Iniciaremos este capítulo, trazendo a opinião sempre abalizada do Espírito Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier:
"Se fomos trazidos à Terra para esquecer o nosso passado, valorizar o presente e preparar em nosso benefício o futuro melhor, porque provocar a regressão da memória do que fomos ou fizemos, simplesmente por questões de curiosidade vazia, ou buscar aqueles que foram nossos companheiros, a fim de regressar aos desequilíbrios que hoje resgatamos?
A nossa própria existência atual nos apresentará as tarefas e provas que, em si, são a recapitulação de nosso passado em nossas diversas vidas, ou mesmo, somente de nossa passagem última na Terra fixada no mundo físico, curso de regeneração em que estamos integrados nas chamadas provações de cada dia.
Porque efetuar a regressão da memória, unicamente para chorar a lembrança dos pretéritos episódios infelizes, ou exibirmos grandeza ilusória em situações que, por simples desejo de leviana retomada de acontecimentos, fomos protagonistas, se já sabemos, especialmente com Allan Kardec, que estamos eliminando gradativamente as nossas imperfeições naturais ou apagando o brilho falso de tantos descaminhos que apenas nos induzirão a erros que não mais desejamos repetir?
Sejamos sinceros e lancemos um olhar para nossas tendências."
Em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, codificado por Allan Kardec, na pergunta 392: "Por que perde o Espírito encarnado a lembrança do seu passado?". A resposta obtida dos Espíritos foi a seguinte: "Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em Sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido de seu passado, ele é mais senhor de si."
Para aqueles que não creem na reencarnação, e até mesmo que se declaram como seus opositores, um dos principais argumentos de que eles se utilizam para refutar a ideia, é a de que não nos lembramos do que fizemos nas existências passadas.
Analisemos aqui essa questão. De acordo com o que nos ensina a espiritualidade maior, Deus, na sua infinita sabedoria, estabeleceu que a cada nova existência, traríamos na nossa "bagagem" mental apenas o necessário para a nova jornada. Tudo o que faz parte do passado fica arquivado, nos arquivos do perispírito, para futuros empreendimentos. Isso faz com que, durante a nova existência, o Espírito reencarnado, agora com uma nova personalidade, possa se desincumbir melhor da tarefa, principalmente no que se refere a sua convivência com outros irmãos que também se comprometeram com ele no passado remoto.
Imagine o leitor, se pudéssemos recordar de tudo o que já fizemos ou passamos ao lado de determinados amigos ou parentes, e me refiro aqui às ações maléficas, tanto de nossa parte em relação a eles como também o inverso. Seria muito difícil, até mesmo impraticável a nossa nova relação com essas pessoas, ao sabermos que elas já foram nossas vítimas, ou que nós já fomos vítimas delas, ou ambos os casos. Por isso é que Deus nos oferta o "esquecimento", temporário, vale à pena ressaltar, para que possamos assim construir uma relação saudável para com aqueles que conosco compartilham a existência. Vale lembrar que, as experiências do passado estarão sempre arquivadas e que, no momento oportuno, serão acessadas pelo Espírito.
Contudo, em determinados casos, algumas dessas experiências podem vir à tona, na mente do indivíduo, por razões educativas. Explico. Dependendo do caso, os Espíritos superiores, principalmente os que são responsáveis pelo irmão encarnado, podem fazer com que este se recoerde de determinada situação pretérita, com a finalidade de auxiliá-lo na existência atual. Porém, isso somente ocorrerá com a permissão Divina, e sempre com uma finalidade nobre. Nunca pelo fato de satisfazer a curiosidade do encarnado.
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Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume IV
No FicciónTodos os dias, nas Casas Espíritas, aporta uma quantidade regular de irmãos, interessados no conhecimento do Espiritismo. Curiosos uns, desesperados outros, enfermos aqueloutros, porém, todos eles, de uma forma geral, são carentes e necessitados da...