
- Só pode ser brincadeira. - Yang pensou em voz alta, e mexeu na tela enviando uma mensagem para aquele mesmo número do qual acabara de receber a ligação.
Um sorrisinho surgiu no rosto de Nanda e ela se levantou.
- Se você comparecer a reunião marcada pela Jyp e ouvir a proposta que eles tem a fazer, eu te dou os remédios.
- O nome disso é chantagem, sabia?
Nanda riu. - Sabe que vai ser difícil conseguir de outra forma.
- Eu vou ...
Yang foi interrompida com buzinadas repetitivas na frente da casa de Nanda.
- Mas o que é isso?
- É para mim. - disse Yang colocando seu boné e segurando a máscara. - Eu já vou, mas eu volto para pegar os remédios.
- Só depois da reunião. - Nanda falou antes que Yang saísse.
Na frente da casa da mulher havia um carro preto com janelas escuras e com o motor ligado, Yang foi até ele, abriu a porta do passageiro e entrou, carro seguiu pela rua.
- Como chegou tão rápido?
- Eu estava por perto. - disse a pessoa ao volante. - Conecta seu celular ao carro e coloca o endereço da sua casa no GPS que eu vou te levar enquanto conversamos.
Yang obedeceu, e quando terminou ela questionou.
- Como conseguiu meu número? - a garota tentou não gaguejar e conter a emoção de estar tão perto dele.
Hyunjin dirigia devagar para que desse tempo ter a conversa que pretendia até chegar no destino.
- Eu vou ser direto com você, também não vou ter tanta cautela com as palavras. - disse o rapaz. - Seu relacionamento com o Han sempre foi um erro, ele ficou mais aéreo, perdido desde que começou a sair com você.
- Como é? - Yang pensou ter ouvido errado.
Hyunjin olhou algumas vezes para a garota do seu lado, mas dedicava sua atenção a maior parte no tráfego.
- Como acha que ele está depois de ter assistido aquele programa idiota e de ver as coisas que estão falando na internet? Acha que ignora-lo não vai fazer a mente dele entrar em colapso imaginando coisas?
Suuyang riu de nervoso.
- Com que direito você acha que pode vir até mim para dizer essas coisas? Han e eu somos duas pessoas adultas, podemos resolver nossas diferenças sem a ajuda de ninguém.
- Acha que está agindo com um adulto torturando ele psicologicamente? - Hyunjin girou um pouco o volante para a direita trocando de faixa. - Se pretende trocá-lo pelo jungkook seja direta, deixe-o saber por você e não por haters.
Yang balançou a nervosa mais uma vez. - Quem você pensa que é para me dizer essas coisas? - ela tirou o cinto de segurança e desconectou seu celular do cabo no carro. - Para o carro que eu vou descer aqui.
- Eu disse que te levaria para casa.
- Não vou ficar aqui sendo ofendida gratuitamente por você. - Yang disse com firmeza.
- Coloca o cinto de segurança. - Hyunjin a olhou sério.
A garota bufou e colocou o cinto novamente por saber que Hyunjin não pararia o carro.
- Eu sei que não escolhi a melhor abordagem para falar desse assunto, - disse o rapaz ao volante. - mas Han faz parte da minha família, e ele está sem direção no momento. Você não atende as ligações dele, e a forma que ele está desmotivado está afetando todos nós.
- Han e eu nunca tivemos nada sério, não achei que ignorar as ligações dele para ter um tempo para pensar fosse afeta-lo dessa forma. - Yang disse.
- Pensou errado. - Hyunjin parou o carro na frente do portão de estacionamento de um edifício, o portão se abriu e ele prosseguir com o carro, parou no subsolo em uma vaga qualquer. - Eu acho que o melhor a se fazer no momento, com tudo que está acontecendo, é você colocar um fim nisso, no que vocês dois têm. Não me leve a mal, mas parece que a relação de vocês não é tão importante para você como é para ele, futuramente vocês podem até voltar a ter o que vocês têm agora, porém não há momento.
Yang desferiu um tapa no rosto de Hyunjin, tirou o cinto de segurança e desceu do carro.
Hyunjin passou a mão no rosto onde Yang havia o batido, mas ele se manteve calmo e a acompanhou com os olhos pelo vidro da frente.
A garota seguiu direto para o elevador e subiu para seu apartamento, lá ela descarregou a raiva em sua cama, esmurrando as almofadas fofinhas de enfeite.
- Quem ele pensa que é? - resmungou consigo mesmo.
Naquele momento só o que ela pensou era em fazer algo que causasse raiva do ídol, e ela sabia exatamente o que fazer.
Yang foi até o seu guarda-roupa e escolheu sua melhor roupa social para o que pretendia fazer, se olhou no espelho e encarou o próprio reflexo com um sorriso de malícia.

v1 - Not celebrity • STAY ARMYOnde histórias criam vida. Descubra agora